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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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INFECÇÕES HOSPITALARES: REPENSANDO A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃODAS MÃOS NO CONTEXTO DA MULTIRRESISTÊNCIA.serviços <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> infecção hospitalar, à medida que suaocorrência traz como conseqüência principal a diminuição <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s terapêuticas e o aumento do custo <strong>em</strong> relaçãoao arsenal terapêutico disponível.A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> microrganismo multirresistente(predominant<strong>em</strong>ente bactérias) não obe<strong>de</strong>ce a critérios b<strong>em</strong>estabelecidos, entretanto, para o Centro <strong>de</strong> Controle ePrevenção <strong>de</strong> Doenças <strong>de</strong> Atlanta (CDC-P), uma cepa éconsi<strong>de</strong>rada multirresistente quando resistente a três grupos <strong>de</strong>drogas. Porém o critério mais adotado na prática clínica é aresistência a duas ou mais drogas <strong>de</strong> classes distintas, para asquais as bactérias são habitualmente sensíveis 3 .Nesse contexto, encontram-se bactérias classificadas comoGram-positivas e Gram-negativas <strong>de</strong>terminando uma maiorserieda<strong>de</strong> e gravida<strong>de</strong> à questão abordada.Justificada a gran<strong>de</strong> preocupação com a <strong>em</strong>ergência dasbactérias multirresistentes, duas pr<strong>em</strong>issas consi<strong>de</strong>radas comobásicas permeiam o processo <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>ssasituação. A primeira <strong>de</strong>las po<strong>de</strong> ser caracterizada como ocontrole e uso racional dos agentes antimicrobianos e asegunda, <strong>em</strong> relação ao maior envolvimento/a<strong>de</strong>são dosprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que prestam assistência direta ouindiretamente ao paciente, às práticas <strong>de</strong> controle e medidaseducativas, como a higienização das mãos, tendo <strong>em</strong> vista queestas aparec<strong>em</strong> como importante veículo da ca<strong>de</strong>iaepid<strong>em</strong>iológica pela transmissão cruzada 3,12 .Assim, a contínua <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> germes multirresistentes,nas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> todo mundo, é um <strong>de</strong>safio quenão está sendo a<strong>de</strong>quadamente controlado por meio dasmedidas rotineiramente adotadas como: o isolamento <strong>de</strong>pacientes, racionalização <strong>de</strong> antibióticos e <strong>de</strong>scolonização <strong>de</strong>pacientes/profissionais 6-8,12 . Portanto, é crescente o interessepela revisão das práticas <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> das mãos <strong>em</strong> diversospaíses como Europa, Estados Unidos e Brasil.Estudos realizados na Europa e Estados Unidos por Wendt 11 ,a fim <strong>de</strong> verificar como é recomendado/realizado oprocedimento <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> das mãos, registrou algumasdivergências entre as realida<strong>de</strong>s avaliadas, comentadasa seguir.Na Europa a lavag<strong>em</strong> higiênica das mãos foi <strong>de</strong>finida comoum procedimento realizado após a contaminação das mãos eenvolve o uso <strong>de</strong> água e um anti-séptico com objetivo <strong>de</strong>r<strong>em</strong>over principalmente a flora transitória. A fricção higiênica dasmãos está recomendada quando não há sujida<strong>de</strong> visível,consistindo na aplicação <strong>de</strong> uma solução anti-séptica, s<strong>em</strong> autilização <strong>de</strong> água corrente (com o objetivo <strong>de</strong> r<strong>em</strong>over a floratransitória) e a lavag<strong>em</strong> das mãos, caracterizada pela utilização<strong>de</strong> água e sabão, sendo recomendado o uso do anti-sépticoapenas <strong>em</strong> situações <strong>de</strong> alto risco.Nos Estados Unidos e Canadá a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> dasmãos correspon<strong>de</strong> ao uso <strong>de</strong> água e sabão não anti-séptico. E,a higiene das