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40 anos do IEL na trajetória da indústria no Brasil - CNI

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8. Embarque de café <strong>no</strong><br />

Porto de Santos antes <strong>da</strong><br />

construção <strong>do</strong> cais, SP<br />

Marc Ferrez<br />

Fotografia, 1880<br />

Detalhe<br />

quem a escravidão, “espalhan<strong>do</strong>-se por um país, mata<br />

ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s facul<strong>da</strong>des huma<strong>na</strong>s, de que provém a<br />

indústria: a iniciativa, a invenção, a energia individual”.<br />

O tema não passou despercebi<strong>do</strong> pela Sain. Em<br />

1848, o conselho <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> época presidi<strong>do</strong><br />

por Miguel Calmon du Pin de Almei<strong>da</strong>, visconde de<br />

Abrantes, instituiu, com apoio <strong>da</strong> recém-cria<strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de<br />

Contra o Tráfico de Afric<strong>a<strong>no</strong>s</strong> e Promotora <strong>da</strong><br />

Colonização e Civilização <strong>do</strong>s Indíge<strong>na</strong>s, um prêmio<br />

para quem apresentasse, até 1850, a melhor proposta<br />

sobre a forma de substituir o trabalho escravo pelo<br />

trabalho livre.<br />

Daí em diante, empurra<strong>do</strong> pelo progresso <strong>da</strong> produção<br />

cafeeira, o <strong>Brasil</strong> iria mu<strong>da</strong>r. Ao mesmo tempo<br />

que se consoli<strong>da</strong>va como principal produto brasileiro<br />

de exportação, o café provocava uma on<strong>da</strong> de<br />

crescimento econômico nunca antes visto <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />

e, ca<strong>da</strong> vez mais, a mão-de-obra escrava cedia espaço<br />

para o trabalhor assalaria<strong>do</strong> imigrante. Cinco <strong>a<strong>no</strong>s</strong><br />

depois <strong>do</strong> ato inglês conheci<strong>do</strong> como Bill Aberdeen,<br />

a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibia o tráfico<br />

negreiro <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Com isso, parte <strong>do</strong> capital despendi<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong> compra de escravos passou a ser investi<strong>da</strong><br />

<strong>na</strong> indústria.<br />

Irineu Evangelista de Souza, mais tarde intitula<strong>do</strong><br />

barão de Mauá, deu os primeiros passos em direção<br />

à modernização <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia brasileira. Uma viagem<br />

à Inglaterra em 18<strong>40</strong>, onde conheceu fábricas, fundições<br />

de ferro e o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s empreendimentos,<br />

impulsio<strong>no</strong>u-o em direção à industrialização.<br />

Poucos <strong>a<strong>no</strong>s</strong> depois, Mauá tomava para si a incumbência<br />

de colocar em funcio<strong>na</strong>mento a Fundição e a<br />

Companhia Estaleiro <strong>da</strong> Ponta <strong>da</strong> Areia, que, forman<strong>do</strong><br />

o maior empreendimento industrial <strong>do</strong> país, empregavam<br />

mais de mil operários e produziam <strong>na</strong>vios,<br />

caldeiras para máqui<strong>na</strong>s a vapor, engenhos de açúcar,<br />

guin<strong>da</strong>stes, prensas, além de artilharia etc. Desse<br />

complexo saíram mais de 72 <strong>na</strong>vios em 11 <strong>a<strong>no</strong>s</strong>,<br />

entre os quais as embarcações brasileiras utiliza<strong>da</strong>s<br />

<strong>na</strong>s intervenções plati<strong>na</strong>s e as embarcações para o<br />

tráfego <strong>no</strong> Rio Amazo<strong>na</strong>s.<br />

Era já então, como é hoje ain<strong>da</strong>, minha opinião que o<br />

<strong>Brasil</strong> precisava de alguma indústria dessas que medram<br />

sem grandes auxílios, para que o mecanismo de<br />

sua vi<strong>da</strong> econômica possa funcio<strong>na</strong>r com vantagem<br />

(...) e a indústria de ferro, sen<strong>do</strong> a mãe <strong>da</strong>s outras, me<br />

parecia o alicerce dessa aspiração. (MAUÁ, 1996, p. 8)<br />

A fundição dedicava-se também ao fabrico de peças<br />

úteis ao abastecimento de água, como se depreende<br />

<strong>do</strong> aviso <strong>do</strong> ministro <strong>do</strong> Império, publica<strong>do</strong> <strong>no</strong><br />

Correio Mercantil de 15 de dezembro de 1854: “ontem<br />

o Impera<strong>do</strong>r correu água pela primeira vez em um chafariz<br />

que acaba de ser construí<strong>do</strong> <strong>na</strong> praia de Botafogo<br />

(...) segun<strong>do</strong> o desenho e risco que enviei à fabrica <strong>da</strong><br />

Ponta <strong>da</strong> Areia” (apud RENAULT, 1939, p. 34). E logo<br />

surgia também a motivação para transformação <strong>do</strong><br />

sistema brasileiro de transporte: como se tor<strong>na</strong>va<br />

impraticável carregar a produção cafeeira em lombo<br />

de burro, o <strong>Brasil</strong> ingressava <strong>na</strong> era <strong>da</strong> ferrovia.<br />

Em 1852, o gover<strong>no</strong> imperial promulgou a lei que<br />

concedia isenções e garantias de juros sobre o capital<br />

investi<strong>do</strong> às empresas, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is ou estrangeiras,<br />

que se interessassem em construir e explorar estra<strong>da</strong>s<br />

de ferro <strong>no</strong> país. Dois <strong>a<strong>no</strong>s</strong> depois, graças aos<br />

esforços <strong>do</strong> visionário Irineu Evangelista de Souza,<br />

que subscreveu a quase totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> capital neces-<br />

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