18creta. Dessa maneira, o indivíduo coloca-se numa posição que o torna crítico num sistema derelações.Freire (1975, p. 83) discute ainda sobre a problematização do homem-mundo: “Aproblematização, na verdade, não é do termo relação, em si mesma. O termo relação indica opróprio do homem frente ao mundo, que é estar nele e com ele, como um ser do trabalho, daação, com que transforma o mundo”. Segundo o autor, os indivíduos, como seres do conhecimento,vão se revelando frente ao mundo, com todos os desafios e possibilidades e, atravésda problematização homem-mundo, se (re)descobrem. Desse modo, o indivíduo passa a ver oobjeto como uma situação-problema, e mantém para com este uma relação permanente.O homem é homem e o mundo é histórico-cultural na medida em que ambos, inacabados,se encontram numa relação permanente, na qual o homem, transformando omundo, sofre os efeitos de sua própria transformação (FREIRE, 1975, p. 76).O que Freire afirma reforça a idéia de que o homem é um ser inacabado e precisa,portanto, do outro. É através da interação, ou seja, da mediação discursiva, que ele precisatentar acordos ou superar os conflitos gerados pelas diferenças, processo esse que se entendecomo necessário à atividade vital.1.2 DISCURSO E DIALOGIAPara se constituir como sujeito, o homem precisa do outro, o que leva à necessidadede relações dialógicas. Para Bakhtin, o papel do “outro” é central na comunicação verbal.A compreensão de um “enunciado vivo” é sempre acompanhada de uma “atitude responsivaativa”, podendo, inclusive, ser variável, conforme o grau de entendimento do indivíduoquanto ao enunciado proposto. Assim,
19[...] o ouvinte que recebe e compreende a significação (lingüística) de um discursoadota simultaneamente, para com este discurso, uma atitude responsiva ativa: eleconcorda ou discorda (total ou parcialmente), completa, adapta, apronta-se para executar,etc., e esta atitude do ouvinte está em elaboração constante durante todo oprocesso de audição e de compreensão desde o início do discurso, às vezes já nasprimeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN, 1997, p. 290).Vê-se, por conseguinte, que, quando um enunciado é apresentado ao ouvinte, eleautomaticamente prepara-se para participar do processo da comunicação, como se já estivessepreparando uma possível resposta. O locutor espera sempre do ouvinte uma compreensão ativa,isto é, uma resposta, uma concordância, uma objeção, uma execução, etc. É o que salientaBakhtin:Toda compreensão é prenhe de resposta e, de uma forma ou de outra, forçosamentea produz: o ouvinte torna-se locutor. A compreensão das significações do discursoouvido é apenas o elemento abstrato de um fato real que é o todo constituído pelacompreensão responsiva ativa e que se materializa no ato real da resposta fônicasubseqüente (1997, p. 290).Pode-se perceber que, num diálogo, o próprio locutor também faz o papel de um“respondente”, pois ao terminar de falar, já pressupõe que alguém vai perguntar ou opinar(nãosó no sentido de saber,mas prevê um conteúdo), ou seja, a compreensão responsiva é a faseinicial e preparatória para uma resposta. Neste instante o locutor, para que haja sucesso noprocesso, espera que o ouvinte não seja passivo.Bakhtin entende que através do diálogo ocorre a forma mais clássica da comunicaçãoverbal.É no diálogo real que esta alternância dos sujeitos falantes é observada de modomais direto e evidente; os enunciados dos interlocutores (parceiros do diálogo), aque chamamos de réplicas, alternam-se regularmente nele. O diálogo, por sua clarezae simplicidade, é a forma mais clássica da comunicação verbal. Cada réplica, pormais breve e fragmentária que seja, possui um acabamento específico que expressa aposição do locutor sendo possível responder, sendo possível tomar, com relação aesta réplica, uma posição responsiva (1997, p. 294).O espaço para o outro falar é fundamental e as relações que se estabelecem entreas réplicas do diálogo (relações de perguntas/respostas, asserção/objeção, etc.) não podem
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