Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
integração <strong>de</strong> culturas, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e saberes. Ou seja, o próprio processo<br />
<strong>de</strong> globalização favorece o surgimento <strong>de</strong> fissuras: à medida que tenta<br />
homogeneizar há uma reação para d<strong>em</strong>arcar as heterogeneida<strong>de</strong>s. Ou seja,<br />
a própria globalização cria as bases para a <strong>em</strong>ergência das fissuras. Afinal,<br />
a percepção da diferença só <strong>em</strong>erge quando se tenta unificar. Para a ação<br />
globalizadora há uma reação dos subalternos.<br />
A fissura narrativa, <strong>em</strong> um sentido mais geral, t<strong>em</strong> produzido,<br />
segundo uma lógica <strong>de</strong> negativida<strong>de</strong>, uma reivindicação da diferença<br />
e uma rejeição da uniformida<strong>de</strong>, cuja sincronia com a integração<br />
global pós-mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>veria nos fazer ver como elas são na verda<strong>de</strong><br />
apenas uma contraparte da última, no nível local.(MOREIRAS, 2001,<br />
p. 82)<br />
Como se sabe, o direito humano à comunicação ainda é um direito<br />
<strong>em</strong> busca (e luta) pela efetivação, por setores organizados da socieda<strong>de</strong>. No<br />
Brasil, ações não-governamentais recorr<strong>em</strong> a dispositivos que visam a<br />
sensibilizar e capacitar atores sociais para ser<strong>em</strong> gestores da promoção,<br />
proteção e reparação <strong>de</strong>sse direito, com a criação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong><br />
controle social da mídia e da d<strong>em</strong>ocratização dos meios <strong>de</strong> comunicação, o<br />
incentivo ao surgimento <strong>de</strong> canais alternativos <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> informações, a<br />
valorização das rádios comunitárias, entre outros. O trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />
pela ONG Sinos no projeto <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Agentes <strong>de</strong> Comunicação da<br />
Socieda<strong>de</strong> Civil é entendido como uma <strong>de</strong>ssas fissuras narrativas.<br />
As fissuras narrativas são assim um el<strong>em</strong>ento constituinte dos novos<br />
regimes <strong>de</strong> governo – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o pós-mo<strong>de</strong>rnismo até o<br />
fundamentalismo <strong>em</strong> suas várias formas. O anúncio <strong>de</strong> uma<br />
heterogeneida<strong>de</strong> histórica ou totalida<strong>de</strong> latino-americana é assim<br />
apenas o reconhecimento <strong>de</strong> tais fissuras narrativas: e é, na verda<strong>de</strong>,<br />
<strong>em</strong> um certo nível crítico uma forma previsível <strong>de</strong> reconhecimento<br />
crítico, ‘pois o progresso da integração global e as lutas a ele<br />
relacionadas entre supostos lí<strong>de</strong>res têm persistent<strong>em</strong>ente liberado<br />
disputas sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (...) e pela autonomia que, repetidas<br />
vezes, têm renovado a diferença diante da integração e assim<br />
continuado a fragmentar o mundo mesmo à medida que ele se<br />
tornou um só.(GEYER; BRIGHT apud MOREIRAS, 2001, p. 82)<br />
No entendimento <strong>de</strong>sta análise, é quando se luta pela efetivação do<br />
direito humano à comunicação, é nesse caminhar, nesse passo a passo, que<br />
vão se abrindo fissuras no atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comunicação globalizada. São as<br />
brechas abertas pelas camadas populares. Diante <strong>de</strong>ssa percepção, é<br />
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