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A semente foi plantada

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Clifford Andrew WelchA Semente <strong>foi</strong> PlantadaMoraes tinha memórias mais específicas do início da década de 1960. Eletinha sido um dos principais instigadores da mobilização rural na área antes dachegada ao poder dos militares. Na verdade, a rica história do movimento rural deGuariba sustenta a tese central deste livro: de que a <strong>semente</strong> do contemporâneomovimento camponês havia sido <strong>plantada</strong> em décadas anteriores. Continuidadessurpreendentes conectam Guariba ao passado. Guariba era uma das cidades ondeMoraes militou quando trabalhava em 1960 e 1961 para estabelecer organizaçõesde trabalhadores da cana, em usinas de Sertãozinho, Pontal, Barrinha e Pradópolis.Na época, a heterogeneidade da economia regional havia fragmentado seusesforços, mas, gradualmente, ficou claro que os cortadores de cana eram os maisinteressados naquilo que ele tinha a dizer. Moraes encontrou líderes dispostos naspessoas de Jorcelindo de Souza e de Mário Bugliani, que se tornaram presidentes,respectivamente, das associações de trabalhadores das usinas e fazendas de açúcarde Barrinha e Pontal. Após a luta pela sucessão de Goulart em setembro, os trabalhadoresde Guariba tinham se juntado a uma multidão de mil trabalhadoresrurais de Pitangueira, Pradópolis, Pontal e Sertãozinho, em um protesto em outubro,exigindo melhores salários e o direito de organizar sindicatos rurais. 8A verdadeira onda de greves da região veio em 1962, e não em 1961. Emjunho, os cortadores de cana que viviam em Guariba estavam entre os seis gruposde trabalhadores de usinas que interromperam o trabalho nos campos eusinas das antigas agroindústrias de Santa Elisa, Albertina, Santo Antônio, SãoFrancisco, São Geraldo e Bela Vista. Em julho, notícias de seu sucesso haviamse espalhado entre os trabalhadores das fazendas da Usina São Martinho, e estestambém entraram em greve. Como vimos no Capítulo 7, ambas as greves conseguiramaumentos de salário e promessas de melhorias nas condições de trabalho.Tanto em 1962 quanto em 1984, os trabalhadores residentes em Guaribaentraram em greve contra as usinas São Martinho e Santa Elisa.assalariados temporários da agricultura”. Seu artigo de 1985, “O movimento de Guariba”, discutesuas descobertas sobre a greve de 1961 na página 214. Sobre o papel dos veteranos, videD’INCAO e BOTELHO. “Movimento social e movimento sindical”. p. 61-66. Sobre Neves,vide NEVES, Elio. entrevistado pelo autor, Araraquara. 22 de julho de 1997.8Vide capítulo 7 e “Usineiros desrespeitam salário mínimo”. TL. outubro de 1961. p. 2; “AltaMogiana: 6 mil trabalhadores em greve derrotaram império dos usineiros”. TL. agosto de 1962.p. 5 e José TEODORO. “Usinas de açúcar começaram a funcionar”. DN. 23 de junho de 1962.p. 3. Moraes faleceu em dezembro de 1996, e Bugliani faleceu em setembro de 1989. Um dosseus camaradas da FALN – Forças Armadas de Libertação Nacional, Áurea Moretti Pires,alega que Bugliani serviu com o ponto de referência para os militantes de Guariba. “Eles costumavamse reunir na casa dele em Sertãozinho para discutir estratégias e táticas”, Moretti contoume.Áurea Moretti Pires, entrevistada pelo autor, Ribeirão Preto. 11 de junho de 1997.424<strong>semente</strong>_rev4.indd 424 4/2/2010 16:12:25

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