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A semente foi plantada

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4. Terreno Movediço:lutando contra os limites fataisda incorporaçãoO assassino tinha que morrer. Era uma noite em agosto, do ano de 1950,quando Irineu Luís de Moraes havia sido levado para dentro das matas de pinheirosao norte do Estado do Paraná, para um acampamento secreto de umgrupo armado de camponeses. Enquanto os homens planejavam executar o assassino– o chefe dos jagunços dos irmãos Lunardelli, uma das maiores famíliasde capitalistas agrícolas do país – eles poderiam não saber que a sua longa batalhade resistência contra a expulsão de seus sítios não ia dar certo. Com a execuçãodo jagunço, o movimento iria crescer rapidamente até atingir seu augee assim ser alvo de uma força repressiva dobrada, entrando em um período dedeclínio terminal. 1O movimento organizado iniciou se em 1946 com a fundação de ligascamponesas na região. As ligas promoveram uma manifestação que juntou1.500 pessoas. Centenas de famílias, cada uma tendo investido recursos consideráreispara limpar a floresta espessa entre os rios Paranapanema e Bandeirantedo Norte. Exigiram que o governo confirmasse suas pequenas propriedades enegasse o título a uns quantos “latifundiários” como Lunardelli.Alguns camponeses que participaram fizeram a longa viagem até o capitalfederal no Rio de Janeiro, esperando fazer apelos pessoais para o presidente.Voltando frustrados, foram enfrentados por capangas. Um dos delegados <strong>foi</strong>1Este relato deriva da entrevista de Irineu Luís de Moraes, realizada pelo autor e SebastiãoGeraldo em Ribeirão Preto no 27 de maio de 1989 (daqui em diante, entrevista comMoraes, parte 3). Mais duas fontes fundamentais foram utilizadas: Pedro Paulo FELIS-MINO. “Celestino, jagunço, espalhava o terror: Foi justiçado pelos posseiros”. Folha deLondrina. 26 de julho de 1985. p. 11 e Ângelo Aparecido PRIORI. “A revolta camponesade Porecatu. A luta pela defesa da terra camponesa e a atuação do Partido Comunista Brasileiro(PCB) no Campo (1942-1952)”. (Tese de Dotourado em História) UniversidadeEstadual Paulista, Assis, 2000. p. 238-243. O artigo de FELISMINO faz parte de umasérie de dez grandes reportagens escritas por ele, chamada “A guerra de Porecatu”, publicadapela FL, de 14 a 28 de julho de 1985. Para escrever esta história, os dois autoresutilizaram-se primariamente de processos judiciários e relatos orais. É importante anotarque nem FELISMINO nem PRIORI corroboraram a presença do Irineu na região antesde 1951. Agradeço a Sebastião Geraldo pela obtenção de uma cópia dos artigos da Folhade Londrina e o próprio PRIORI pela gentileza de me apresentar uma cópia de sua tese efazer uma leitura crítica deste capitulo.151<strong>semente</strong>_rev4.indd 151 4/2/2010 16:11:57

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