Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
por parte dos setores populares, como também abriam possibilida<strong>de</strong>s para<br />
a politização <strong>de</strong> “novos” t<strong>em</strong>as e “novos” sujeitos sociais que antes não<br />
cabiam <strong>em</strong> uma visão “estreita” da luta <strong>de</strong> classes.<br />
No que diz respeito à <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong>sses “novos” sujeitos sociais, as<br />
críticas se dirigiam ao chamado <strong>de</strong>terminismo economicista, que reduzia<br />
todo conflito social a tão-somente uma expressão das posições dos sujeitos<br />
nas relações <strong>de</strong> produção, e, conseqüent<strong>em</strong>ente, à estratégia política <strong>de</strong><br />
mudança social que nele tivera lugar: a concepção <strong>de</strong> que a ação coletiva se<br />
dava <strong>em</strong> função <strong>de</strong> uma consciência homogênea <strong>de</strong>terminada pela posição<br />
dos atores sociais na estrutura econômica, a perspectiva diacrônicoevolucionária<br />
do processo no qual a História não tinha propriamente lugar,<br />
porque baseada <strong>em</strong> certezas pre<strong>de</strong>terminadas (a <strong>de</strong>struição do capitalismo<br />
pelo proletariado), a representação da classe dominada através do partido<br />
único e, por fim, <strong>em</strong> síntese, a visão <strong>de</strong> que a <strong>em</strong>ancipação política passava<br />
necessariamente pela tomada do Estado. (LARANJEIRA, 1990, p. 19-29).<br />
As “novas” lutas, fundadas nas d<strong>em</strong>andas da socieda<strong>de</strong> civil e na<br />
ampliação da esfera política, foram abraçadas com gran<strong>de</strong> entusiasmo.<br />
Tratava-se, afinal, da reelaboração prática e teórica do exercício do po<strong>de</strong>r,<br />
não apenas i<strong>de</strong>ntificado com o do Estado, <strong>em</strong> direção a uma dimensão<br />
antiautoritária e libertária. Por isso, participação e busca <strong>de</strong> autonomia<br />
eram as palavras mais pronunciadas.<br />
Como a resistência não se efetuava apenas contra um po<strong>de</strong>r<br />
estreitamente localizado, mas <strong>em</strong> direção às formas <strong>de</strong> controle social<br />
assentadas na racionalida<strong>de</strong> organizacional e administrativa do capitalismo<br />
mo<strong>de</strong>rno, tratava-se <strong>de</strong> construir espaços <strong>de</strong> autonomia. Daí que tal<br />
mudança <strong>de</strong> perspectiva ensejou novas formas <strong>de</strong> organização da<br />
resistência, que, ao contrário <strong>de</strong> beneficiar a centralização e a <strong>de</strong>legação da<br />
autorida<strong>de</strong> aos dirigentes, estimulará a participação d<strong>em</strong>ocrática interna,<br />
valorizando o indivíduo e seu potencial como agente da História. Por outro<br />
lado, a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos agentes coletivos <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> privilegiar<br />
as posições na estrutura econômica para suscitar questões relacionadas<br />
com as dimensões culturais e simbólicas, entre elas, a subjetivida<strong>de</strong> e a<br />
vida cotidiana.<br />
Se nos países centrais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década anterior, os chamados “novos<br />
movimentos sociais” contrapunham-se à “antiga” luta da classe<br />
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