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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

movimentos <strong>de</strong> base ressurgiriam lentamente, produzindo uma rica<br />

interação entre educação, cultura e comunicação popular, cujo mo<strong>de</strong>lo<br />

transbordou os limites <strong>de</strong>sses movimentos. No entanto, para compreen<strong>de</strong>r a<br />

noção <strong>de</strong> comunicação popular é preciso ir à matriz teórica que a inspirou e<br />

ao lugar on<strong>de</strong> foi primordialmente posta <strong>em</strong> prática – as idéias <strong>de</strong> Paulo<br />

Freire e as Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base (CEBs) 9 .<br />

Uma das maiores contribuições <strong>de</strong> Paulo Freire (1992 e 2003) para o<br />

pensamento comunicacional latino-americano consistiu <strong>em</strong> uma crítica<br />

epist<strong>em</strong>ológica radical da tradição difusionista, submetida à rubrica geral <strong>de</strong><br />

“comunicação e <strong>de</strong>senvolvimento”, engendrada pelos estudos <strong>de</strong><br />

comunicação estaduni<strong>de</strong>nses e posta <strong>em</strong> prática especialmente nas<br />

pequenas comunida<strong>de</strong>s rurais. Com efeito, ao equiparar educação e<br />

comunicação no plano epist<strong>em</strong>ológico, a transmissão <strong>de</strong> “conhecimentos”<br />

tornava-se invasão, implicava tratar como objeto aquele que os recebe, ao<br />

invés <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros sujeitos, porque a razão <strong>de</strong> ser do ato <strong>de</strong> pensamento,<br />

para Paulo Freire, está na relação entre homens, mediatizado pelo objeto do<br />

conhecimento.<br />

É essa condição <strong>de</strong> sujeito que é negada pela ação dos meios <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> massa e é exatamente essa dimensão que a teoria da<br />

comunicação participativa, lastreada <strong>em</strong> diferentes práticas ocorridas nas<br />

décadas <strong>de</strong> 70 e 80, irá tentar resgatar. No entanto, confrontadas as<br />

implicações do Estado autoritário com os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa,<br />

essas experiências, como também suas análises teóricas, ten<strong>de</strong>ram a<br />

contrapor “meios ativos” aos “meios <strong>de</strong> passivos”, estes últimos<br />

consi<strong>de</strong>rados como estruturas monolíticas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r por on<strong>de</strong> não<br />

perpassava qualquer contradição; aqueles igualmente como lugares<br />

“puros”, excluídos portanto da “contaminação” pelas lógicas mercantil e<br />

estatal 10 .<br />

9<br />

No Brasil, a orig<strong>em</strong> imediata das CEBs <strong>de</strong>ve ser buscada <strong>em</strong> três trabalhos<br />

convergentes, segundo Pedro Gilberto Gomes (1990, p. 8): “a) a preocupação<br />

evangelizadora comunitária, expressa através dos catequistas populares da diocese<br />

<strong>de</strong> Barra do Piraí (RJ); b) o <strong>Movimento</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Base (MEB), com a<br />

catequese radiofônica, na diocese <strong>de</strong> Natal (RN); c) experiências <strong>de</strong> apostolado dos<br />

leigos e os esforços <strong>de</strong> renovação paroquial, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um amplo movimento <strong>de</strong><br />

renovação que se codificou nos Planos Nacionais <strong>de</strong> Pastoral”.<br />

10 Para maiores informações sobre o antagonismo meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />

massa/meios alternativos ver PERUZZO, 1999.<br />

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