versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG
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MORTALIDADE INFANTIL NO MUNICÍPIO DE ALFENAS/MG, 1998-2000:PERFIL DE RISCO E EVITABILIDADE.evitáveis concentraram-se exclusivamente no período neonatal,(Tabela 4).Tabela 4 - Ida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que ocorreram os óbitos infantis eclassificação segundo critério <strong>de</strong> evitabilida<strong>de</strong>.Alfenas/MG, 1998-2000ClassificaçãodosóbitosEvitáveisNão evitáveisMal <strong>de</strong>finidaTotalN18310150< 7%36,0062,002,00100,00N070301117 a 27FONTE: SIM/SINASC, DRS - Alfenas/SMSIda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que ocorreram os óbitos (<strong>em</strong> dias)63,6327,309,10100,00A associação entre a morte infantil evitável e as variáveis:peso ao nascer, duração da gestação, ida<strong>de</strong> e escolaridad<strong>em</strong>aterna e número <strong>de</strong> consultas foi avaliada pelo teste <strong>de</strong> quiquadrado.O resultado comprovou que apenas o peso aonascer (p = 0,00029) e a duração da gestação (p = 0,00038)foram significantes. As d<strong>em</strong>ais variáveis <strong>de</strong>scritas nãoestiveram associadas ao óbito infantil evitável.Para melhor compreensão do quadro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que ascausas <strong>de</strong> morte proporcionam, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que ascrianças necessitam <strong>de</strong> três componentes essenciais: ocuidado fornecido às mães durante a gravi<strong>de</strong>z, a assistênciadada às mães e recém-nascidos durante o parto e asimunizações durante o período infantil 14 . Neste enfoque seráapresentada e discutida a evitabilida<strong>de</strong> dos óbitos infantis <strong>em</strong>Alfenas, segundo o grupo <strong>de</strong> causas.Analisando os dados coletados, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar que ogrupo <strong>de</strong> causas “redutíveis por ações <strong>de</strong> prevenção,diagnóstico e tratamento precoce” compõe cerca <strong>de</strong> 71% dototal <strong>de</strong> óbitos evitáveis ocorridos. Nesse grupo <strong>de</strong>stacaramseas doenças respiratórias do recém-nascido e aspneumonias e broncopneumonias no período neonatal tardio,retratando dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso na assistência da saú<strong>de</strong>infantil ou falha na efetivida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a.O grupo <strong>de</strong> causas <strong>de</strong> morte ocorridas por doençasevitáveis mediante a<strong>de</strong>quada atenção ao parto foi constituídopor <strong>de</strong>scolamento prévio <strong>de</strong> placenta, hipóxia, anóxia eruptura uterina materna. Segundo Ortiz (2001), essas causasindicam dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento no momento do parto,quer seja por questão <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> à maternida<strong>de</strong>, querseja por falta <strong>de</strong> atendimento obstétrico a<strong>de</strong>quado paramãe/filho ou ainda por falha na i<strong>de</strong>ntificação da gestante <strong>de</strong>alto risco.Embora com incidência pequena, chamaram atenção adiarréia e gastroenterite e a <strong>de</strong>snutrição, classificadas comocausas “evitáveis por meio <strong>de</strong> parcerias com outros setores”.A redução das doenças que compõ<strong>em</strong> este grupo não<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> intervenções do setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas%N200012128 e +%95,230,04,76100,00N45340382Total%54,9041,503,60100,00também <strong>de</strong> ações intersetoriais <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> eprevenção <strong>de</strong> danos. No entanto, essa parceria com outrossetores não diminui a responsabilida<strong>de</strong> dos profissionais edos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sobre os óbitos infantis por diarréia,<strong>de</strong>snutrição e gastroenterites.A pr<strong>em</strong>aturida<strong>de</strong> e a aminorrexe estão incluídas no grupo<strong>de</strong> causa “reduzível por a<strong>de</strong>quada atenção à gravi<strong>de</strong>z”. Ascausas incluídas nesse grupo indicam que existiramdificulda<strong>de</strong>s para i<strong>de</strong>ntificar oportunamente situações quepo<strong>de</strong>riam ser tratadas e minimizadas durante a assistênciapré-natal.Certamente que somente o atendimento a<strong>de</strong>quado no prénatalnão po<strong>de</strong> diminuir a incidência da pr<strong>em</strong>aturida<strong>de</strong> o quea classifica como parcialmente redutível, tendo <strong>em</strong> vista quesua redução <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também <strong>de</strong> outros fatores <strong>de</strong> riscocomo condições sociais da população. Dessa forma, tornasenecessário um estudo sobre as medidas que seriamnecessárias para diminuir a incidência <strong>de</strong> parto pr<strong>em</strong>aturoconsi<strong>de</strong>rando que, para controlar esses fatores sociais, énecessário implantar modificações nas estruturassocioeconômicas e educacionais, que reflet<strong>em</strong> nascondições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da população.O grupo das doenças “redutíveis por imunoprevenção”registrou um caso por tuberculose s<strong>em</strong> confirmaçãolaboratorial, ocorrido no período pós-neonatal.As causas <strong>de</strong> morte ocorridas por doenças classificadascomo “não evitáveis”, são compostas pelas MalformaçõesCongênitas e pela Síndrome da Angústia Respiratória. Nesteúltimo caso, chama atenção sua elevada incidência (26% dototal <strong>de</strong> óbitos), pois, <strong>em</strong>bora esteja classificada como nãoevitável, alguns autores como Araújo 1 e Miranda 10 <strong>de</strong>stacama eficácia do tratamento com surfactante pulmonar exógeno.Araújo 1 compl<strong>em</strong>enta que atualmente os pacientes do SUSreceb<strong>em</strong> essa medicação, o que t<strong>em</strong> contribuído paradiminuição da mortalida<strong>de</strong> infantil.Tendo <strong>em</strong> vista que os óbitos infantis por causas evitáveissão situações que não <strong>de</strong>veriam ocorrer, dado o grau <strong>de</strong>recursos existentes, eles são consi<strong>de</strong>rados eventos sentinelana avaliação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A ocorrência <strong>de</strong> um caso<strong>de</strong> morte por essas causas <strong>de</strong>verá dar início a umainvestigação para <strong>de</strong>tectar as falhas que o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aramcom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrigi-las futuramente.ConclusõesOs resultados apresentados d<strong>em</strong>onstram que o coeficiente<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil <strong>em</strong> Alfenas foi <strong>de</strong> 23,2 por mil nascidosvivos, sendo que mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes óbitos ocorreram noperíodo neonatal precoce, confirmando assim, a tendêncianacional <strong>de</strong> predomínio do componente neonatal sobre opós-neonatal.- Rev. Min. Enf., 7(2):117-23, jul./<strong>de</strong>z., 2003121