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A semente foi plantada

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5. Cultivando o solo:apropriando-se das ferramentasda incorporaçãoDesanimado pela falta de habilidade do Partido Comunista em cumprirsuas promessas, João Guerreiro Filho – líder da Liga Camponesa de Dumont –gradualmente afastou-se das atividades do PCB na década de 1950. Ele achavaque o partido era apenas um dos vários agentes políticos tentando organizar eliderar os camponeses em São Paulo. Seu objetivo de promover uma revoluçãoagrária anti-imperialista tinha que competir com outras abordagens para transformara sociedade. Na corrida presidencial de 1950, os desprezíveis e hostislíderes do PCB colocaram o partido em oposição à eleição, implorando aosafiliados que votassem em branco. Na voz combativa do Manifesto de Agosto,Prestes chamou o candidato que estava na liderança, Getúlio Vargas, de um“senhor feudal”. Para muitos trabalhadores, todavia, Vargas ainda era o “pai dospobres”, e eles ansiavam votar nele e no seu PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.Embora o partido tenha impresso em Vargas uma marca imperialista, Vargasidentificou-se fortemente com o nacionalismo e com aqueles que clamavampela “emancipação” do Brasil do controle do capital estrangeiro. Em uma campanhacalculada para diluir o apelo do PCB aos trabalhadores, Vargas chamouos comunistas de “velhacaria” e suas políticas de “suicidas”. 1Voltando à 1945, Vargas havia aberto o caminho para a incorporação políticade Guerreiro no momento em que ele estava se tornando mais conscientedo mundo a sua volta. Embora o PCB tenha sido seu primeiro companheirona jornada à cidadania, havia sido o discurso do trabalhismo de Vargas, exaltandoos trabalhadores brasileiros como a força central atrás da modernizaçãodo país, que marcou o caminho. Seguindo seu desejo de poder, Vargas cultivou1Prestes e Vargas tinham razões concretas para desconfiarem um do outro apesar dos eventospositivos de 1945. Em 1935, Prestes liderou a revolta da Intentona Comunista contra Vargas,o que resultou em várias vítimas dentro das Forças Armadas. Por outro lado, Vargas aprisionouPrestes e deportou sua mulher judia-alemã, Olga Benário Prestes, entregando-a às câmaras detortura de Hitler e à morte. Ver Fernando de Morais, Olga, 13ª edição (Rio de Janeiro:Globo, 1986). Sobre a oposição de Prestes à eleição de Vargas, ver Denis de Moraes e FernandoViana, Prestes: Lutas e autocriticas (Petrópolis: Ed. Vozes, 1982). p. 121-122; e Rodrigues,“O PCB”, p. 416. Sobre os comentários de Vargas, veja sua A política trabalhistano Brasil (Rio de Janeiro: José Olympio, 1950). p. 167; e Maria Celina Soares D’Araújo,O segundo govêrno Vargas, 1951-1954 (Rio de Janeiro: Zahar, 1982), p. 41-44.193<strong>semente</strong>_rev4.indd 193 4/2/2010 16:12:00

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