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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

pessoas, como também <strong>de</strong> bens materiais e simbólicos, os<br />

instrumentos <strong>de</strong> comunicação têm acelerado a incorporação<br />

das socieda<strong>de</strong>s particulares <strong>em</strong> grupos cada vez maiores,<br />

re<strong>de</strong>finindo continuamente as fronteiras físicas, intelectuais e<br />

mentais. (MATTELART, 2002, p. 11)<br />

Essa re<strong>de</strong>finição contínua, ainda muito assimétrica, reforça e amplia<br />

as diferenças <strong>de</strong> acesso e participação no fluxo das informações, do<br />

conhecimento e da comunicação. Ainda existe uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> muito<br />

gran<strong>de</strong> na <strong>em</strong>issão e recepção <strong>de</strong> informações, uma centralida<strong>de</strong> na<br />

produção do domínio tecnológico e uma forte unilateralida<strong>de</strong> na<br />

comunicação. Essa ord<strong>em</strong> da informação, do saber e da comunicação na era<br />

global está relacionada à lógica da concentração <strong>de</strong> capital, à ausência do<br />

Estado como gestor <strong>de</strong> políticas públicas e à negação da comunicação como<br />

direito humano.<br />

Seria miopia enxergar apenas manipulações no que a mídia<br />

difun<strong>de</strong>, ou supor que as audiências submerg<strong>em</strong> na<br />

passivida<strong>de</strong> crônica, pois sab<strong>em</strong>os que há <strong>em</strong>issões e<br />

respostas diferenciadas e heterogêneas – inclusive as que, às<br />

vezes, contrariam, reelaboram ou rebat<strong>em</strong> certas visões e<br />

intenções difundidas pelos dispositivos midiáticos. Não há,<br />

pois, um mo<strong>de</strong>lo único, que se imponha, mecanicamente,<br />

aos receptores. Entretanto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os examinar atentamente<br />

o outro lado da moeda. Em face da concentração monopólica<br />

e transnacional das indústrias culturais, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interferência do público (ou <strong>de</strong> frações <strong>de</strong>le) nas<br />

programações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não somente da capacida<strong>de</strong> criativa e<br />

reativa dos indivíduos, como também <strong>de</strong> direitos coletivos e<br />

controles sociais sobre a produção e circulação <strong>de</strong><br />

informações e entretenimento. (CANCLINI, 2004, p. 148<br />

apud MORAES, 2006, p. 45-46)<br />

3. Fissuras na Globalização: o Exercício do Direito Humano à<br />

Comunicação<br />

O conceito <strong>de</strong> fissura adotado neste trabalho se valeu dos estudos <strong>de</strong><br />

Alberto Moreiras, no artigo A globalida<strong>de</strong> negativa e o regionalismo crítico<br />

(2001). Embora nesse estudo o autor discorra sobre os processos <strong>de</strong><br />

globalização a partir <strong>de</strong> uma perspectiva latino-americana, é possível<br />

<strong>em</strong>pregar a idéia <strong>de</strong> fissura <strong>em</strong> outras situações <strong>de</strong> contraponto à<br />

globalização, mais localizadas. Para Moreiras, as fissuras surg<strong>em</strong> pela<br />

reação a uma certa imposição globalizadora para a homogeneização e<br />

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