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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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A CO-EXISTÊNCIA COM OS FAMILIARES DOS PACIENTES HOSPITALIZADOS: EXPERIÊNCIA DO ENFERMEIRO NOSEU MUNDO-VIDA PROFISSIONAL<strong>de</strong>sabafo do enfermeiro traz à tona uma ativida<strong>de</strong> inerente a suaprofissão para a qual não se encontra preparado, pois, comoqualquer ser humano, t<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitar a morte comouma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu vir-a-ser.Apesar <strong>de</strong> todos os conhecimentos adquiridos até hoje, elaainda não se tornou um evento digno, o morrer continua para ohom<strong>em</strong> um assunto probl<strong>em</strong>ático e difícil <strong>de</strong> se lidar. O que nãofoge à regra quando se trata do ser-enfermeiro e dos outroscomponentes <strong>de</strong> sua equipe.O número excessivo <strong>de</strong> familiares a ser<strong>em</strong> atendidos nasunida<strong>de</strong>s, a falta <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para se <strong>de</strong>dicar<strong>em</strong> a eles e o curtoperíodo <strong>em</strong> que pod<strong>em</strong> ficar juntos durante as visitas sãol<strong>em</strong>brados como dificultadores quando se t<strong>em</strong> como intençãoajudá-los. Um enfermeiro assegura que, na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stinadaaos pacientes particulares, porém, esta situação é diferente.Não só porque a família é mais exigente <strong>em</strong> relação ao direito<strong>de</strong> receber atenção por parte dos profissionais, como tambémé favorecida pela própria instituição, na medida <strong>em</strong> que aorganização <strong>de</strong>ste setor t<strong>em</strong> como propósito umadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> servidores <strong>de</strong> modo a fazer com que ocuidado ali seja diferenciado. Os <strong>de</strong>poimentos apresentadosdão test<strong>em</strong>unho dos probl<strong>em</strong>as enfrentados pelos enfermeirose a estratificação social que traduz a diferença no ato <strong>de</strong> cuidardos pacientes e <strong>de</strong> suas famílias <strong>de</strong>ntro da própria instituição.Na clínica médica a equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> permaneciamais distante das famílias, <strong>de</strong>vido ser<strong>em</strong> muitas, <strong>em</strong> razãodo gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pacientes (DISC. 6).A família costuma ficar <strong>em</strong> segundo plano (. .). No andar<strong>de</strong>stinado aos pacientes particulares é on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-seprestar uma assistência melhor a ela, não por causa domenor número <strong>de</strong> internos, mas pela exigência dos própriosfamiliares (DISC. 10).No que diz respeito à falta <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, é oportuno reforçar que,na realida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong>-se conhecimento <strong>de</strong> que os enfermeiros seencontram presos ao processo organizacional da instituição e,com isso, ficam impossibilitados para se <strong>de</strong>dicar<strong>em</strong> como<strong>de</strong>veriam à comunicação e ao atendimento das famílias.Ainda referindo-se à comunicação, alguns participantesfaz<strong>em</strong> questão <strong>de</strong> dizer que as orientações dispensadas acertas famílias não surt<strong>em</strong> efeito. Elas não dão importância àsinformações que lhes permitiriam colaborar na recuperação dopaciente e n<strong>em</strong> àquelas referentes aos compromissos que têmcom as normas hospitalares.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inteirar-se da legislação que direciona aprática da profissão é mencionada <strong>em</strong> um dos discursos. Neleo <strong>de</strong>poente salienta que os enfermeiros precisam se precavercontra possíveis <strong>de</strong>núncias originadas <strong>de</strong> falhas dacomunicação no contexto hospitalar.As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> significado a seguir vêm alertar para asresponsabilida<strong>de</strong>s e limites <strong>de</strong>ssa comunicação.Para ela, é necessário saber conversar com certas famílias,porque, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do estado <strong>em</strong>ocional <strong>em</strong> que seencontram, elas procuram os jornais com intenção <strong>de</strong><strong>de</strong>nunciar os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (DISC. 1).Acha que o enfermeiro <strong>de</strong>ve conhecer a parte ética e alegislação, para saber que a sua interação junto ao pacientee a comunicação com a família têm limites (. .). Não po<strong>de</strong>fornecer informações s<strong>em</strong> certeza, pois t<strong>em</strong>responsabilida<strong>de</strong> sobre aquilo que fala(. .) (DISC.9).A comunicação precisa ser cuidadosa no sentido <strong>de</strong> protegero profissional contra prováveis inci<strong>de</strong>ntes. Ele <strong>de</strong>ve estar ciente<strong>de</strong> que esta ativida<strong>de</strong>, como qualquer outra, po<strong>de</strong> trazerbenefícios ou riscos ao paciente e à sua família.A troca <strong>de</strong> informações <strong>de</strong>ntro do hospital não se processasomente na co-existência enfermeiro-família; esten<strong>de</strong>-setambém entre os familiares dos d<strong>em</strong>ais pacientes. Aocompartilhar<strong>em</strong> suas experiências repassam boatos e formamopiniões que, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre, conforme um dos enfermeiros,correspond<strong>em</strong> à verda<strong>de</strong> <strong>em</strong> se consi<strong>de</strong>rando a doença ou otratamento dos pacientes. Nesses casos, ao procurar oprofissional, os familiares não têm como preocupação obteresclarecimento, mas fazer cobranças quanto às suas ações.(. .) as famílias comunicam entre si <strong>de</strong>ntro do hospital etomam como referência informações cruzadas quereceb<strong>em</strong> o que por vezes <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> retratar a verda<strong>de</strong>.Quando vêm conversar com o enfermeiro, não é parareceber informações do paciente, e sim para fazercobranças (DISC. 9).Fica evi<strong>de</strong>nte, nessa fala, que acontece <strong>de</strong> as dúvidas nãoser<strong>em</strong> dissipadas pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como <strong>de</strong>veriam.Os familiares, então, buscam esclarecê-las com pessoas quenão têm condições <strong>de</strong> ajudá-los e que costumam <strong>de</strong>turpar arealida<strong>de</strong> dos fatos.Continuando o relato das diversas experiências com asfamílias no mundo-vida-profissional, os enfermeiros alud<strong>em</strong> aoscomportamentos diferenciados que normalmente apresentam<strong>em</strong> relação ao tratamento do paciente. Algumas favorec<strong>em</strong> asua recuperação colaborando bastante com o trabalho daenfermag<strong>em</strong>, outros se distanciam, não mostrando interessepor ele.Apesar <strong>de</strong> certas famílias colaborar<strong>em</strong> muito, a maioria dosacompanhantes não ajudam (. .), o paciente fica mesmo ésozinho (DISC. 4).Conta que t<strong>em</strong> experiências boas com <strong>de</strong>terminadasfamílias, com outras n<strong>em</strong> tanto, pois elas não ajudam notratamento (DISC. 5).Em situações s<strong>em</strong>elhantes, uma família po<strong>de</strong> cuidar melhor<strong>de</strong> seus parentes e ter um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais equilibradodo que outras. Só as famílias verda<strong>de</strong>iramente saudáveis, que- Rev. Min. Enf., 7(2):93-101, jul./<strong>de</strong>z., 200397

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