104Barros (2008) e Godoy (1998) mencionam que a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> agrária, como corpo, temna sua função social sua alma. Se a lei reconhece o direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> como legítimo, eassim <strong>de</strong>ve ser como é tradição do nosso sistema, também condiciona ao atendimento <strong>de</strong> suafunção social. Visa não só o interesse do titular, mas também ao interesse coletivo, quesuporta e tutela o direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>. A proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> agrária como bem <strong>de</strong> produção,<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agrária, cumpre a função social quando produz <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>,respeita as relações <strong>de</strong> trabalho e também observa os ditames <strong>de</strong> preservação e conservaçãoambiental.Para que a função social <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> seja cumpri<strong>da</strong> se faz necessário que aexploração <strong>da</strong> terra se dê nos termos econômicos, ambientais e sociais <strong>de</strong>finidos. Portanto,não há meios <strong>de</strong> cumprimento <strong>da</strong> função social <strong>de</strong> forma parcial; o or<strong>de</strong>namento pátrio nãoconcebe a idéia <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> com <strong>de</strong>vastação ambiental, ou <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> comexploração <strong>de</strong> trabalho indigno ou inseguro (BARROS, 2008).Durante a pesquisa, constatou-se que, na prática, os agricultores familiares <strong>da</strong> regiãoanalisa<strong>da</strong> diversificam sua produção, efetivando combinações com a produção animal e avegetal; conseguindo, assim, fazer agricultura e criação <strong>de</strong> animais para a alimentação esubsistência <strong>de</strong> suas famílias.E, nessa linha, po<strong>de</strong>-se confluenciar os <strong>da</strong>dos pesquisados e caracterizá-los comoaproveitamento racional e a<strong>de</strong>quado <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> pelos agricultores familiares do recorteregional pesquisado, bem como, classificar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses agricultores, como utilizaçãoa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> dos recursos naturais disponíveis e exploração que favorece o bem-estar dosproprietários e dos trabalhadores 75 .Essa situação também vai ao encontro dos escritos <strong>de</strong> Görgen (2004), quando elemenciona que a agricultura familiar é marca<strong>da</strong> pelo vínculo com a terra, com os ciclos dotempo e pela convivência com a natureza.Segundo Görgen (2004), a soberania alimentar do agricultor familiar começa em casa;produzir sua própria alimentação varia<strong>da</strong> e <strong>de</strong> forma estável, com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e semagrotóxicos, contribuindo para o aumento significativo <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong>scontamina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> venenose químicos, bem como, para o aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> autonomia dos pequenosagricultores.75 Função Social <strong>da</strong> Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: art. 186 <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral Brasileira <strong>de</strong> 1988; Incs. I a IV.
105Mesmo existindo a duali<strong>da</strong><strong>de</strong>: gran<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e agricultura familiar na regiãoanalisa<strong>da</strong>, e esta contando com apenas 6,57% dos hectares <strong>da</strong> região 76 , consegue abrigar16.426 estabelecimentos <strong>de</strong> agricultura familiar <strong>de</strong> acordo com a Lei 11.326/2006, o quecorrespon<strong>de</strong> a 58,42% dos estabelecimentos existentes.A pesquisa <strong>de</strong>monstrou a importância e a força <strong>de</strong>sse segmento na produção <strong>de</strong>gêneros indispensáveis para a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e, mesmo impactado por alguns gargalos 77que, muitas vezes, impe<strong>de</strong>m seu fortalecimento, consegue cumprir satisfatoriamente a funçãosocial.A agricultura familiar, segundo Magalhães e Bittencourt (1997), apesar <strong>de</strong> to<strong>da</strong> aproblemática que enfrenta, ain<strong>da</strong> não foi elimina<strong>da</strong> e está presente em to<strong>da</strong>s as regiões;continua sendo um segmento <strong>de</strong> enorme importância econômica e social do meio rural, comgran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> fortalecimento e crescimento. Sendo setor estratégico para a manutençãoe recuperação do emprego, para a redistribuição <strong>da</strong> ren<strong>da</strong>, para a garantia <strong>da</strong> soberaniaalimentar do país e para a construção do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.Nesse sentido, Soares (2001) menciona que a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> agricultura familiar não<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>da</strong> produção, havendo um conjunto <strong>de</strong> fatores sociais como: educação,cultura, lazer, saú<strong>de</strong> entre outros, que po<strong>de</strong>m ser tão importantes quanto o econômico na<strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O autor também colabora quando menciona que os impactos <strong>da</strong>spolíticas públicas em diferentes grupos <strong>da</strong> mesma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> (homens, mulheres, jovens,idosos entre outros) merecem reflexões diferencia<strong>da</strong>s, pois, ao se <strong>de</strong>bater a função social <strong>da</strong>agricultura, <strong>de</strong>ve-se, mais uma vez, repetir a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contextualizar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. Sendo assim, para o autor, as políticas públicas <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>s pelo olhar domercado po<strong>de</strong>m ignorar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> valores culturais intangíveis até a geração <strong>de</strong> emprego e ren<strong>da</strong>.O cumprimento <strong>da</strong> função social <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> rural colaborará para afixação dohomem no campo, para ajusta distribuição <strong>de</strong> terras rurais, para a produção <strong>de</strong> alimentos e oacesso aos Direitos Humanos à Alimentação A<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> 78 , previstos na Declaração Universaldos Direitos Humanos, bem como garantirá o direito <strong>de</strong> futuras gerações ao meio ambienteecologicamente equilibrado (BARROS, 2008).76 Tabela 06.77 Como exemplo, po<strong>de</strong>-se verificar as cinquenta (50) respostas compila<strong>da</strong>s relaciona<strong>da</strong>s pelos agricultoresfamiliares pesquisados em resposta à Questão 38 do Questionário <strong>de</strong> pesquisa utilizado.78 DHAA.
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