Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
soberanos estão imbricados, mediante atores transnacionais e suas<br />
respectivas probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, orientações e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />
Portanto, para Beck (1998, p. 73, tradução nossa), a globalização –<br />
que inclui relações sociais, econômicas, políticas, culturais e i<strong>de</strong>ológicas –<br />
não pôs fim à informação livre e rebel<strong>de</strong>. E questões como local e global;<br />
universalismo e particularismo; centralização e <strong>de</strong>scentralização; conflito e<br />
conciliação não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser analisadas pela lógica do “ou isto ou aquilo”.<br />
Propõe, ao contrário, uma diferenciação inclusiva. Isto é, que possibilite<br />
outro conceito <strong>de</strong> limite mais flexível, b<strong>em</strong> como mais cooperativo.<br />
Bauman, por sua vez, acredita que:<br />
Assim que examinarmos as causas e conseqüências <strong>de</strong>ssa<br />
compressão, ficará evi<strong>de</strong>nte que os processos globalizadores<br />
não têm a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos que se supõe comumente. [...]<br />
A globalização tanto divi<strong>de</strong> como une; divi<strong>de</strong> enquanto une –<br />
e as causas da divisão são idênticas às que promov<strong>em</strong> a<br />
uniformida<strong>de</strong> do globo. [...] O que para alguns parece<br />
globalização, para outro significa localização; o que para<br />
alguns é sinalização <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, para muitos outros é um<br />
<strong>de</strong>stino in<strong>de</strong>sejado e cruel. [...] Alguns <strong>de</strong> nós tornam-se<br />
plena e verda<strong>de</strong>iramente ‘globais’; alguns se fixam na sua<br />
‘localida<strong>de</strong>’ – transe que não é n<strong>em</strong> agradável n<strong>em</strong><br />
suportável no mundo <strong>em</strong> que os globais dão o tom e faz<strong>em</strong><br />
as regras do jogo da vida. (BAUMAN, 1999, p. 7-8, grifo do<br />
autor)<br />
O autor reforça a existência, sim, <strong>de</strong> um brutal conflito <strong>de</strong> interesses<br />
entre os incluídos e os excluídos da globalização. E, diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong><br />
Beck, Bauman ratifica a esfera econômica como sendo o foco principal<br />
<strong>de</strong>sses conflitos. Po<strong>de</strong>-se trazer essa discussão para a globalização da<br />
comunicação. Na arqueologia que elabora acerca da comunicação, Mattelart<br />
também vincula o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da comunicação à<br />
mo<strong>de</strong>rnização industrial e tecnológica do capitalismo.<br />
Os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po real <strong>de</strong>terminam a<br />
estrutura <strong>de</strong> organização do planeta. O que se convencionou<br />
chamar <strong>de</strong> mundialização/globalização [...] combina com a<br />
flui<strong>de</strong>z dos intercâmbios e fluxos imateriais transfronteiriços.<br />
[...] A interconexão generalizada das economias e das<br />
socieda<strong>de</strong>s é, com efeito, o resultado do movimento <strong>de</strong><br />
integração mundial que foi iniciado na virada do século XIX.<br />
Ampliando progressivamente o campo <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong><br />
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