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A semente foi plantada

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PrólogoEm São Paulo, as políticas de incorporação do trabalhador rural foram especialmentedinâmicas. Muito do crescimento e desenvolvimento de São Paulo,o mais rico e mais poderoso Estado do Brasil por mais de um século, originou-seda riqueza do seu solo e da energia de centenas de milhares de escravosameríndios e africanos, bem como de trabalhadores livres europeus usados nalimpeza da terra e no cultivo de várias plantações. Até os anos de 1930, nãohavia páreo para as fazendas de café de São Paulo. De 1930 em diante, sua importânciadecresceu no ritmo da ascensão de outras culturas comerciais, sobretudoo algodão e a cana-de-açúcar. Todavia, o café permaneceu o produto maislucrativo do Estado até os anos de 1960. A exportação do café também continuousendo a principal fonte de dinheiro estrangeiro para o Brasil, um recursoprecioso para uma nação que buscava importar equipamento e tecnologia paraconstruir seu setor industrial. A classe dominante de São Paulo devia muito dasua influência política a essa cultura estratégica. Enquanto o café prosperava, aindústria do Estado também fez sucesso e, no decorrer do tempo, passou paraincluir uma rede de usinas de açúcar e outras agroindústrias. 11O retorno gerado pela demanda mundial de café fez de São Paulo a principallocomotiva do Brasil e também seu principal engenheiro. A riqueza dosfazendeiros de São Paulo os colocou à frente da classe dominante nacional, oque despertou a inveja de frações dessa classe. Sua posição de predominaçãoacabou por criar quem os desafiassem e, começando nos anos de 1920, os paulistasforam forçados a renunciar um pouco do seu poder político, embora elestenham permanecido com considerável influência socioeconômica sobre a nação.Depois de 1930, cada governante estava ligado ao automotor de São Paulo,tentando estabelecer limites à sua velocidade e poder.As relações de trabalho nas fazendas de São Paulo apresentavam aos trabalhadoresrurais excelente oportunidade para fazer pressão por melhores condiçõesde vida e trabalho. O processo de trabalho passa logo a ser o primeiroeixo de conflito entre fazendeiro, burocrata, trabalhador e líder, uma vez qualimaginava a forma de organização da produção e da terra a partir de um pris-11Trabalhos importantes sobre a história agrária de São Paulo incluem: Maria Sylvia de CarvalhoFRANCO. Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros,1969; DEAN, Warren. The Industrialization of São Paulo, 1880-1945 Austin: Universityof Texas Press, 1969; Joseph LOVE. Locomotiva: São Paulo na federação brasileira,1889-1937. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1982; Thomas H. HOLLOWAY. Imigrantespara o café: Café e sociedade em São Paulo, 1886-1930. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,1984; Maria Yedda LINHARES e Francisco Carlos Teixeira da SILVA. “A problemática daprodução de alimentos e das crises numa economia colonial” in História da agricultura brasileira:combates e controvérsias. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988, p.107-170; e MauricioA. FONT. Coffee, Contention and Change in the Making of Modern Brazil. New York: BasilBlackwell, 1990.31<strong>semente</strong>_rev4.indd 31 4/2/2010 16:11:49

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