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A semente foi plantada

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PrólogoJosé Leandro da Costa, militante sindicalista do Ceará (1988). Os depoimentosforam essenciais na reconstrução dos eventos regionais que resultaram na publicaçãode estudos de caso como “O campesinato fluminense: mobilização econtrole político” de Mario Grynszpan (1986), A revolta camponesa de Formosoe Trombas de Maria Esperança Carneiro Fernandes (1988) e As origens do movimentosindical de trabalhadores rurais no Ceará: 1954-1964 de Maria Glória W.Ochoa (1989). No já clássico filme Cabra marcado para morrer (1984), o documentaristaEduardo Coutinho combinou história oral com filmes da épocapara examinar as ligas de Paraíba e sua memória coletiva.Dos anos de 1990 até o século atual, a modernização dos mecanismos deprodução agrícola e a luta pela terra, dois processos integralmente ligados quese intensificaram nos anos depois do golpe militar, causaram uma mudança nofoco da pesquisa para a reforma agrária. Neste sentido, surgiram poucos livrosimportantes sobre o movimento sindical dos trabalhadores rurais no pré-golpe.Foram publicadas mais memórias de militantes do movimento sindical, estudosde movimentos em vários Estados e análises do movimento sindical no pósgolpeque também analisavam o período anterior. A tensão existente na relaçãoentre os trabalhadores rurais que dependiam de salários e os trabalhadores ruraisque dependiam da sua própria produção como lavradores tem sido mais analisada.É interessante notar que o reconhecimento da complexidade da sociedaderural fez com que ninguém mais tentasse escrever uma síntese. Em geral, os estudospassaram a confiar menos nas explicações estruturais e no progresso linear,mostrando uma preferência para o empiricismo e uma valorização do processo.Dois depoimentos publicados deram destaque para o movimento sindicalaté o golpe militar. Em Lutas camponesas no interior paulista (1992), os organizadoresCliff Welch e Sebastião Geraldo apresentam a memória do comunistaIrineu Luís de Moraes, o Índio, uma personagem principal no presente livro.Moraes trabalhava para as organizações do PCB que eram dirigidas por LyndolphoSilva, o depoente do livro O camponês e a história (2004), organizadopelo cientista político Paulo Cunha. As duas memórias revelam, por um lado,a incrível disciplina dos militantes e, por outro, as complicações institucionaisque desmoralizaram o movimento. 18Na linha de frente, Moraes sentia-se abandonado pelo partido e acabouconcluindo que o PCB continuamente “subestimava” a força revolucionáriados camponeses. Falando de Silva, Moraes o descreveu como alguém que “nãofazia nada (…), um carreirista…”. O depoimento de Silva sustenta, em parte,18Cliff WELCH e Sebastião GERALDO. Lutas camponesas no interior paulista: A memória deIrineu Luís de Moraes. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1992 e Paulo Ribeiro da CUNHA (org.).O camponês e a história: a construção da Ultab e a fundação da Contag. São Paulo: InstitutoAstrogildo Pereira, 2004.37<strong>semente</strong>_rev4.indd 37 4/2/2010 16:11:49

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