mãos se refere a um termo <strong>de</strong> maior abrangênciaaplicado tanto para a lavag<strong>em</strong> simples das mãos (água e sabão)como para a lavag<strong>em</strong> das mãos incluindo escovação e fricção<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que com o uso <strong>de</strong> sabão anti-séptico.Na Al<strong>em</strong>anha, recomenda-se a lavag<strong>em</strong> das mãos com águae sabão apenas para situação <strong>de</strong> baixo risco. E para algunsoutros países analisados, a fricção higiênica das mãos com umagente anti-séptico, só está indicada quando da ausência <strong>de</strong>pias, <strong>em</strong> situações <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência ou <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> alto risco.Nesse mesmo estudo, o autor também relatou divergências <strong>em</strong>relação ao uso do sabão. Pelo guia do CDC, está indicado ouso do sabonete <strong>em</strong> barra ou líquido para a lavag<strong>em</strong> das mãos;<strong>em</strong> contrapartida, na Europa recomenda-se o sabonete líquidoe na Al<strong>em</strong>anha contra-indica-se o sabonete <strong>em</strong> barra.Como conseqüência das divergências observadas, <strong>em</strong>outubro <strong>de</strong> 2002, foi publicado pelo CDC, o gui<strong>de</strong>line <strong>de</strong>Higienização das mãos, trazendo a alteração da <strong>de</strong>nominação“Lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> mãos”, para “Higienização das mãos” <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong>do entendimento da maior abrangência/ampliação doprocedimento <strong>em</strong> questão. Esse guia traz a recomendação <strong>de</strong>higienização das mãos com água e sabão neutro e usoposterior <strong>de</strong> álcool (60% a 95%) glicerinado <strong>em</strong> caso <strong>de</strong>sujida<strong>de</strong> visível, ou o uso do álcool gel <strong>em</strong> situações <strong>em</strong> que nãosejam encontradas pias, b<strong>em</strong> como ao lado dos leitos dospacientes nas enfermarias, bastante s<strong>em</strong>elhante àsrecomendações utilizadas na Europa 9 .A partir <strong>de</strong> tais constatações, a Agência Nacional <strong>de</strong>Vigilância Sanitária (ANVISA) através do Programa Nacional <strong>de</strong>Controle <strong>de</strong> Infecção Hospitalar, no Brasil, t<strong>em</strong> tambémsugerido a adoção da <strong>de</strong>nominação “Higienização das mãos”como forma <strong>de</strong> ampliar o uso <strong>de</strong> água e sabão na lavag<strong>em</strong> dasmãos (como recomendado durante muito t<strong>em</strong>po) para aassociação <strong>de</strong> um anti-séptico nesse procedimento.Po<strong>de</strong>-se perceber, entretanto, que o objetivo <strong>de</strong> se associarum anti-séptico ao procedimento <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> das mãos visaaumentar a segurança para redução da flora transitória,caracterizando mais uma medida <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> se controlar adiss<strong>em</strong>inação dos microrganismos multirresistentes.A compreensão da importância epid<strong>em</strong>iológica <strong>de</strong>ssasituação fundamentou a alteração da <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong>“Lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> mãos”, para “Higienização das mãos” b<strong>em</strong> comoa revisão das soluções utilizadas. Também representa umacontribuição para que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (<strong>em</strong> todos osníveis) e as instituições abandon<strong>em</strong> <strong>de</strong>finitivamente a idéiasimplista <strong>de</strong> que o controle da infecção nos hospitais e, <strong>de</strong>forma geral, nos estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é <strong>de</strong> exclusivaresponsabilida<strong>de</strong> dos profissionais m<strong>em</strong>bros das CCIH e seenvolvam realmente como pessoas participantes e coresponsáveis<strong>de</strong>sse processo.Faz-se crucial, portanto, que antigas recomendações sejamrevistas, sustentando uma nova postura, baseada <strong>em</strong> um maior142 - Rev. Min. Enf., 7(2):140-44, jul./<strong>de</strong>z., 2003

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