40 anos do IEL na trajetória da indústria no Brasil - CNI
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superava em muito o <strong>da</strong>s exportações. Em 1828 a situação<br />
agravou-se com a lei que estendia a to<strong>da</strong>s as<br />
importações brasileiras a tarifa de 15%, diminuin<strong>do</strong><br />
ain<strong>da</strong> mais a arreca<strong>da</strong>ção e contribuin<strong>do</strong> para o desequilíbrio<br />
<strong>da</strong> balança comercial. Visan<strong>do</strong> solucio<strong>na</strong>r<br />
o grave déficit, o gover<strong>no</strong> imperial a<strong>do</strong>tou algumas<br />
medi<strong>da</strong>s alfandegárias que não surtiram o efeito deseja<strong>do</strong>.<br />
Nesse meio-tempo, por proposta apresenta<strong>da</strong><br />
por Januário <strong>da</strong> Cunha Barbosa e Raimun<strong>do</strong> José <strong>da</strong><br />
Cunha Mattos aos 27 sócios fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res <strong>da</strong> Sain, foi<br />
cria<strong>do</strong> em 21 de outubro de 1838 – ten<strong>do</strong> como patro<strong>no</strong><br />
D. Pedro II – o Instituto Histórico e Geográfico<br />
<strong>Brasil</strong>eiro (IHGB) com o propósito de “coligir, metodizar,<br />
publicar ou arquivar os <strong>do</strong>cumentos necessários<br />
para a História e a Geografia o <strong>Brasil</strong>...” (artigo 1º <strong>do</strong><br />
Estatuto <strong>do</strong> IHGB, www.ihgb.org.br/ihgb.php). Marca<strong>do</strong><br />
pela tradição iluminista, o IHGB deveria “levar<br />
a cabo um projeto <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos tempos, cuja marca é a<br />
soberania <strong>do</strong> princípio <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l enquanto critério fun<strong>da</strong>mental<br />
defini<strong>do</strong>r de uma identi<strong>da</strong>de social” (GUIMA-<br />
RÃES, 1988).<br />
A partir de 1844, em conseqüência <strong>da</strong> Tarifa Alves<br />
Branco, que conferia certa proteção à produção brasileira,<br />
o desenvolvimento <strong>do</strong> país teve um impulso.<br />
Com o térmi<strong>no</strong> <strong>da</strong> vali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> assi<strong>na</strong><strong>do</strong> com<br />
a Inglaterra em 1810, e re<strong>no</strong>va<strong>do</strong> em 1827 por mais<br />
15 <strong>a<strong>no</strong>s</strong>, cerca de três mil artigos importa<strong>do</strong>s passariam<br />
a pagar taxas que variavam de 20 a 60%, sen<strong>do</strong><br />
que as tarifas mais altas referiam-se às merca<strong>do</strong>rias<br />
estrangeiras com similares <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Apesar de desafiar<br />
a Inglaterra, violan<strong>do</strong> o acor<strong>do</strong> vigente entre<br />
os <strong>do</strong>is países, a medi<strong>da</strong> promoveu o surgimento de<br />
uma série de fábricas de teci<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />
em Mi<strong>na</strong>s Gerais e <strong>na</strong> Bahia, e estimulou o setor de<br />
metalurgia em Per<strong>na</strong>mbuco. Com isso, fez diminuir o<br />
déficit público e aliviar as fi<strong>na</strong>nças <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
Mas os <strong>no</strong>vos ventos sopravam em cenários marca<strong>da</strong>mente<br />
antagônicos: enquanto <strong>no</strong> Nordeste<br />
desenvolvia-se uma indústria movi<strong>da</strong> pelo trabalho<br />
escravo, <strong>no</strong> Sul várias tentativas de industrialização<br />
eram beneficia<strong>da</strong>s pelo favorecimento à entra<strong>da</strong><br />
de colo<strong>no</strong>s estrangeiros, com <strong>do</strong>ação de sesmarias<br />
aos que nelas quisessem trabalhar e a isenção, em<br />
1846, de taxas alfandegárias para as matérias-primas<br />
aproveitáveis <strong>na</strong>s manufaturas, sobretu<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />
indústria têxtil. Essa dispari<strong>da</strong>de entre o trabalho escravo<br />
e o trabalho livre, que dividia o país em <strong>do</strong>is,<br />
passou a aquecer as discussões entre os intelectuais<br />
abolicionistas <strong>da</strong> época, para os quais a escravidão<br />
contribuía para retar<strong>da</strong>r o desenvolvimento técnico<br />
<strong>do</strong> país.<br />
Para provar (...) que a escravatura deve obstar a <strong>no</strong>ssa<br />
indústria, basta lembrar que os senhores que possuem<br />
escravos vivem, em grandíssima parte, <strong>na</strong> inércia, pois<br />
não se vêem precisa<strong>do</strong>s pela fome ou pobreza a aperfeiçoar<br />
sua indústria (...) as máqui<strong>na</strong>s que poupam braços<br />
pela abundância extrema de escravos <strong>na</strong>s povoações<br />
grandes são despreza<strong>da</strong>s. Causa raiva ou riso ver<br />
vinte escravos ocupa<strong>do</strong>s em transportar vinte sacos<br />
de açúcar que podiam conduzir uma ou duas carretas<br />
bem construí<strong>da</strong>s com <strong>do</strong>is bois ou duas bestas muares.<br />
(JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA, 1822 apud<br />
DOLHNIKOFF, 2000, p. 29)<br />
O discurso de José Bonifácio encontrava eco <strong>no</strong><br />
pensamento de Joaquim Nabuco (1999, p. 77), para<br />
7. Etiqueta para teci<strong>do</strong>s<br />
registra<strong>da</strong> pela Companhia<br />
Petropolita<strong>na</strong>, Rio de Janeiro<br />
Litografia, 10 de setembro<br />
de 1888<br />
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