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MASTECTOMIA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A VIVÊNCIA DA SEXUALIDADE:ANÁLISE DA PRODUÇÃODO CONHECIMENTO UTILIZANDO UMA BASE DE DADOS INFORMATIZADAA mastectomia e sua influência sobre a vivência dasexualida<strong>de</strong>: o estado da arteÂmbito clínicoEstudos clínicos d<strong>em</strong>onstraram que o uso <strong>de</strong> algunsadjuvantes do tratamento quimioterápico como o Tamoxifeno eo Zola<strong>de</strong>x, medicamentos que proporcionam maior t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>ação da quimioterapia, aumentam a disfunção sexual nasmulheres por um período mais prolongado 2 . Não exist<strong>em</strong>evidências <strong>de</strong> que o carcinoma ductal invasivo surge apenas nafase juvenil. Um estudo 3d<strong>em</strong>onstrou não haver diferençaestatisticamente significante quanto ao surgimento <strong>de</strong>ste tipo<strong>de</strong> câncer entre mulheres <strong>de</strong> até 36 anos <strong>em</strong> comparaçãoàquelas menopausadas, que tinham ida<strong>de</strong>s entre 50 e 60 anos.Âmbito psicossocialA mastectomia envolve a mutilação do corpo f<strong>em</strong>inino eproduz conseqüências na esfera da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> f<strong>em</strong>inina. Osprincipais probl<strong>em</strong>as enfrentados pelas mulheresmastectomizadas refer<strong>em</strong>-se às alterações na imag<strong>em</strong>corporal, a vivência <strong>de</strong> sua sexualida<strong>de</strong> e f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong>. Elas, <strong>de</strong>certa forma, reproduz<strong>em</strong> o estereótipo cultural <strong>de</strong>predominância machista existente nas socieda<strong>de</strong>s 4-9 .A realização da mastectomia modifica o esqu<strong>em</strong>a corporal damulher e altera sua maneira <strong>de</strong> sentir e vivenciar o corpo.Reações psicológicas comuns durante a <strong>de</strong>scoberta,diagnóstico e tratamento inclu<strong>em</strong> ansieda<strong>de</strong>, negação, raiva e<strong>de</strong>pressão. As formas <strong>de</strong> enfrentamento dos tratamentosrelativos ao câncer <strong>de</strong> mama constitu<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios aser<strong>em</strong> transpostos pelas mulheres mastectomizadas 10-12 .Em muitos serviços <strong>de</strong> assistência às mulheres acometidaspor câncer <strong>de</strong> mama, estas não são preparadasa<strong>de</strong>quadamente para suas experiências no período pósoperatório,n<strong>em</strong> são informadas sobre serviços <strong>de</strong> suporte eapoio. Como conseqüência, muitas <strong>de</strong>las continuamexperimentando sintomas físicos e <strong>de</strong>pressão até muito t<strong>em</strong>poapós o término do tratamento 13,14 .O processo <strong>de</strong> reabilitação da mulher mastectomizadaimplica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recomeçar o aprendizado <strong>de</strong> muitashabilida<strong>de</strong>s. Isso envolve, entre outros, o reapren<strong>de</strong>r a vestir-se,banhar-se, caminhar sozinha ou fazer exercícios físicos.D<strong>em</strong>anda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redirecionar o seu papel no âmbitofamiliar, na comunida<strong>de</strong> à qual pertence e na própria socieda<strong>de</strong>.Isto requer a reformulação <strong>de</strong> seu autoconceito e auto-imag<strong>em</strong>,além da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> seu cotidiano 15-17. Estes autores ressaltam também que as mulheresmastectomizadas necessitam fazer muitas alterações <strong>em</strong> seuestilo <strong>de</strong> vida, <strong>em</strong> conseqüência da auto-estima diminuída.Além disso, passam por um processo <strong>de</strong> modificação dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, que é produto <strong>de</strong> fatores importantes do ponto <strong>de</strong>vista da mulher, entre eles, o sentimento <strong>de</strong> perda daf<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong> e as dificulda<strong>de</strong>s no relacionamento conjugal, quesão conseqüentes à diminuição do interesse sexual por parte<strong>de</strong> seus parceiros.Estima-se que esses probl<strong>em</strong>as sejam <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que há valorização das mamas como umsímbolo <strong>de</strong> f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong>, sexualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sejo e atração sexual,maternida<strong>de</strong> e beleza. São símbolos amplamente utilizados pelamídia, cujos valores são introjetados nas mulheres. Há <strong>de</strong> seconsi<strong>de</strong>rar, além dos já mencionados, o fato <strong>de</strong> a mama seruma representação <strong>de</strong> um órgão importante, do ponto <strong>de</strong> vistada imag<strong>em</strong> corporal f<strong>em</strong>inina, 18 e a falta da sensação <strong>de</strong> prazerna região mamária mutilada ser uma queixa comum àsmulheres submetidas à mastectomia 19,20 .Realizou-se estudo comparativo entre dois grupos d<strong>em</strong>ulheres submetidas a tratamento cirúrgico 21 . No primeiroadotou-se a técnica da mastectomia radical modificada e nosegundo, a mastectomia conservadora. Os autores concluíramque as mulheres do primeiro grupo apresentaram níveissignificativamente mais altos <strong>de</strong> tensão traumática e situacionalrelacionadas à vivência da sexualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> comparação às dosegundo grupo.Estudo sobre a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> mulheresmastectomizadas d<strong>em</strong>onstrou que 30% <strong>de</strong>las enfrentaramprobl<strong>em</strong>as relacionados à sexualida<strong>de</strong>, fadiga e sintomas <strong>de</strong><strong>de</strong>pressão. Esse dado comprovou a necessida<strong>de</strong> do suportepsicossocial especificamente direcionado a esses aspectos 22 .Outra pesquisa cujo foco estava voltado à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<strong>de</strong> mulheres mastectomizadas d<strong>em</strong>onstrou que essas mulheresnão são prejudicadas <strong>em</strong> sua integralida<strong>de</strong> pelo câncer d<strong>em</strong>ama. Seus autores chegam a supor que elas não necessitam<strong>de</strong> suporte psicossocial organizado, mas evi<strong>de</strong>nciam que osprobl<strong>em</strong>as relacionados com o braço e a sexualida<strong>de</strong>necessitam <strong>de</strong> suporte. Consi<strong>de</strong>ram que estas são dimensõesque influenciam diretamente sobre a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida enecessitam, portanto, do suporte profissional 23 .Aspectos relativos às influências étnicas sobre a experiênciada mastectomia foram estudados na perspectiva comparativa<strong>de</strong> mulheres americanas e africanas 24 . Constatou-se que asmulheres <strong>de</strong> ambas etnias necessitavam igualmente <strong>de</strong>informações da equipe médica no que se referia à trajetória dadoença e às experiências relativas ao câncer <strong>de</strong> mama.Estudo analisando a influência da ida<strong>de</strong> sobre a experiênciada mastectomia pô<strong>de</strong> concluir a não existência <strong>de</strong> diferenças notocante aos aspectos relativos à angústia psicológica,satisfação matrimonial e a freqüência sexual 25 . Constatou-setambém que mulheres que tiveram a mama conservadaconseguiram manter sua auto-estima mais elevada. Exist<strong>em</strong>evidências <strong>de</strong> que as mamas oferec<strong>em</strong> “proteção psicológica”e, portanto, as mulheres que tiveram as mamas preservadas- Rev. Min. Enf., 7(2):145-51, jul./<strong>de</strong>z., 2003147

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