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A semente foi plantada

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Clifford Andrew Welchda rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Eles desejavam bloquear o tráfegonesta importantíssima artéria comercial, enchendo-a com tratores em marchalenta, veículos rurais e manifestantes a pé. Vendo que uma crise se desenhava nohorizonte, o governo ameaçou a Faresp com uma intervenção militar, além daviolenta supressão da marcha, caso ela acontecesse, o que fez com que os fazendeirosdesistissem da ideia. Com um tom de sarcasmo, Lucas Lopes, ministro federaldas finanças, agradeceu aos fazendeiros pela contribuição monetária necessária àcompra das armas que seriam usadas para detê-los. 38 Como mostra o incidenteda Marcha da Produção, as relações políticas e sociais no campo haviam mudadoconsideravelmente desde 1945, quando os fazendeiros, com uma autoconfiançaequivocada, haviam tido por certo o apoio dos trabalhadores. Desta vez, dirigentesda burguesia agrária haviam negociado suas reivindicações com representantesmilitantesdos camponeses ao organizarem uma manifestação e se reinventaramcomo líderes políticos, e não patriarcais.“Isso aí é de leis”Para aproveitar e expandir as consequências desses eventos e assegurar aposição do partido como defensor do campesinato, os organizadores da Ultab,Portela e Silva, viajaram pelo interior pregando o evangelho da sindicalizaçãorural, enquanto trabalhavam secretamente pelo aprofundamento da base ruraldo partido. Nas zonas de cultura do café e da cana-de-açúcar de São Paulo, Silvadescobriu a utilidade prática da lei. “Nós, neste movimento, a gente levava emconta, que os trabalhadores do campo e os camponeses e os assalariados, elessão homens que acreditam muito na lei”, afirma. “Foram educados assim. Oque está fora da lei, eles têm medo”.Em São Paulo, a lei impressionava muito, tanto os trabalhadores quantoas autoridades. Silva se lembra de ocasiões em que a polícia local desistiu de reprimira assembleia dos trabalhadores rurais quando se mostrava a seus oficiaisuma cópia da lei de sindicalização rural, Decreto-Lei número 7.038, de 1944,anunciado por Vargas. Tais demonstrações do poder da lei ajudaram a controlara repressão e encorajar os camponeses. No Brasil, “o camponês (…) nunca tevecondições, pelo seu alto grau de analfabetismo, pelo seu desligamento das fontesde informação, ele não sabia em que mundo ele estava”, o Silva me explicou. “Ogrande lugar [onde] encontraria um pouco de alento para essa situação era ir para38Sobre planos de barreiras nas estradas, vide Oliveiros S. Ferreira, entrevistado por Maria Victoriade Mesquita Benevides, citado por Benevides, O governo Kubitschek. p. 168. SobreLopes, vide Maquis. 73. 1º. de novembro de 1958. In: Benevides. Kubitschek p. 169.266<strong>semente</strong>_rev4.indd 266 4/2/2010 16:12:07

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