88sobre as possibilidades de resposta ativa, a partir de algumas modificações em determinadassituações de prática de leitura. É neste sentido que a entrada do <strong>texto</strong> na sala de aula deve sero ponto de partida de toda e qualquer atividade, haja vista que o <strong>texto</strong> implica a dialogicidadeque, segundo Bakhtin, é um ato responsivo.Em toda parte temos o <strong>texto</strong> virtual ou real e a compreensão que ele requer. O estudotorna-se interrogação e troca, ou seja, diálogo. Não interrogamos a natureza e elanão nos responde. Interrogamos a nós mesmos, e nós, de certa maneira, organizamosnossa observação ou nossas experiências a fim de obtermos uma resposta. (1997, p.341).Segundo Freire, os desafios devem ser apresentados como problema em suas inter-relaçõescom o mundo em que os educandos convivem, num plano de totalidade e nãocomo algo petrificado.Quanto mais se problematizem os educandos, como seres no mundo e com o mundo,tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responderao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo.Mas, precisamente porque captam o desafio como problema em suas conexões comos outros, num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultantetende a tornar-se crescentemente crítica, por isto, cada vez mais desalienada.(1997, p. 70).Observa-se que, na concepção de Freire, os <strong>texto</strong>s e as atividades propostas a partirdo <strong>texto</strong>, quando não relacionados à vivência do aluno e quando não abertos ao diálogo e àinteração não possibilitam que se realizem os objetivos de uma educação libertadora; ao contrário,eles apenas transmitem o conhecimento sem promoverem a compreensão crítica queincita atitudes comprometidas com a transformação da sociedade. Falham, então, em sua missãode mediar o conhecimento.Também, segundo Cavalcante, novos posicionamentos devem ser tomados acercada leitura.Assumimos a leitura enquanto prática de produção de sentidos, historicamente determinada,um processo de desvelamento, confronto, construção/desconstrução desentidos por um sujeito determinado, que inscrito em determinada condição sóciohistórica,diante de uma materialidade discursiva, identificando-se ou não com o su-
89jeito/enunciante, com ele estabelece uma interlocução ratificando, refutando, resignificandoos sentidos aí existentes. (CAVALCANTE, 2002, p. 91).Cavalcante aproxima-se também das concepções de Freire quando diz que atravésda leitura, como prática de produção de sentidos, o sujeito se identifica, estabelecendo umainterlocução, uma reflexão, no dizer de Freire (1986, p. 22), “certa forma de reescrever omundo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente”.Percebe-se, inclusive, que o tipo de trabalho proposto, em determinadas situações,como nas partes denominadas Margens do Texto, Intertextualidade, Literatura e Gramática,pode criar uma visão da realidade uniformizada nos alunos e uma barreira sobre a questão daleitura como produção de sentidos e de desafios, o que faz lembrar Freire, quando mencionaque:[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se aproveitado aprendido, com o que pode, por isso mesmo, re-inventá-lo; aquele que é capazde aplicar o aprendido-apreendido a situações existenciais concretas. Pelo contrário,aquele que é “enchido” por outros de conteúdos cuja existência não percebe,de conteúdos que contradizem a própria forma de estar em seu mundo, sem que sejadesafiado, não aprende (1975, p. 13).Assim, percebe-se a importância da mediação do professor na interposição dequestões e atividades que transcendam o conteúdo posto, com o propósito de problematizar econtextualizar esse conteúdo. Ressalta-se, a esse respeito, o pensamento de Verçosa:O <strong>texto</strong> didático não tem autonomia no âmbito escola; ele é, apenas, um dos instrumentosde articulação de uma determinada visão de mundo, cujo estudo passa, inevitavelmente,pela mediação do professor. Será a prática deste sobre o <strong>texto</strong> que irádeterminar, de modo predominante, a direção da orientação ideológica da prática escolar,nascendo dela um dos momentos críticos da reprodução ou superação da ideologiadominante (1999, p. 50).Neste sentido, a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p. 69) ressalta que aexperiência mostra ser possível, a partir da pesquisa e da reflexão, propor aos alunos atividadesalternativas a muitas lições do livro didático, para o desenvolvimento da compreensão dofenômeno da linguagem, em experiências vinculadas ao mundo vivido aqui e agora.
