Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
código autoritário nas relações sociais e pessoais - ao contrário <strong>de</strong> países<br />
como a França, no qual o reconhecimento da igualda<strong>de</strong> jurídica foi uma<br />
conquista histórica - os programas <strong>de</strong> rádio e <strong>de</strong> televisão, por ex<strong>em</strong>plo, ao<br />
privilegiar o estilo <strong>de</strong> vida “dos iguais”, aumentam ainda mais a separação<br />
hierárquica, porque criam a ilusão ou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que todos possam<br />
participam <strong>de</strong>sse mundo.<br />
Outra questão que merece ser abordada se refere às limitações das<br />
análises sobre o “colonialismo cultural” que prevaleceram nas décadas <strong>de</strong><br />
60 e 70. Quando cultura popular e cultura nacional passaram a ser<br />
i<strong>de</strong>ntificadas por meio do <strong>de</strong>nominador comum do mercado, não houve<br />
como se contrapor ao “livre fluxo <strong>de</strong> informação”, mantendo o referencial<br />
nacional, s<strong>em</strong>, ao mesmo t<strong>em</strong>po, resvalar-se para a <strong>de</strong>fesa do mercado<br />
interno <strong>de</strong> bens culturais. Dessa forma, para que as diferenças entre<br />
produto estrangeiro e nacional não foss<strong>em</strong> diluídas, seria necessário que na<br />
consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>ste último a lógica mercantil não tivesse sido o referencial<br />
<strong>de</strong>terminante.<br />
Certamente não foi essa a postura que acompanhou o crescimento<br />
dos diversos setores da indústria cultural brasileira, especialmente a<br />
televisão, que passou a investir seriamente na produção “nacional”. O<br />
gran<strong>de</strong> êxito da Re<strong>de</strong> Globo, <strong>de</strong> fato, se consubstanciou <strong>em</strong> uma<br />
programação elaborada nos gran<strong>de</strong>s centros do País, mas logo repassada<br />
para as inúmeras retransmissoras espalhadas por todo território nacional.<br />
A ênfase na cultura popular (<strong>de</strong> massa), ao ser imediatamente reconhecida<br />
como cultura nacional, servia não apenas para manter a noção <strong>de</strong><br />
comunida<strong>de</strong> indivisa - a Nação - mas também para localizar a divisão fora<br />
do território nacional. Não é <strong>de</strong> se surpreen<strong>de</strong>r, portanto, que a i<strong>de</strong>ologia<br />
nacionalista transportada para a cultura tenha <strong>em</strong>basado o crescimento da<br />
indústria cultural no Brasil, a <strong>de</strong>speito da economia estar se<br />
internacionalizando, e que <strong>em</strong>presas brasileiras se aventurass<strong>em</strong> a explorar<br />
mercados culturais <strong>de</strong> países centrais, como foi o caso da Globo, que<br />
chegou a adquirir a Tel<strong>em</strong>ontecarlo, <strong>em</strong> 1985, e a exportar novelas para<br />
televisão.<br />
42