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A semente foi plantada

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Clifford Andrew Welchria de Agricultura de São Paulo, os sociólogos Santa Helena Bosco e AntônioJordão Netto concluíram que os nordestinos vieram ao sul em primeiro lugarpor razões financeiras: para ganhar o máximo que pudessem, o mais rápido queconseguissem. Eles tinham pouco arrependimento de ir atrás das melhores condiçõese salários. Embora os colonos imigrantes não fossem menos interessadosem dinheiro, o governo patrocinou somente a viagem de famílias nucleares selecionadas,que eram então contratadas para fazendas de café específicas por períodosde um ano ou mais. Enquanto muitos imigrantes ansiavam voltar paracasa, e muitos acabavam indo, um bom número estabeleceu-se em São Paulo eprocurou desenvolver-se lá. 30 Por essas razões, os fazendeiros acreditavam que osimigrantes eram menos móveis, menos exigentes e, portanto, mais disciplinadose controláveis do que os trabalhadores migrantes brasileiros. 31Mobilizando o campesinatoA migração de camponeses para São Paulo não veio ao encontro das preferênciasdos fazendeiros. No clima político populista da década de 1950, o fluxoespontâneo e autônomo de trabalhadores complicou mais ainda a eficácia daautoridade deles. Quanto mais móveis e independentes eram os trabalhadoresrurais, mais difícil era para os fazendeiros influenciarem seu comportamento eadesão política. 32 A alta rotatividade da mão de obra ajudou a erodir as bases30O principal ideólogo da superioridade europeia nessa época <strong>foi</strong> Fernando Bastos D’Avila,cujo L’immigration au Bresil: Contribuition a une theorie generale de l’immigration (Rio de Janeiro:AGIR, 1956) <strong>foi</strong> influente. Vide La Cava, “As origens da emigração italiana”, p. 55-56.Sobre o comportamento de migração, ver Bosco e Jordão Netto, Migrações, p.64-75,219-24. Holloway analisa a mobilidade do colono em Immigrants on the Land 1980.31Mendes Sobrinho, Planejamento da fazenda de café. As premissas dos defensores daimigração italiana sofreram um choque em setembro de 1952, quando um dos primeiros dosnovos grupos de famílias de imigrantes italianos colonos trazidos ao Brasil revoltou-se. Agênciasde emprego na Itália haviam atraído seis famílias ao prometer a elas que retornariam paracasa assim que seus contratos fossem cumpridos. Mas quando os italianos chegaram em umagrande fazenda de café em Guatapará, situada perto de Ribeirão Preto, eles descobriram quehaviam sido enganados e exigiram retornar para a Itália. O caso atraiu a atenção da imprensa,e logo outros casos de insatisfação surgiram. Alarmantemente, dos seis mil camponesesitalianos que vieram a São Paulo em 1952, dois mil exigiram a repatriação para a Europa atémarço de 1953. Essa situação fez com que todo o programa de imigração fosse questionado.Ver Henrique Doria de Vasconcelos, “A mão de obra italiana e a agricultura paulista”,Brasil Rural 129 (Abril, 1953), p. 14-19.32Sobre coronelismo, vide o capitulo 1 e Victor Nunes Leal, Coronelismo: the municipality and representativegovernment in Brazil (New York: Cambridge University Press, 1977) e a critica provocativadele de James P. Woodard, “Coronelismo in Theory and Practice: Evidence, Analysis,208<strong>semente</strong>_rev4.indd 208 4/2/2010 16:12:02

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