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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO TEMPO:<br />

1995 E A LEITURA DO JORNAL DO COMMERCIO<br />

SOBRE O ATENTADO A BOMBA NO AEROPORTO DOS GUARARAPES<br />

Francisco Sá Barreto 21<br />

Introdução<br />

Em 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1966, uma bomba explodiu no Aeroporto dos<br />

Guararapes, <strong>em</strong> Recife. Os jornais pernambucanos <strong>em</strong> circulação naquela<br />

época – Jornal do Commercio e Diario <strong>de</strong> Pernambuco – cobriram o evento<br />

com perplexida<strong>de</strong> e raiva teoricamente incomuns na construção da notícia.<br />

A passag<strong>em</strong> ficaria conhecida como “O atentado da bomba do Aeroporto”.<br />

Quase dois anos e meio <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1968, dois jovens<br />

engenheiros foram apresentados pela polícia como responsáveis pelo<br />

planejamento e execução daquele atentado. Os jornais consolidaram a<br />

versão policial como uma verda<strong>de</strong> – erguida sobre uma socieda<strong>de</strong> já<br />

violentada pelo regime militar –, que edificou um perfil público perturbador<br />

para os dois acusados. Em 1995, uma série <strong>de</strong> reportagens organizada pelo<br />

Jornal do Commercio propôs novas leituras para o evento, substituindo os<br />

nomes dos dois jovens engenheiros pelo grupo chefiado pelo ex-padre Alípio<br />

<strong>de</strong> Freitas.<br />

Neste trabalho, analisamos a articulação existente entre a publicação<br />

da série jornalística <strong>em</strong> 1995 e a construção social das expectativas <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong> durante aquele período.<br />

1. O t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> datas<br />

Os últimos cinco séculos expressam a construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>namento t<strong>em</strong>poral pensado a partir <strong>de</strong> seqüências-mo<strong>de</strong>lo que, por sua<br />

vez, são estruturadas <strong>em</strong> um conjunto <strong>de</strong> causas e efeitos para um<br />

<strong>de</strong>terminado evento. Esse mo<strong>de</strong>lo – que parece ser concretizado com o que<br />

chamamos tradicionalmente <strong>de</strong> Ida<strong>de</strong> Cont<strong>em</strong>porânea – é a marca do<br />

<strong>de</strong>sejo humano <strong>de</strong> construir conexões para as múltiplas leituras sobre o<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> todo o planeta. A construção <strong>de</strong> uma t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong> planetária<br />

21 Historiador e Mestre <strong>em</strong> Comunicação pela <strong>UFPE</strong>.<br />

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