Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
<strong>de</strong> re<strong>de</strong>s para sobreviver. Sobre elas, cada vez mais se expan<strong>de</strong> o domínio<br />
<strong>de</strong> religiões. As concessões públicas têm sido moedas <strong>de</strong> barganha <strong>de</strong><br />
governos para conseguir aliados ou a<strong>de</strong>sões, ou feitas sob pressões do<br />
po<strong>de</strong>r econômico e político <strong>de</strong> setores da burguesia. No interior dos estados<br />
do Norte e Nor<strong>de</strong>ste, a gran<strong>de</strong> maioria das <strong>em</strong>issoras pertence a<br />
latifundiários ou seus testas <strong>de</strong> ferro. Quando não, seus proprietários têm<br />
que se curvar ao po<strong>de</strong>r local para sobreviver.<br />
Para a socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma geral, as rádios não atend<strong>em</strong> aos<br />
requisitos colocados pelos direitos humanos, mesmo as tentativas <strong>de</strong><br />
criação e manutenção <strong>de</strong> rádios comunitárias - estas têm sido perseguidas<br />
sist<strong>em</strong>aticamente, com exceção das “rádios comunitárias” <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> igrejas conservadoras ou <strong>de</strong> políticos <strong>de</strong> direita ou as que mantêm o<br />
nome <strong>de</strong> “comunitária”, mas são pequenas <strong>em</strong>presas comerciais.<br />
O acesso à técnica do rádio, já bastante conhecida no meio popular,<br />
continua negado ao povo. As conquistas legais, que a pressão dos<br />
movimentos sociais conseguiu realizar, são inviabilizadas no momento da<br />
execução. As rádios verda<strong>de</strong>iramente comunitárias, que insist<strong>em</strong> <strong>em</strong> se<br />
manter <strong>em</strong> funcionamento, continuam sendo fechadas, com raras exceções.<br />
Para esse impedimento, alegam-se razões técnicas. Na realida<strong>de</strong>, são<br />
principalmente motivos políticos e econômicos. Elas representam um<br />
potencial para a organização popular e os movimentos sociais. On<strong>de</strong><br />
consegu<strong>em</strong> se manter por algum t<strong>em</strong>po, tornam-se um canal <strong>de</strong> discussão<br />
<strong>de</strong> idéias, <strong>de</strong> orientação, organização, mobilizações. Por meio <strong>de</strong>las, lí<strong>de</strong>res<br />
comunitários passam a ocupar espaços na política local. Do ponto <strong>de</strong> vista<br />
da economia, o fato <strong>de</strong> conquistar<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s audiências locais reduz o<br />
público dos veículos comerciais, <strong>de</strong>svalorizando seus espaços publicitários.<br />
A proliferação <strong>de</strong> rádios verda<strong>de</strong>iramente comunitárias provavelmente<br />
inviabilizaria muitas rádios comerciais.<br />
Assim, no Brasil, o acesso direto da população às rádios comunitárias<br />
continua na pauta <strong>de</strong> luta dos movimentos sociais, apesar <strong>de</strong> já estarmos<br />
no início da era da cibernética, ou dos sist<strong>em</strong>as, caracterizada pelo<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das telecomunicações, satélites geo-estacionários e<br />
informática, que interligam o globo instantaneamente.<br />
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