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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

Assim, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente das leis, dos acordos sociais construídos<br />

<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po, revisitamos e reconstruímos seqüências t<strong>em</strong>porais, or<strong>de</strong>ns<br />

sobre acontecimentos, l<strong>em</strong>branças e esquecimentos. Sobre uma lei <strong>de</strong><br />

anistia que, ao mesmo t<strong>em</strong>po, reconstrói um lugar para os presos políticos<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> e torna impunes os sujeitos, ainda s<strong>em</strong> nomes, do<br />

regime militar, existe uma expectativa renovada – marca também do<br />

esforço pela construção <strong>de</strong> uma d<strong>em</strong>ocracia, ainda que insatisfatória –<br />

sobre o t<strong>em</strong>po presente, o vivido e o <strong>em</strong> projeto (figura 2).<br />

Em 1995, o Jornal do Commercio recuperou a passag<strong>em</strong> do atentado a<br />

bomba no aeroporto <strong>de</strong> 29 anos antes. Essa iniciativa chama nossa atenção<br />

<strong>em</strong> duas perspectivas: <strong>em</strong> um primeiro momento, reconstrói, <strong>em</strong> uma<br />

seqüência diferente, um mo<strong>de</strong>lo t<strong>em</strong>poral – da história recente do Brasil –<br />

violentamente esquecido; <strong>de</strong>pois, ainda que para lançar uma nova versão<br />

para os fatos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> duas décadas antes, vincula ao atentado,<br />

novamente, mesmo eximindo-os <strong>de</strong> culpa, os nomes <strong>de</strong> Edinaldo Miranda e<br />

Ricardo Zarattini.<br />

Aqueles dias da série <strong>de</strong> reportagens do Jornal do Commercio<br />

marcavam o primeiro ano do governo do sociólogo-presi<strong>de</strong>nte Fernando<br />

Henrique Cardoso. O regime d<strong>em</strong>ocrático parecia substituir <strong>de</strong>finitivamente<br />

a <strong>de</strong>sagradável experiência da ditadura militar das duas décadas anteriores.<br />

Ainda que repleto <strong>de</strong>ssas seqüelas – oligarquias que se mantiveram vivas<br />

pelo País inteiro – o novo regime servia para que os brasileiros pensass<strong>em</strong><br />

sobre sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção da instituição Brasil.<br />

Os pouco mais <strong>de</strong> vinte anos <strong>de</strong> governos militares no País se<br />

efetivam, por um lado, como um t<strong>em</strong>po violento d<strong>em</strong>ais para ser<br />

reconstruído ou, por outro lado, <strong>em</strong> mote, t<strong>em</strong>a central para os estudos,<br />

documentários, séries jornalísticas, programas televisivos que recuperariam<br />

passagens da ditadura, das mais variadas maneiras, para dizer coisas novas<br />

sobre um t<strong>em</strong>po reconhecido enquanto já muito velho.<br />

Se uma pesquisa tradicional <strong>em</strong> ciências sociais exige o afastamento<br />

t<strong>em</strong>poral medido pela seqüência <strong>de</strong> anos, décadas entre o sujeito<br />

investigador e o objeto, o regime militar foi, então, precoc<strong>em</strong>ente<br />

envelhecido para que servisse aos mais diversos estudos <strong>em</strong> História,<br />

Sociologia, Antropologia e Comunicação Social, por ex<strong>em</strong>plo.<br />

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