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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

<strong>de</strong>putado Sérgio Naya, dono da construtora do imóvel, foi responsabilizado.<br />

A acusação a Naya teve como base um termo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> técnica<br />

na construção do edifício, apontando irregularida<strong>de</strong>s. O mais<br />

impressionante foram as <strong>de</strong>clarações do acusado, veiculadas na imprensa,<br />

<strong>em</strong> que ele revelava ter usado material <strong>de</strong> baixo padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

Essa falsa “dialética” da crença e risco é a conseqüência imediata da<br />

ausência da calculabilida<strong>de</strong> racional. Primeiro porque nada levaria o<br />

construtor a acreditar que não haveria probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> trabalhar com<br />

material ina<strong>de</strong>quado, senão a crença <strong>de</strong> que o risco não seria fatal, a menos<br />

que o fosse, no sentido <strong>de</strong> inevitável, e isso aconteceria mesmo usando<br />

material a<strong>de</strong>quado. Segundo porque, mesmo s<strong>em</strong> a liberação do “habitese”,<br />

registro que permite a ocupação <strong>de</strong>finitiva dos apartamentos, e tendo<br />

sido o edifício interditado dois anos antes, famílias lá moravam<br />

efetivamente. Os significados do fatalismo na cultura brasileira parec<strong>em</strong>,<br />

então, generalizados nas relações do cotidiano.<br />

Essas são as principais características da aventura, um mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al,<br />

mas que se materializa <strong>em</strong> proporções fundamentais e que repousa na<br />

crença e no risco, <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento do cálculo formal e da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

autocertificação, que correspon<strong>de</strong> à consciência <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

(HABERMAS, 2000), que pressupõe uma cultura profana ocorrida<br />

inicialmente na Europa, <strong>em</strong> oposição à fisionomia religiosa que está na base<br />

do espírito fatalista <strong>de</strong> nossas raízes tradicionais. A violência é a figuração<br />

das lacunas <strong>de</strong> valores que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à inconsciência do processo total do<br />

finis operantis e do esquecimento da valorização da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do fazer<br />

tanto quanto do objeto <strong>de</strong> seu resultado.<br />

3. O caso Folha <strong>de</strong> Pernambuco<br />

A ostentação do suplício simbólico nas páginas policiais dos jornais <strong>de</strong><br />

cada cida<strong>de</strong> brasileira nos mostra, <strong>em</strong> estampa clara e a preço mínimo, o<br />

retrato da mais competente - no sentido pragmático e ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

imoral, no sentido do <strong>de</strong>senvolvimento social - da realização da justiça. O<br />

noticiário televisivo é, s<strong>em</strong> dúvida, o <strong>de</strong> maior alcance na satisfação estética<br />

do prazer da imag<strong>em</strong>. Certamente, ainda, a imediação com a qual se dá o<br />

veículo audiovisual faz trazer com mais clareza e crueza a i<strong>de</strong>ntificação com<br />

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