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A semente foi plantada

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Clifford Andrew WelchEste livro difere de outros estudos ao oferecer um exame do desenvolvimentodo movimento e de seus líderes no Estado de São Paulo, e, em especial,na zona agrícola do noroeste do Estado de São Paulo, chamada de Alta Mogiana,da qual Ribeirão Preto é o centro comercial e sociopolítico. Longe deser um estudo de comunidade, o livro se esforça para mostrar a relação entre amobilização do trabalhador rural local, a política estadual e nacional e as pressõeseconômicas e políticas internacionais. De central importância é a análisedo processo de incorporação política vivido pelos camponeses durante o períododemarcado pela Revolução de 1930 e pelo golpe de 1964. Enquanto algunspassos preliminares foram dados durante os anos de 1930 a 1945, depois de1945 os trabalhadores rurais começaram a abrir seu caminho no domínio público,exigindo voz e voto, na vida sociopolítica e econômica do país. Ao contrárioda interpretação predominante, A <strong>semente</strong> mostra que eles não podiamser excluídos e uma vez isso percebido pelas elites, estas tinham poucas escolhasa não ser tentar controlar a incorporação dos trabalhadores. O movimento sindicaldos trabalhadores rurais traduziu-se num tipo de relação à qual Wallersteincostuma chamar antisistêmica, orientado para conseguir uma divisão maisjusta dos benefícios da economia mundial capitalista. 2424Para muitos analistas, o controle está nas mãos do governo e dos fazendeiros, que “excluem”os camponeses dos “benefícios da modernização” e bloqueiam a incorporação do trabalhadorrural. Como discutido acima, a classe dominante (por definição) detém o controle predominante,mas os trabalhadores rurais exerceram seu controle (agency, na expressão famosa dohitoriador inglês E. P. Thompson) na vida. Eles também pressionaram por mudança, insistindona incorporação e na luta de modo que fosse algo significativo e benéfico. Nesse sentidoo movimento sindical é por excelência antissistêmica: mobilização produzida pelo sistemamundial capitalista que levanta contra o sistema e acaba modificando-o com sua inclusãomaior em seus benefícios (WALLERSTEIN, World-Systems Analysis, p. 60-75).O argumento da exclusão é bem articulado em AZEVÊDO, As ligas camponesas: “Se a incorporaçãoe a participação controlada das massas urbanas no sistema político constituem asbases de dominação do bloco industrial-agrário, através do Estado populista, no campo, ofundamento dessa dominação baseou-se na exclusão política e social dos camponeses e dostrabalhadores rurais” (37; ênfase no original). Tais declarações, enfatizando o poder unilateralda classe dominante em um livro cujo tema é o ativismo camponês, demonstram a tendênciaelitista da literatura sobre esse tema. Uma mudança radical nessa tendência ocorreu com aHistória dos movimentos de Medeiros (1989), que não somente argumenta a favor das ligaçõeshistóricas entre o movimento pré-1964 e o presente, mas também coloca o campesinato emdestaque, detalhando como a classe forçou sua entrada na vida política do país. Ver especialmente,“Um Balanço”, p. 79-81, para um resumo do período de 1945 a 1964. Infelizmente,o argumento dela não <strong>foi</strong> convincente para o cientista político Coletti, que defende que omovimento do trabalhador rural “<strong>foi</strong> abortado e substituído” por uma estrutura de “sindicatosoficiais rurais”, notáveis somente pela maneira como provaram ser um “limitador da cidadaniadas massas rurais e [um] poderoso instrumento de controle político-social nas mãosdo Estado”. Para sustentar essa visão, Coletti cita o postulado teórico de 1978 de Francisco40<strong>semente</strong>_rev4.indd 40 4/2/2010 16:11:49

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