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A semente foi plantada

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Território de fronteiranas e médias fazendas, com algo em torno de cinco mil a cem mil pés. Comoo próprio Font mostra, entretanto, uma discórdia significativa acabou com asolidariedade do grupo do Café Grande. Por exemplo, os reis do café FranciscoSchmidt e Geremia Lunardelli ou apoiavam o sistema de governo do PRPou mantiveram-se longe da política. Tanto Schmidt quanto Lunardelli eramnascidos no exterior, e esta parece ter sido a linha divisória entre os grandes fazendeiros.Para Font, o grupo do Café Grande era veementemente nacionalista,e ocasionalmente anti-imigrante. No entanto, o grupo cafeicultor de oposiçãonão é bem entendido como “tradicional” também, pois entre eles havia algunsda classe dominante mais empreendedora e inovadora de São Paulo, incluindoAntônio Prado e Júlio de Mesquita Filho. Ambos eram fazendeiros, mas Pradotambém possuía fábricas, e Mesquita tinha sido educado na Europa e era o editordo influente jornal diário O Estado de S. Paulo. No fim, a principal diferençaentre os cafeicultores na oposição e os que compreendiam o partido do governo(situação) era o compromisso anterior com o futuro da agricultura e a tardia ligaçãocom a industrialização. Para o Café Grande, a agricultura era vista como a“vocação natural” do Brasil, enquanto a indústria era uma busca artificial. 37Os interesses do Café Grande não se opunham totalmente à industrialização;no entanto, eles viam a agricultura – especialmente o café – como o motordo progresso econômico e de uma ordem social apropriada. A indústria poderiasurgir apenas como uma extensão da agricultura – assim, na forma de indústriatêxtil, engenho de açúcar e beneficiadoras de café, cada um aumentando a riquezaagrícola do Brasil. Os fazendeiros tinham um passado nobre, e acreditavamque o Brasil poderia ter um futuro nobre enquanto fossem tomadas medidaspara fortalecer a economia agrícola. Eles queriam que a pirâmide social dafazenda fosse espelhada na sociedade brasileira, porque eles se sentiam confiantesde que, como nas propriedades onde eles governaram para atingir lucro, osfazendeiros poderiam aplicar, na sociedade, um conjunto único de habilidadee benevolência, da educação à autoridade, para guiar o Brasil para frente. Elesse diziam orgulhosos do sucesso daqueles colonos que trabalharam duramente,economizaram e subiram na vida. A esse respeito, a fazenda ensinou ao estrangeiroo que significava ser brasileiro. Ela era também uma família, com os37Vide Font, Coffee, Contention and Change. DEAN, “The Planter as Entrepreneur” e DarrellE. LEVI, The Prados of São Paulo: An Elite Family and social Change, 1840-1930 (Athens: Universityof Geórgia Press, 1987). Esta interpretação, que depende muito nas pesquisa do Font,difer-se a do excelente sintese Terra prometida: uma história da questão agrária (Rio de Janeiro:Editora Campus, 1999), em qual os historiadores Maria Yedda Linhares e Francisco CarlosTeixeira da Silva caracterizam o período de 1912 a 1930 como um da “estabilidade” da “hegemoniaagrário-conservadora” (91), dando pouca atenção para as forças progressistas dentreda elite agrária e jogando para a frente a análise da formação política do campesinato.69<strong>semente</strong>_rev4.indd 69 4/2/2010 16:11:51

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