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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

trabalhadora e à sua teorização, mais aptos a dar conta dos conflitos da<br />

“socieda<strong>de</strong> industrial”, as reflexões <strong>em</strong> torno da ascensão da “socieda<strong>de</strong><br />

pós-industrial” 5 <strong>de</strong>cretavam a invalida<strong>de</strong> dos paradigmas tradicionais, <strong>em</strong><br />

especial <strong>de</strong> uma certa visão estreita da teoria marxista, no Brasil, as<br />

características do mo<strong>de</strong>lo econômico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que marginalizou<br />

gran<strong>de</strong> parte da população e <strong>de</strong> um Estado que resistia <strong>em</strong> reconhecer<br />

direitos <strong>de</strong> cidadania e, portanto, a <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> “novos” sujeitos sociais<br />

na cena política, suscitou dúvidas quanto ao abandono precoce <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas categorias do “antigo” paradigma.<br />

Novas formas <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong> repertórios <strong>de</strong> ação; mobilização<br />

coletiva baseada <strong>em</strong> valores e reivindicações <strong>de</strong> relações que se propõ<strong>em</strong><br />

escapar da racionalida<strong>de</strong> quantitativa do capitalismo cont<strong>em</strong>porâneo;<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, novas relações com o político na tentativa <strong>de</strong> construir<br />

espaços <strong>de</strong> autonomia contra o Estado; e, por fim, a construção <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que negam a consciência homogênea <strong>de</strong> classe. Essas são as<br />

quatro dimensões <strong>de</strong> ruptura com os movimentos proletários, i<strong>de</strong>ntificadas<br />

por Érik Neveu (2002, p. 66-68), operadas pelos “novos” movimentos<br />

sociais que <strong>em</strong>ergiram na Europa e nos Estados Unidos nos anos 60 e 70 e<br />

que <strong>de</strong>ram marg<strong>em</strong> à criação <strong>de</strong> movimentos estudantis, ecológicos,<br />

antinucleares, homossexuais, f<strong>em</strong>inistas, entre outros.<br />

Como se <strong>de</strong>u esse mais novo paradigma da ação social no Brasil?<br />

Quais seriam suas particularida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> um País marcado pelas condições <strong>de</strong><br />

miserabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua população? Em que medida valorizar<br />

os fatos conjunturais “micro”, do cotidiano, esquecendo-se do po<strong>de</strong>r das<br />

“<strong>de</strong>terminações” macroestruturais <strong>em</strong> um País que não conseguiu se livrar<br />

<strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> periferia? Quais as conseqüências <strong>de</strong> se erigir a<br />

“socieda<strong>de</strong> civil” como campo privilegiado da luta pela autonomia quando o<br />

Estado ainda exercia um importante papel político e econômico na<br />

5 Muitos autores se <strong>de</strong>dicaram ao estudo do que passou a ser chamado “socieda<strong>de</strong><br />

pós-industrial” (ou para alguns pós-capitalista), tentando resumir com esse termo<br />

as profundas mudanças sociais, políticas, culturais e, sobretudo, econômicas que<br />

ocorreram após a década <strong>de</strong> 60. Assim não nada é fácil caracterizá-la <strong>em</strong> poucas<br />

palavras, mas po<strong>de</strong>-se dizer que t<strong>em</strong> estreita vinculação com a tese do fim da<br />

i<strong>de</strong>ologia, lastreia-se na história das doutrinas organizacionais e que se assenta na<br />

idéia da <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> s<strong>em</strong> classes, na qual o conhecimento e as<br />

tecnologias da informação toma lugar central nos conflitos sociais. Atualmente, tal<br />

expressão foi transposta para a <strong>de</strong> “Socieda<strong>de</strong> da Informação”. Para maiores<br />

informações ver MATTELART, 2002.<br />

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