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A semente foi plantada

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Decepado a machadadasEm meados de 1963, o movimento havia sido totalmente legalizado peloETR; em dezembro, representantes dos camponeses de todo o Brasil se encontraramno Rio de Janeiro para fundar a Contag; no início de 1964, a intervençãofavorável da Supra havia quase que eliminado completamente as rivalidadesentre facções, e dado início a um período de rápida formação e reconhecimentode sindicatos. Esses eventos conferiram influência e prestígio inéditos a Sampaioe a outros militantes.No entanto, como Sampaio e outros militantes sabiam, os fazendeiros estavamextremamente desgostosos com o novo status do movimento camponês,e poucos trabalhadores rurais haviam realmente se beneficiado, apesar de todoo progresso legal e institucional. Em abril de 1964, quando os conspiradoresdo golpe vieram à região da Alta Mogiana, a árvore do movimento camponês<strong>foi</strong> cortada, e teve seus galhos podados na véspera da colheita. Restaram apenastocos e um tronco com suas raízes segurando no solo. Esperava-se, assim, que abase remanescente pudesse ser utilizada para silenciar o descontentamento sociale dirigir a discussão dos problemas do campesinato para setores distantesdo debate político. Das poucas árvores sobreviventes, restaram Sampaio e seusindicato de Batatais. 2a formação de um líder camponêsA história de Sampaio, de como ele se tornou um líder local dos camponeses,tem características comuns com a seleção deliberada de líderes orgânicos.Ao competir por espaço contra comunistas, fazendeiros reacionários, oportunistaspolíticos e o clero conservador, padre Celso e seus colegas da Frente Agráriatentaram identificar um ponto focal único, que tivesse maior possibilidadede sucesso em todas as frentes. Após consultas junto aos participantes da FrenteAgrária, inclusive o político João Carlos de Souza Meireles que representavauma esperança para o movimento, os organizadores decidiram dar ênfase ao2Poderíamos citar outros indivíduos importantes, como Antônio Crispim da Cruz, de Cravinhos.Sampaio morreu no início da década de 1980, após mais de 20 anos na liderança dosindicato de Batatais. Crispim – nascido em 1934 – ainda estava em atividade nos anos de1990. Vide, por exemplo, Gilberto BELLINI. “Trabalhadores rurais estão unidos no sindicatoe lutarão pela justiça”. DN, 10 de abr., 1962. p. 6. Jorge MARTINS. “Trabalhadoresrurais ingressam no sindicato: Estão dispostos a conseguir justiça social”. DN, 29 de maio de1962. p. 6. Padre Celso considerava Crispim como “muito radical.” Celso Ibson de SYLLOS,Entrevistado pelo autor. São Paulo. 19 e 26 janeiro 1989. Transcrição p. 13. (de agora emdiante, Transcrição Syllos.) Antônio Crispim da Cruz, transcrição de entrevista com oautor, Ribeirão Preto, 31 de março de 1989. AEL/Unicamp (de agora em diante, TranscriçãoCrispim). A história de Sampaio teve, intencionalmente, muita repercussão na época.357<strong>semente</strong>_rev4.indd 357 4/2/2010 16:12:17

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