36Por volta <strong>de</strong> 1690, <strong>de</strong> acordo com os registros <strong>de</strong> Souza (2000), o Rio Gran<strong>de</strong> do Sulpassou a fornecer animais <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong> carga para a região <strong>de</strong> mineração em <strong>de</strong>corrênciado advento <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta do ouro em Minas Gerais. No início, os animais não eramdomesticados, mas <strong>de</strong>pois foram sendo domados nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais que se formavam.Com o tempo foi acontecendo a organização <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> tropeiros para a condução do gadodo sul para a feira <strong>de</strong> Sorocaba no Estado <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong>, esses animais eramcomercializados e distribuídos para as regiões <strong>de</strong>man<strong>da</strong>ntes.Por conseguinte, essa <strong>de</strong>man<strong>da</strong> mineira fez com que o Continente <strong>de</strong> São Pedro, agoraEstado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, inovasse a forma <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> gado, surgindo, então, asestâncias - proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais já com <strong>de</strong>limitações, cujo objetivo principal era a criação <strong>de</strong>gado (SOUZA, 2000).Em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong>s lutas pelas fronteiras, segundo Golin (2002), houve o <strong>de</strong>srespeitodo Tratado <strong>de</strong> Tor<strong>de</strong>silhas e a Coroa Portuguesa e Espanhola assinam em 1750 o Tratado <strong>de</strong>Madrid, que registrou a permuta <strong>da</strong> Colônia do Sacramento pelos Sete Povos <strong>da</strong>s Missões.Houve, assim, a preocupação com a ocupação <strong>da</strong> região Fronteira Oeste do Rio Gran<strong>de</strong> doSul, cujas <strong>de</strong>marcações foram efetiva<strong>da</strong>s por comissões mistas <strong>de</strong> espanhóis e portugueses e,para aperfeiçoar a <strong>de</strong>fesa portuguesa, contou-se com tropas paulistas e <strong>de</strong> outros povoados.Nesse período, o governo português inclusive resolveu recrutar portugueses <strong>da</strong> Ilha dosAçores para aumentar o povoamento <strong>da</strong> região.Mesmo assim, Souza (2000) menciona que as conten<strong>da</strong>s <strong>da</strong> fronteira não seapaziguaram, havendo, inclusive, a invasão <strong>da</strong> capital <strong>da</strong> Província, em 1763, peloGovernador <strong>de</strong> Buenos Aires - Ceballos.Conforme os registros <strong>de</strong> Souza (2000), houve a conclusão <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupar aregião e foram feitas as concessões <strong>de</strong> sesmarias 31 que originaram as estâncias do sul. Essasconcessões foram feitas a militares e servidores que estavam na região em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong>sguerras e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>marcações, e acabaram permanecendo. As estâncias possuíam área31 De acordo com os escritos <strong>de</strong> Jardim (2008), as sesmarias cumpriram a função social em Portugal, mas asimplantações no Brasil criaram distorções sociais com consequências que se arrastam até nossos dias, sem o<strong>de</strong>vido equacionamento por parte <strong>de</strong> nossos governantes. O autor Jardim (2008) também menciona que assesmarias no Brasil apareceram pela primeira vez em uma <strong>da</strong>s cartas passa<strong>da</strong> por Dom João em favor <strong>de</strong> MartimAfonso <strong>de</strong> Souza em 20 nov. 1530, on<strong>de</strong> foi atribuído o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r as terras do Brasil às pessoas queviessem com ele, bem como àquelas que aqui já se encontravam sem qualquer limite <strong>de</strong> extensão <strong>de</strong> área. Asdistribuições <strong>da</strong>s sesmarias geraram injustiça social ao concentrar nas mãos <strong>de</strong> poucos, gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong>terras, <strong>de</strong>scaracterizando assim, o instituto que em Portugal <strong>de</strong>sempenhava satisfatoriamente a função social(JARDIM, 2008).
37aproxima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 13 mil hectares e algumas em função <strong>da</strong>s quotas per capita familiareschegavam a 70 mil hectares.Por conseguinte, e <strong>de</strong> acordo com Souza (2000), a região continuou <strong>de</strong>spovoa<strong>da</strong> emfunção <strong>da</strong> grandiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e, originariamente,apareceram os latifúndios e uma hierarquia composta <strong>de</strong> senhores, peões e escravos. Essasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> passou a ser responsável pela segurança <strong>da</strong> região fronteiriça. Essas distribuições <strong>de</strong>terras e as manobras militares propiciaram o surgimento <strong>de</strong> centros e/ou aglomerações, cujabase econômica era a pecuária, e passaram a sediar as <strong>de</strong>cisões políticas <strong>da</strong> região,acontecendo em 1809, a divisão político-administrativa <strong>da</strong> Província. Durante o século XX einício do século XXI, esses centros permaneceram com gran<strong>de</strong> expressão política e foi nesseperíodo que surgiram Alegrete, Bagé, <strong>Santa</strong> Maria e São Gabriel (Figura 01, p. 41).O charque constituía alimento <strong>de</strong> escravos e as charquea<strong>da</strong>s gaúchas tinham pormercado o centro e o norte do país e as colônias antilhanas (SINGER, 1968).Durante o período <strong>da</strong> Guerra Cisplatina (1821-28), com o Ciclo do Charque, houve umfortalecimento <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia produtiva o que auxiliou, também, no <strong>de</strong>senvolvimento econômico<strong>da</strong> região Fronteira Oeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (SOUZA, 2000).A atração <strong>da</strong> pecuária, nessa época, <strong>de</strong> acordo com Singer (1968), é tamanha quecondiciona, inclusive, os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos açorianos, que abandonam a lavoura para <strong>de</strong>dicarseà criação.Singer (1968) lembra que, por efeito <strong>da</strong> in<strong>de</strong>pendência, o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul se tornauma só uni<strong>da</strong><strong>de</strong> administrativa. A dicotomia se revela sob a forma <strong>de</strong> contradições entre o sulpastoril e o centro lavrador, que explo<strong>de</strong>m na Guerra dos Farrapos (1835-45).Nessa linha, Souza (2000) menciona em seu resgate histórico que, nesta região <strong>de</strong>pecuária, a vinculação econômica <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi maior com o campo, situação esta queexplica o porquê <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s funcionarem somente como apoio político e social e não comoapoio à produção rural. Assim, a pecuária e os produtos <strong>de</strong>rivados foram se <strong>de</strong>senvolvendoem gran<strong>de</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A mão <strong>de</strong> obra contava com peões escravos e a mantença <strong>de</strong>estrutura social rígi<strong>da</strong> e hierarquiza<strong>da</strong>.No sul, segundo Singer (1968), o latifúndio mostrou-se capaz <strong>de</strong> superar a monocriação<strong>de</strong> gado para corte, diversificando a sua produção, com a introdução <strong>de</strong> ovelhas nospastos e com o surgimento <strong>da</strong> lavoura, através do arren<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> terras a grupos capitalistaspara cultivo <strong>de</strong> cereais em larga escala. Mas o problema fun<strong>da</strong>mental continuou sendo aestagnação <strong>da</strong> pecuária, <strong>de</strong>vido à exaustão dos pastos naturais; e a técnica emprega<strong>da</strong> teria queser substituí<strong>da</strong> pela pecuária intensiva, com pastos cultivados. E, igualmente, neste caso, o
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