404.2 Caracterização do município <strong>de</strong> Alegrete e seu sistema agrárioO município <strong>de</strong> Alegrete originou-se, no início do século XIX, <strong>da</strong> política do ImpérioPortuguês <strong>de</strong> expansão na região <strong>da</strong> Província Cisplatina, quando houve a ocupação do espaçoeconômico e cultural em disputa com os espanhóis (CORRÊA, 2009).Corrêa (2009) e Barroso (1992) mencionam, em suas pesquisas, que Alegrete surgeapós a concessão <strong>da</strong>s sesmarias; e no processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>sses centros são i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>squatro variáveis formadoras: exploração <strong>da</strong> pecuária, concessão <strong>de</strong> sesmarias, funçãoeconômico-militar e colonização açoriana.De acordo com Corrêa (2009) e Barroso (1992), enquanto os espanhóis promoviamuma ocupação dispersiva, preocupando-se em fun<strong>da</strong>r gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, os portuguesespromoviam um povoamento extensivo. E <strong>de</strong>ssa forma, a estância se tornava uma fortaleza,on<strong>de</strong> os estancieiros-sol<strong>da</strong>dos agiam resguar<strong>da</strong>ndo os seus interesses e bens, garantindo ocontrole e o domínio <strong>de</strong> suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Tendo como linha limítrofe os rios Jacuí e Ibicuí, a maioria <strong>da</strong>s aglomerações, em1857, localizava-se na meta<strong>de</strong> sul. A ocupação do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul aponta que, no final doséculo XVIII e déca<strong>da</strong>s iniciais do século XIX, a campanha sudoeste do estado não eraentendi<strong>da</strong> como fronteira no sentido <strong>de</strong> limite que separa dois estados soberanos, mas comoárea livre com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação. Assim, encontra-se a explicação para a gran<strong>de</strong>investi<strong>da</strong> portuguesa <strong>de</strong> conquista e formação <strong>de</strong> vilas e ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s na campanha rio-gran<strong>de</strong>nse,processo este acentuado no século XIX (CORRÊA, 2009 e BARROSO, 1992).No aspecto político administrativo, Alegrete tem origem na estratégia imperialistaportuguesa na região platina. Surge logo após a conquista <strong>da</strong>s Missões, em 1801, a partir <strong>da</strong>guar<strong>da</strong> avança<strong>da</strong> do Inhanduí e do acampamento militar no Ibirapuitã (CORRÊA, 2009).De acordo com Corrêa (2009) e Golin (2002), <strong>da</strong>s entranhas do latifúndio, gerado noprocesso <strong>de</strong> conquista do sudoeste rio-gran<strong>de</strong>nse e <strong>da</strong> guerra movi<strong>da</strong> contra o Protetorado <strong>de</strong>Artigas, nascia o município <strong>de</strong> Alegrete. Em 1814, foi cria<strong>da</strong> uma Capela na guar<strong>da</strong> doInhanduí. Em 1816, a Capela, com a evocação <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição Apareci<strong>da</strong>, foiabandona<strong>da</strong>, e a população eva<strong>de</strong> o lugar <strong>de</strong>vido às aproximações <strong>da</strong>s forças <strong>de</strong> Artigas que,sob o comando do General Verdum, saqueiam e queimam a Capela. José <strong>de</strong> Abreu, em 1817,faz um pedido, em nome <strong>da</strong> população, ao governador <strong>da</strong> Capitania, que se encontrava naregião, Sr. Luiz Telles Caminha e Menezes, V Marquês <strong>de</strong> Alegrete, para assentar o povoadoe a Capela em um novo sítio, no acampamento militar às margens do rio Ibirapuitã.
41Segundo os escritos <strong>de</strong> Corrêa (2009) e Mongelos (1984), em 1820, a CapelaQueima<strong>da</strong> é eleva<strong>da</strong> a Capela Cura<strong>da</strong>, com po<strong>de</strong>res eclesiásticos nos territórios que abrangemos atuais municípios <strong>de</strong> Uruguaiana, Quaraí, Livramento, Rosário do Sul e o atualDepartamento <strong>de</strong> Artigas, na República Oriental do Uruguay, até o rio Arapey, vincula<strong>da</strong> aSão Borja e a Rio Pardo.De acordo com Corrêa (2009) e Araújo Filho (1908), em 1831, é eleva<strong>da</strong> a Vila, compo<strong>de</strong>res sobre o mesmo espaço geográfico, vincula<strong>da</strong> a Cachoeira. Alegrete é capital <strong>da</strong>República Rio-gran<strong>de</strong>nse no período <strong>da</strong> Revolução Farroupilha, on<strong>de</strong>, em 1842, reuniu-se aAssembleia Constituinte. É eleva<strong>da</strong> à categoria <strong>de</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em 1857, período em que jáestavam <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s as fronteiras com a República Oriental do Uruguai, e os atuais municípios<strong>de</strong> Uruguaiana, Rosário e Quaraí pertenciam a Alegrete.Durante a Revolução Farroupilha, Alegrete tornou-se a terceira capital <strong>da</strong> RepúblicaRio-gran<strong>de</strong>nse (1842-1845); em 1843, foi concluí<strong>da</strong> e aprova<strong>da</strong> a Constituição <strong>da</strong> RepúblicaRio-Gran<strong>de</strong>nse.Des<strong>de</strong> 1801, segundo Corrêa (2009) e Antunes (1995), os campos que hoje fazemparte do território <strong>de</strong> Alegrete já vinham sendo ocupados por aventureiros. Uma lista militar,<strong>de</strong> 1810, apresenta 60 nomes <strong>de</strong> proprietários <strong>de</strong> sesmarias, muitos dos quais localizados noatual município <strong>de</strong> Alegrete. Embora, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1806, já houvesse pedidos <strong>de</strong> sesmaria na região,e muitas são concedi<strong>da</strong>s até 1820, os registros sobre doação <strong>de</strong> sesmarias apontam haverquatro concessões entre 1820 e 1822, sendo que, <strong>de</strong> 1823 a 1824, houve 30 concessões.No que se refere à formação administrativa, a Lei Provincial n.º 23, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong>1846 e Ato Municipal n.º 31, <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1834, criaram o distrito com a <strong>de</strong>nominação<strong>de</strong> Alegrete, subordinado ao município <strong>de</strong> São Borja. Foi elevado à categoria <strong>de</strong> vila, com a<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Alegrete, pelo Decreto <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1831 e <strong>de</strong>smembrado domunicípio <strong>de</strong> São Borja 32 .Após a caracterização histórica do município <strong>de</strong> Alegrete, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sta pesquisa,passou-se a tratar do seu sistema agrário, que, segundo Mazoyer & Ru<strong>da</strong>rt (1997), é a chaveconceitual que envolve o objeto <strong>de</strong> estudo a ser pesquisado. A conceituação possibilita areconstrução empírica <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> situação agrária, sendo referencial para compreensão<strong>da</strong>s interações que ocorrem na prática no meio.32 IBGE. Disponível em: . Acessoem 01 jul. 2012.
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