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A semente foi plantada

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Prefáciotrabalhistas e o direito à terra. Do latifúndio ao agronegócio, as relações entrecampesinato e capital são carregadas de conflitos em que dominação, subalternidadee resistência se reproduzem com novas formas de expressão, demonstrandoserem elementos estruturais da questão agrária. Nessa história, criminalizaçãoe a judiciarização das lutas camponesas são expressões do poder docapital para impedir a garantia dos direitos e da cidadania.Por exemplo, este livro registra que durante todo o século XX, os camponeseslutaram pela terra e pelos direitos. Lutas que continuam até hoje. Bastaobservar que os dados do Caderno Conflitos no Campo da Comissão Pastoral daTerra e do Relatório Dataluta registram a cada ano que São Paulo está entre osEstados com maior número de ocupações de terra. Esta obra é uma demonstraçãoda assertiva de que quanto mais conhecemos, mais temos a conhecer. Estaleitura de Cliff sobre o campesinato paulista é reveladora das falas dos que lutame fazem a história. Ainda hoje, criminalizados pela judiciarização da luta camponesa,a maior parte desses trabalhadores não tem espaço na imprensa corporativaque os descreve como baderneiros e subversivos na continuidade da postura históricade dominação que Cliff revela com rigor nesta extensa e rica obra.A espacialidade na análise da Cliff não se limita apenas à demonstração dodesenvolvimento da luta na multiplicidade de possibilidades construídas pelaresistência camponesa. É assim que compreendemos que o fim de uma organizaçãocamponesa significa término e passagem para uma nova fase da luta, narecriação com o nascimento de novos movimentos em outros lugares com outraspessoas. Mas esta análise vai além das escalas e das relações e mostra comofatos locais estão relacionados com movimentos em outras partes do país e domundo. Os fatos aqui analisados nos permitem compreender que a luta camponesaé declaradamente uma luta contra o capital, ao enfatizar os processos decooptação e subalternidade.Cliff é contundente com alguns intelectuais brasileiros, o que certamentevai ampliar o debate entre os estudiosos da questão agrária. O autor é categóricopor que conhece o território em que está pisando e esta é, aliás, uma de suasmelhores qualidades. Cliff é pesquisador “pé no chão”. Visitou a maior parte doslugares pesquisados e entrevistou as pessoas que deram a ele as referências principaispara sua leitura. O rigor de sua pesquisa é irrefutável, o que qualifica aindamais este livro sobre o campesinato paulista. Depois de ler A <strong>semente</strong> <strong>foi</strong> <strong>plantada</strong>,compreende-se o quanto são risíveis os livros de história do campesinato quetentam contar uma relação fraterna com o capital e negam os conflitos.Leia e comprove. Ou discorde.Presidente Prudente, 25 de janeiro de 2010.Bernardo Mançano Fernandes11<strong>semente</strong>_rev4.indd 11 4/2/2010 16:11:47

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