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Relato de ExperiênciaEM BUSCA DE UM OLHAR INTEGRAL: IMPLEMENTAÇÃO DO PROTOCOLO DE CONSULTA DE ENFERMAGEM NOATENDIMENTO A MULHERES COM CÂNCER GINECOLÓGICO NO HC/UFMGIN SEARCH OF A GLOBAL APPROACH: IMPLEMENTATION OFTHE NURSING CONSULTATION PROTOCOL IN CARING FORWOMEN WITH GYNECOLOGIC CANCER AT THE UNIVERSITYHOSPITAL OF THE FEDERAL UNIVERSITY OF MINAS GERAIS(UFMG).EN BUSCA DE UNA MIRADA INTEGRAL:IMPLEMENTACIÓN DEL PROTOCOLO DE CONSULTA DEENFERMERÍA EN LA ATENCIÓN A MUJERES CON CÁNCERGINECOLÓGICO EN EL HC/URMG.Aline Fernandes de Paula *Maria de Fátima Seixas de Souza e Silva **RESUMOTrata-se de um relato de experiência da implantação do protocolo para Consulta de Enfermagem às mulheres portadoras de câncer ginecológico,realizado entre Enfermeiras integrantes das equipes de oncoginecologia e mastologia do Ambulatório Carlos Chagas (ACC) do HC/UFMG. O presentetrabalho tem como objetivo divulgar a implementação de um protocolo unificado para consulta da Enfermeira às pacientes com câncer ginecológicoe de mama, promovendo ações educativas e curativas a estas mulheres, com vistas também à promoção do auto-cuidado, além da integraçãomultiprofissional.Palavras-Chave: Referencia e Consulta; Enfermagem Oncológica; Avaliação em Enfermagem; Neoplasias dos Genitais Femininos / Enfermagem.Ocâncer ginecológico é uma das causas maisfreqüentes de morte na população feminina da América Latinae do Caribe, e sua incidência encontra-se entre as mais altas domundo 1 . No Brasil, entre as neoplasias, é uma das maiorescausa de óbito entre as mulheres, juntamente com o câncer depele e de pulmão 2 .O câncer ginecológico é hoje, no País, um sério problema desaúde pública, sendo a redução de seu impacto possívelatravés de programas integrados de controle, desde queincorporados aos demais níveis do sistema de atençãoà saúde.O Ministério da Saúde (MS) desde 1986, através doPrograma de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM),preconiza a prevenção do câncer ginecológico como uma dasações básicas na assistência prestada à mulher e vempropondo estender a cobertura de atendimento ginecológico atodas as mulheres que se encontram na faixa etária reprodutivaatravés dos centros de saúde de atenção primária. Tal propostaé hoje reforçada pelo SUS, embora nem todos os centros desaúde tenham essa ação implantada. De acordo com anormatização do MS, Ministério da Saúde deverão serpriorizadas as mulheres que nunca realizaram o exame e as dafaixa etária reprodutiva, sendo que a periodicidade do examedeve ser avaliada, caso a caso 3 .No ambulatório de ginecologia e obstetrícia do Hospital dasClínicas da Universidade Federal de Minas Gerais HC/UFMG, aimplantação da Consulta da Enfermeira voltada para aoncologia teve seu início em 1995, no serviço de mastologia, apartir da avaliação da Enfermeira daquele serviço quanto ànecessidade de um atendimento de Enfermagem específico,individual e sistematizado às clientes com câncer de mama,sem contudo perder a concepção de integralidadeda mulher 4 .* Mestre em Enfermagem, Enfermeira do Serviço de Cirurgia Pélvica doHC/UFMG.** Enfermeira do Serviço de Mastologia do HC/UFMGEndereço para correspondência:Aline Fernandes de PaulaRua Romualdo Lopes Cançado, 224/ 104 Castelo - Belo Horizonte /MGCEP:30840-460afpaula@terra.com.br ou aline@hc.ufmg.br156 - Rev. Min. Enf., 7(2):156-62, jul./dez., 2003
EM BUSCA DE UM OLHAR INTEGRAL: IMPLEMENTAÇÃO DO PROTOCOLO DE CONSULTA DE ENFERMAGEM NOATENDIMENTO A MULHERES COM CÂNCER GINECOLÓGICO NO HC/UFMGCom a consolidação da equipe multiprofissional do serviçode cirurgia pélvica do HC/UFMG, em 2002, fomos nosaproximando da realidade das mulheres portadoras de câncerginecológico – em especial de colo, de ovário, de endométrio,entre outros. Surgia aí a necessidade de implantarmos aConsulta da Enfermeira para essa clientela, numa concepçãoque a contemplasse não apenas como uma pelve a ser tratada,mas também como mulher, mãe, trabalhadora, enfim, como umser integral, em todos os momentos por ela vivenciados natrajetória do tratamento do câncer.Foi sob essa ótica que as Enfermeiras dos serviços demastologia e cirurgia pélvica desenvolveram um protocolounificado, visando contemplar a não somente as