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Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...

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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />

Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />

processo estamos chamando violência, estão <strong>em</strong> íntima relação com as<br />

interpretações socioantropológicas, consolidadas pelas ciências humanas do<br />

País e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, alicerçadas nos conteúdos <strong>em</strong>píricos <strong>de</strong>stacados,<br />

que dão sustentação àquela intuição filosófica a que fiz<strong>em</strong>os alusão no início<br />

<strong>de</strong>ste artigo.<br />

É <strong>de</strong> fundamental importância enten<strong>de</strong>r que todo amálgama da<br />

plasticida<strong>de</strong> que permite a agregação <strong>de</strong> valores positivos aos fatos e<br />

estados indiferentes é fruto <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a social <strong>em</strong> que a palavra <strong>de</strong><br />

ord<strong>em</strong> <strong>de</strong>svia-se do indivíduo e do cidadão enquanto repousa na relação<br />

mesma; isto é, na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mediar conflitos, <strong>de</strong> relacionar partes<br />

opostas. Mais importante do que os el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> relação é a própria<br />

relação. “A socieda<strong>de</strong> brasileira é relacional; nela <strong>de</strong>scobre-se a mediação e<br />

estabelece-se a gradação, incluindo, jamais excluindo” (DaMatta, 1991, p.<br />

45). A participação inclusiva na totalida<strong>de</strong> da relação só é permitida à<br />

medida que incluindo, sinteticamente, ignora-se aquela racionalida<strong>de</strong> que<br />

submete o ente à objetivação, analiticamente. Enquanto nos sist<strong>em</strong>as<br />

mo<strong>de</strong>rnos o sujeito social é o indivíduo, nas socieda<strong>de</strong>s tradicionais, por seu<br />

turno, caracteriza-se o todo ou as relações entre os indivíduos como<br />

instância social que prevalece sobre os valores individualistas.<br />

As socieda<strong>de</strong>s tradicionais são relacionais porque todas são fundadas na<br />

i<strong>de</strong>ologia <strong>em</strong> que o indivíduo não existe como ser moral, como sujeito do<br />

sist<strong>em</strong>a, a não ser <strong>em</strong> momentos especiais. A morte é um <strong>de</strong>sses<br />

momentos. Neste caso, a individualização torna-se um estado social positivo<br />

que <strong>de</strong>ve ser adotado por todo. (p.65)<br />

Enquanto espaço social completamente distinto, o “outro mundo” não<br />

nos interessa diretamente, porquanto, entend<strong>em</strong>os que, na cultura<br />

brasileira, a violência no âmbito da propensão à morte, “morbi<strong>de</strong>z”, até<br />

on<strong>de</strong> o seu fim não está consumado, não é percebida. Se é na morte o<br />

momento <strong>em</strong> que o sujeito individual aparece e alcança conotação <strong>de</strong><br />

sujeito moral respeitável, não se po<strong>de</strong> dizer o mesmo do espaço a que<br />

chamamos vulgarmente “este mundo”. Isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que “neste<br />

mundo” o processo <strong>de</strong> síntese e conciliação <strong>de</strong> opostos é a representação<br />

das lacunas <strong>de</strong> cada substância como veias dilatadas, abertas e<br />

superexpostas ao capricho da autorida<strong>de</strong>.<br />

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