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A semente foi plantada

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Clifford Andrew WelchA Aliança da marcha da ProduçãoUm impressionante exemplo da nova aliança surgiu entre 1956 e 1958,quando alguns fazendeiros negociaram, enquanto que outros competiram commilitantes locais, de maneira a obter apoio dos camponeses para a “Marcha daProdução”, uma marcha planejada dos produtores de café até o Palácio do Catete,a residência presidencial no Rio de Janeiro. A economia do café entrara emum novo ciclo em 1956 com árvores <strong>plantada</strong>s durante o boom do pós-guerrachegando, gradualmente, à maturidade de produção, e forçando os preços docafé a caírem. Apenas a geada devastadora do norte do Paraná <strong>foi</strong> capaz decontrolar o volume das colheitas e, assim, a queda dos preços em 1955, aindaque ao grande custo para os fazendeiros e camponeses daquela região. Desseano até 1959, quando os trabalhadores dos cafezais fizeram uma colheita semprecedentes, foram 44 milhões de sacas, o que tornou a oferta maior do que ademanda. Para recuperar as perdas no preço do café, os fazendeiros passaram aculpar o “confisco cambial”, objeto do capítulo anterior, pela maioria de seusproblemas. Preparando um ataque à política governamental, os fazendeiros organizaramdiversas manifestações para atrair tanto a participação dos camponesescomo dos proprietários. Esperando se beneficiarem de uma manifestaçãounificada de apoio à comunidade rural pela eliminação da política de manipularas taxas de câmbio do café, os fazendeiros finalmente concordaram em incluira sindicalização rural e a legislação do trabalho agrícola em suas listas dereivindicações. 31Em agosto, setembro e outubro de 1956, grupos de colonos de café efazendeiros se uniram em manifestações da “marcha da produção”, em Cafelândiae Bauru em São Paulo e Jacarezinho, Rolândia e Apucarana no Paraná.Outra manifestação, excepcional em sua rejeição da participação doscamponeses, <strong>foi</strong> realizada em um tênis clube exclusivo de Marília, São Paulo.Falando no evento de Marília, um fazendeiro paranaense atacou a infiltraçãocomunista entre os colonos do café, e alarmou sua plateia com notíciasde que um sindicato rural de sua área, inspirado pelo comunismo, contavacom mais de 20 mil membros. Mas o tom de cooperação entre os camponesese fazendeiros <strong>foi</strong> predominante nas outras manifestações. Em Cafelândia,onde mais de 3 mil fazendeiros, sitiantes de café e colonos se reuniram,o colono Catálino de Oliveira falou em nome dos trabalhadores, ao exigir a31Transcrição Silva. Parte 1. p. 14-8. “Marcha da produção: Possibilidade de paralisação totaldos trabalhos agrícolas. A luta tenaz contra o confisco cambial”. Brasil Rural (periódico daFaresp). 170. Setembro de 1956. p. 6-19. “Milhares de lavradores irão ao Rio”. TL. Setembrode 1956. p. 1-5. Benevides. O governo Kubitschek. p. 168-9. Sobre a economia do café,vide A. Beltrão. “Café”. In: Beloch e Abreu. ed. DHBB. p. 523.262<strong>semente</strong>_rev4.indd 262 4/2/2010 16:12:07

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