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A semente foi plantada

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Clifford Andrew Welchvimento organizado de camponeses. Com poucas exceções, os peões na indústriapecuária não eram conhecidos por sua militância. Ao invés disso, as mais contundentesexigências por mudança vinham dos setores agroexportadores, tais como ode café e o de cana-de-açúcar. Na base de um longo desenvolvimento de produtose do processo de exportação, esses trabalhadores rurais tinham uma posição maisvantajosa do que a maioria dos trabalhadores agrícolas. Nos anos que levaram à revoluçãode outubro de 1930, quando um novo governo nacional iniciou projetosque resultariam em relações sociais rurais modificadas em sua essência, as ações doscolonos do café no Estado de São Paulo ajudaram a criar o primeiro sistema liberalde relações de trabalho agrícola do país. Ao confrontarem o mundo que os fazendeiroshaviam construído à custa de escravos africanos, os novos trabalhadores nasfazendas de café abriram a fronteira para a plantação das <strong>semente</strong>s do movimentodos trabalhadores rurais. Esse capítulo narra aquele período.De escravo a trabalhador livreTrabalhadores escravizados, libertos e livres deram forma ao processo detransição da escravatura para o trabalho livre no Brasil, processo que começouefetivamente com a proibição da importação de Africanos em 1850 e terminouoficialmente em maio de 1888, quando a Princesa Isabel aprovou a Lei Áurea.O ano 1850 <strong>foi</strong> importante também pela promulgação da Lei de Terras que tornoumais difícil o acesso à propriedade privada para quem tivesse baixo capital epoucas relações com poderosos. Nenhum dos grupos pode ser apontado comoo que iniciou ou determinou o resultado do processo, mas eles certamente o influenciaram.Uma autoridade afirma que os levantes de escravos e as fugas dasfazendas em São Paulo foram o “fator mais significante” subjacente ao eventualapoio dos senadores federais à libertação. Mas se os homens libertos tivessemconseguido o que desejavam, conforme relata a historiadora Maria Helena Machado,o governo os haveria transformado em lavradores ao invés de tê-los deixadoà margem da sociedade, como acabou acontecendo. Um estudo detalhadoda formação do mercado de trabalho na boca do sertão paulista, mostra como<strong>foi</strong> significativo a continua participação dos trabalhadores livres nacionais durantea transição. 3483A importância da rebelião dos escravos é examinada em Robert Brent TOPLIN, “Upheaval,Violence, and the Abolition of Slavery in Brazil: The Case of São Paulo”, Hispanic AmericanHistorical Review (doravante HAHR) 49: 4 (1969), 639-55. A transição para o trabalholivre é analisada em Emilia Viotta da COSTA, “Sharecroppers and Plantation Owners: AnExperiment with Free Labor”, The Brazilian Empire (Chicago: University of Chicago Press,1985), p. 94-124; Verena STOLCKE e Michael M. HALL, “The Introduction of Free La<strong>semente</strong>_rev4.indd48 4/2/2010 16:11:50

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