11.07.2015 Views

versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A CO-EXISTÊNCIA COM OS FAMILIARES DOS PACIENTES HOSPITALIZADOS: EXPERIÊNCIA DO ENFERMEIRO NOSEU MUNDO-VIDA PROFISSIONAL<strong>de</strong>pendência física o único referencial que <strong>de</strong>termina a carênciado paciente <strong>em</strong> ter a sua família por perto.(. .) se a pessoa apesar <strong>de</strong> idosa é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e nãoapresenta nenhuma dificulda<strong>de</strong> ou alteração daconsciência, não justifica a presença do acompanhante nohospital (DISC. 5).Só permite acompanhante quando realmente é necessário.Ex<strong>em</strong>plifica citando o caso <strong>de</strong> um paciente “velhinho econfuso” internado na unida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que trabalha (DISC.4).Além da evidência <strong>de</strong> que esses enfermeiros centram o olharsomente no corpo físico, as <strong>de</strong>clarações nos permit<strong>em</strong> acreditarque, ao <strong>de</strong>cidir por avaliar a priorida<strong>de</strong> do paciente sob esseaspecto, teriam também como intenção, a ajuda doacompanhante durante os cuidados que lhe serão prestados,minimizando, assim, o trabalho <strong>de</strong> sua equipe.É interessante ressaltar que, após <strong>de</strong>cidir pelas concessões,certos enfermeiros estabelec<strong>em</strong> critérios para a escolha dosacompanhantes. Em dois discursos são reveladas as condiçõesconsi<strong>de</strong>radas por eles essenciais àqueles que po<strong>de</strong>rão ficar aolado do paciente. Precisam assumir o compromisso <strong>de</strong>permanecer<strong>em</strong> apenas <strong>de</strong>ntro da enfermaria on<strong>de</strong> está oparente hospitalizado, d<strong>em</strong>onstrar amor por ele, b<strong>em</strong> comodisposição <strong>de</strong> ajudar nos cuidados.Nós, enfermeiros, t<strong>em</strong>os que saber “controlar” os familiarese reconhecer qu<strong>em</strong> consegue cuidar do paciente com amor(DISC. 1).(. .) Tenta selecionar acompanhantes que têm condições <strong>de</strong>“ajudar”, <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>comprometer o tratamento dos pacientes. Fala <strong>de</strong> ant<strong>em</strong>ãopara a família que <strong>de</strong>ve ser uma pessoa disposta a ajudarnos cuidados e que permaneça somente <strong>de</strong>ntro do quarto(DISC. 5).Pelo que foi exposto, fica claramente <strong>de</strong>clarado que apreocupação <strong>de</strong> manter um acompanhante teria entre ospropósitos a recompensa <strong>de</strong> se ter ajuda nos cuidadostécnicos, consi<strong>de</strong>rando, inclusive, a priorização dos internoscom <strong>de</strong>pendência física, conduta, como foi visto, adotada poralguns <strong>de</strong>poentes.Mesmo reconhecendo que o relacionamento com osacompanhantes não é o melhor que se espera, um dosenfermeiros confessa permitir que a família permaneça naunida<strong>de</strong> e aju<strong>de</strong> nos cuidados, pela escassez <strong>de</strong> funcionários<strong>em</strong> sua equipe, justificando, <strong>de</strong>sta forma a intenção que estavasubjacente <strong>em</strong> vários relatos.. .Em algumas situações até “abre mão” das normas porquesabe que os familiares vão ajudar o paciente (DISC. 4).Deixa a família ajudar, porque t<strong>em</strong> poucos funcionários(DISC. 7).Aqui cabe salientar que, <strong>em</strong>bora não <strong>de</strong>va ser este o critériopara concessões <strong>de</strong> permanência dos acompanhantes nasunida<strong>de</strong>s hospitalares, a carência <strong>de</strong> recursos parece exercerforte influência ao se fazer esta opção.Afora os <strong>de</strong>poimentos que tratam das concessões ligadas àsnormas, um dos enfermeiros manifesta a sua insatisfação dianteda insistência freqüente dos familiares <strong>em</strong> permanecer<strong>em</strong> nosetor nos horários não permitidos, <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cendo às<strong>de</strong>terminações ali existentes.S<strong>em</strong>pre que chega ao hospital, encontra, junto aospacientes, familiares s<strong>em</strong> autorização para entrar<strong>em</strong> nainstituição fora do horário <strong>de</strong> visitas. Já levou até aoconhecimento da administração, pois acaba tendo queautorizar a permanência <strong>de</strong>les na unida<strong>de</strong>. Geralmenteinsist<strong>em</strong> para ficar no setor fora do período permitido. Estasituação foi discutida <strong>em</strong> reunião e o probl<strong>em</strong>a entretantocontinua (DISC. 7).Apesar <strong>de</strong> orientados, alguns acompanhantes <strong>de</strong>ixam ospacientes sozinhos e ficam perambulando pelos quartos,conversando, fazendo intrigas, chegando a interferir notratamento <strong>de</strong> outros pacientes.Estes acompanhantes traz<strong>em</strong> transtornos para a organizaçãodos serviços, sendo motivo <strong>de</strong> reclamações não apenas dosprofissionais, como <strong>de</strong> outros internos do setor.(. .) os familiares causam transtornos. Mesmo sendoorientados, não segu<strong>em</strong> as normas da unida<strong>de</strong>. Ao invés <strong>de</strong>ficar<strong>em</strong> perto dos seus doentes, vão para os outrosquartos, mex<strong>em</strong> no “soro”, faz<strong>em</strong> “futrico” <strong>de</strong> pacientes eda enfermag<strong>em</strong>. Certos acompanhantes são motivo <strong>de</strong>reclamação tanto da enfermag<strong>em</strong> como das própriaspessoas internadas (DISC.7).Exist<strong>em</strong> acompanhantes que não obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> às or<strong>de</strong>ns,andam <strong>de</strong> quarto <strong>em</strong> quarto e <strong>de</strong>ixam o doente sozinho(DISC. 1).Ainda que acreditando utilizar-se do bom senso e fazer<strong>em</strong>concessões, os enfermeiros continuam a enfrentar um dil<strong>em</strong>adifícil, pois as normas são constant<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>safiadas.No <strong>de</strong>correr dos <strong>de</strong>poimentos, aflora o impasse entre o fazercumprir as normas, aten<strong>de</strong>r as expectativas dos familiares econtrolar os acompanhantes para que se comport<strong>em</strong> conformeo esperado.Os participantes da investigação apresentam-sepreocupados com a implantação do Estatuto da Criança e doAdolescente 7 e da Portaria n. 280 8 referente à hospitalização doidoso, que garant<strong>em</strong> às pessoas incluídas nessas categorias,durante o período <strong>de</strong> internação, o direito <strong>de</strong> permanecer<strong>em</strong>acompanhados. Pensam que o espaço físico ina<strong>de</strong>quado e afalta <strong>de</strong> preparo das famílias com o cumprimento das leis viriamtumultuar, sobr<strong>em</strong>aneira, o setor.- Rev. Min. Enf., 7(2):93-101, jul./<strong>de</strong>z., 200399

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!