pacientes comcâncer de mama ou pélvico, mas mulheres que trabalham,sonham, sofrem, enfim, vivem como todas as outras.Objetivos• Apresentar um protocolo de Enfermagem unificado, quecontemple as necessidades da mulher com câncerginecológico e de mama como ser integral;• Sistematizar e documentar a Assistência da Enfermeiraprestada a essas mulheres;• Incentivar a formação de novos núcleos semelhantes, atravésda divulgação da experiência vivida pelas autoras, visando aoaumento da cobertura preventiva para neoplasiasginecológicas na população feminina brasileira.O ProtocoloPara atingir os objetivos almejados pelas Enfermeiras, foidesenvolvido um protocolo unificado (Anexo I), que fosse capazde contemplar as mulheres com câncer de mama e/ouginecológico.Na construção do protocolo unificado foi utilizado o modeloaté então empregado no Serviço de Mastologia do HC/UFMG.A partir daí foram avaliadas as necessidades comuns entre asusuárias desse serviço e as mulheres com câncer ginecológico,sendo garantido no protocolo um espaço para os pontosespecíficos de cada serviço.Mediante essa avaliação, foi desenvolvido um protocolo deEnfermagem unificado, que se encontra anexado a estetrabalho. O protocolo se divide em: (1) História: hábitosalimentares, eliminação vesical e intestinal, hábitos de sono,repouso e lazer, sexualidade, sintoma inicial, históriaginecológica pregressa, sintomas durante o curso, presença defadiga, alterações do humor e cognição, forma clínica evolutiva,sintomas atuais, tratamentos prévios, uso de medicação (vias,doses, grau de adaptação), capacidade de independência paraas atividades da vida diária (alimentar-se, realizar cuidadoshigiênicos, vestir-se, desenvolver atividades domésticas).(2)Exame físico: ectoscopia, postura, peso, estatura, estadonutricional, linguagem, humor, cooperação, respiração, sinaisvitais, estado do abdome, membros (pele, circulação,musculatura e articulações). (3) Intervenção: orientação para oautocuidado e encaminhamentos (fisioterapia, psicologia,serviço social entre outros), orientação ambulatorial para o pré,trans e pós-operatório imediato, visitas pré e pós-operatóriasna unidade de internação, orientações para alta domiciliar. (4)Avaliação ambulatorial pós cirúrgica: avaliação do grau deindependência, da qualidade do autocuidado domiciliar,avaliação da ferida operatória, retirada de pontos, curativos eencaminhamentos. (5) Tratamento complementar: orientaçãopara quimioterapia, radioterapia, braquiterapia,quimioirradiação.Considerações FinaisA expectativa das autoras com relação ao Protocolounificado é de que sejam garantidas orientações sistematizadase uniformes a todas as mulheres com câncer ginecológico / demamas em tratamento no Ambulatório do HC. Será possível,dessa forma, proporcionar a todas elas, em última instância,melhor qualidade de vida/sobrevida, uma vez que clientes bemorientadas são menos passíveis de complicações duranteo tratamento.A unificação do protocolo de Enfermagem, o registro dasinformações/orientações fornecidas e as impressões daEnfermeira colhidas durante o atendimento a essa clientelaproporcionarão mais condições para avaliar a evolução dasmulheres durante o tratamento, bem como oferecerãosubsídios para o desenvolvimento de futuros trabalhos,baseados nos registros dos atendimentos.Em nossa opinião, o ponto mais importante dessa novaproposta é vislumbrarmos a possibilidade de que a mulher (esua família) tome consciência sobre seu problema de formalúcida, com simplicidade e tranqüilidade, se posicione diante domesmo e assuma, definitivamente, as rédeas de seutratamento, de seu corpo e de sua vida.SummaryThis is a report on the experience of implementation of a nursingconsultation protocol for women diagnosed with gynecologiccancer, carried out by nurses on the mastology andoncogynecology team of the University Hospital of the UFMG, atthe Carlos Chagas Ambulatory.This study intends to publish a unified protocol for the nursingteam when examining patients with breast and gynecologiccancer, thereby providing educational and curative actions forthese patients, as well as promoting self-cure andmultidisciplinary integration.- Rev. Min. Enf., 7(2):156-62, jul./dez., 2003157
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