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A semente foi plantada

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Clifford Andrew Welchsem sangue, obediente à lei, atenta aos postulados do regime democráticoque, pouco a pouco, se vai processando. 33Apesar da volta da frase vaga do Vargas – “o homem do campo” – já vimoscomo a cooperação <strong>foi</strong> negociada em bases políticas e não paternalistas.Na conclusão da carta, o Terra Livre comenta: “a passeata dos lavradores, fazendeiros,e trabalhadores agrícolas ao Rio de Janeiro para defender seus interesses,merece ser apoiada”. Para Salles Santos, tratava-se de uma manifestação docampo moral contra a cidade imoral. Para Lyndolpho Silva, tratava-se de umaoportunidade para aumentar a frente única.A maior e mais dramática manifestação de 1956 aconteceu em São Josédo Rio Preto, centro comercial da região Alta Araraquarense de São Paulo,localizada imediatamente um pouco ao oeste da região de Ribeirão Preto, aAlta Mogiana. Cerca de 3.500 colonos, parceiros e outros agricultores – amaioria organizada por militantes comunistas – se reuniram no centro da cidadeno dia 10 de novembro para ouvir os discursos dos representantes dosfazendeiros, tais como Salles Santos e Luís Duarte da Silva, presidente da associaçãolocal de fazendeiros. Dirigindo-se ao grupo, Duarte afirmou que asindicalização rural era uma “necessidade premente” e “o primeiro passo dessanova era”, marcando o final da abolição da escravatura, até então deixada incompleta.34 Aqui tínhamos um importante fazendeiro adotando exatamenteo mesmo discurso utilizado pelos militantes em suas lutas contra os proprietáriosdesde a Primeira Grande Guerra.Para organizar um evento tão impressionante, Duarte providenciou a presençade mais de 2 mil trabalhadores rurais junto aos organizadores comunistasdo campesinato, incluindo Irineu Luís de Moraes. Moraes garantiu um númeroalto de participantes, desde que os camponeses pudessem trazer bandeiras exigindosindicalização, aumentos de salário e outras medidas. Duarte falou comos membros da associação rural que concordaram com os termos de Moraes,pedindo apenas que não se fizesse nenhuma menção à União Soviética. As exigênciasdos trabalhadores tornaram-se itens de barganha, quando o prefeito deSão Paulo, Vladimir de Toledo Piza – indicado como porta-voz da manifestação– apresentou as exigências dos fazendeiros a funcionários do governo noRio de Janeiro. “É o trabalhador rural quem produz o que o povo brasileiro33“Fala o Presidente da Faresp sobre a ‘Marcha da Produção’” Terra Livre. Ano VIII, n. 73, 1ªde out.,1956, p. 4.34Sobre a manifestação de Rio Preto, vide “Condenada a ação dos políticos profissionais no setorrural. Concentração rural da Alta Araraquarense”. Brasil Rural. 173. dezembro de 1956.p. 4-6. “Marcha da Produção”. Terra Livre. Ano VIII, n. 75, 1ª de dez., 1956, p. 1. O discursode Duarte está em “São José do Rio Preto: Reforma cambial e reforma bancária, pontosbásicos”. Brasil Rural. 174. Janeiro de 1957. p. 27.264<strong>semente</strong>_rev4.indd 264 4/2/2010 16:12:07

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