Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
2. Sujeitos ou objetos da comunicação?<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista econômico, os bens <strong>de</strong> comunicação são tratados<br />
como mercadorias produzidas pela indústria cultural, ou indústria da<br />
cultura. Na verda<strong>de</strong>, o que essas indústrias vend<strong>em</strong> não são propriamente<br />
os produtos culturais ou <strong>de</strong> lazer: novelas, filmes, shows, informações,<br />
futebol... O que vend<strong>em</strong> são os espaços publicitários, que são pagos pelas<br />
<strong>em</strong>presas anunciantes para, por meio dos anúncios, ven<strong>de</strong>r<strong>em</strong> suas<br />
mercadorias. Em última instância, os meios <strong>de</strong> comunicação vend<strong>em</strong><br />
mercadorias através dos anúncios publicitários. A programação <strong>de</strong> um canal<br />
<strong>de</strong> TV, <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>issora <strong>de</strong> rádio, as informações <strong>de</strong> um jornal têm o<br />
objetivo <strong>de</strong> conquistar público ou audiência. É a isca para fisgar o<br />
comprador dos produtos anunciados. O tamanho e qualida<strong>de</strong> (capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> compra) do público ou da audiência é que <strong>de</strong>termina a d<strong>em</strong>anda e o<br />
valor dos espaços publicitários. O que os veículos <strong>de</strong> comunicação vend<strong>em</strong><br />
para as <strong>em</strong>presas são públicos, ou seja, o nosso t<strong>em</strong>po como telespectador,<br />
como ouvinte <strong>de</strong> rádio ou leitor <strong>de</strong> um jornal.<br />
A gran<strong>de</strong> preocupação se torna a conquista <strong>de</strong> audiência, a obtenção<br />
<strong>de</strong> uma boa posição no IBOPE. Para atingir gran<strong>de</strong>s públicos, os meios<br />
traçam suas estratégias, <strong>de</strong>finindo um indivíduo médio, genérico, tratado<br />
como um el<strong>em</strong>ento da massa, organizado apenas como público receptivo do<br />
veículo, ou seja, como objeto a ser conquistado. Buscam <strong>de</strong>tectar<br />
tendências <strong>de</strong>sse público e nivelam por baixo a programação. Para se<br />
tornar<strong>em</strong> atrativos, os meios buscam transformar tudo <strong>em</strong> espetáculo,<br />
porque o espetáculo atrai público. Até as notícias perd<strong>em</strong> a característica <strong>de</strong><br />
informação. A notícia, nesse contexto, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a informação<br />
tratada como mercadoria, com objetivo <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r lucro e manter o controle<br />
i<strong>de</strong>ológico. Bons programas veiculados pela TV também obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> à lógica<br />
do lucro. Destinam-se a constituir e manter segmentos <strong>de</strong> audiência. Isso<br />
caracteriza um aspecto contraditório que po<strong>de</strong> ser explorado.<br />
Dessa forma, os veículos <strong>de</strong> comunicação, <strong>em</strong> última instância,<br />
constitu<strong>em</strong> uma estrutura que serve <strong>de</strong> suporte para as forças produtivas<br />
na sua relação com o mercado, além <strong>de</strong> zelar<strong>em</strong> pela construção e<br />
manutenção da i<strong>de</strong>ologia burguesa. Apesar disso, constitu<strong>em</strong> um campo <strong>de</strong><br />
disputa para a contra-heg<strong>em</strong>onia. A socieda<strong>de</strong>, que é qu<strong>em</strong> paga pela<br />
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