- Page 4 and 5:
RESUMONeste trabalho, analisam-se a
- Page 6 and 7:
SUMÁRIOINTRODUÇÃO ..............
- Page 8:
8Com base nessa experiência, no co
- Page 11 and 12:
111 O DISCURSOEste capítulo visa a
- Page 14 and 15:
14do - em resumo, se afirma e expri
- Page 16 and 17:
16tui-se como ser social, pois a li
- Page 18 and 19:
18creta. Dessa maneira, o indivídu
- Page 20 and 21:
20ocorrer entre as unidades da lín
- Page 22 and 23:
22O enunciado sempre tem um destina
- Page 24 and 25:
24tinção não proíbe: faz como s
- Page 26 and 27:
26[...]” (idem, p. 107). Vê-se q
- Page 28 and 29:
28Estas proposições estão totalm
- Page 30 and 31:
30As ações com a linguagem visam
- Page 32 and 33:
32superação da contradição educ
- Page 34 and 35:
34Assim, pode-se verificar que, par
- Page 36 and 37:
36as finalidades do ensino da líng
- Page 38 and 39: 38A Proposta Curricular de Santa Ca
- Page 40 and 41: 402 O TEXTO COMO MEDIAÇÃOO texto
- Page 42 and 43: 42“[...] inde-terminar aquilo que
- Page 44 and 45: 44Dá-se o primeiro passo para a fo
- Page 46 and 47: 46Desse modo, quando o homem ouve o
- Page 48 and 49: 48que com ajuda, poderá fazer mais
- Page 50 and 51: 50Os conceitos científicos, pois,
- Page 52 and 53: 52Percebe-se que Freire e Vygotsky
- Page 54 and 55: 54quando se pensa em educação, s
- Page 56 and 57: 56Esse tipo de leitura pode-se cham
- Page 58 and 59: 58língua, que “a leitura é uma
- Page 60 and 61: 60Observa-se que os princípios nor
- Page 62 and 63: 623.2 ANÁLISE DA UNIDADE XXA Unida
- Page 64 and 65: 64c’os pés em mil pedaços.“Di
- Page 66 and 67: 66Constata-se que a primeira estrof
- Page 68 and 69: 68A forma tradicional de estudar o
- Page 70 and 71: 703.2.3 Horizontes do TextoO tópic
- Page 72 and 73: 72tatar como ela é desrespeitada.
- Page 74 and 75: 743.2.4 IntertextualidadeEm “Modo
- Page 76 and 77: 76arcadismo e não vice-versa.A qua
- Page 78 and 79: 78Pode-se observar que as questões
- Page 80 and 81: 80propõem a problematização, nem
- Page 82 and 83: 82(1998, p. 179), de despedaçar, r
- Page 84 and 85: 84Que diversas que são, Marília,
- Page 86 and 87: 86gramática.No entanto, nos exempl
- Page 90 and 91: 90Nessa perspectiva, em seu diálog
- Page 92 and 93: 92Diante do acima exposto, conclui-
- Page 94 and 95: 94livro à mediação do professor
- Page 96 and 97: 96REFERÊNCIASBAKHTIN, Mikhail Mikh
- Page 98: ANEXO A - APRESENTAÇÃO DO LIVRO98
- Page 101 and 102: 101
- Page 103 and 104: ANEXO C - GABARITO DAS QUESTÕES DA
- Page 105 and 106: 105
- Page 107 and 108: 107
- Page 109 and 110: 109
- Page 111 and 112: 111
- Page 113 and 114: 113
- Page 115 and 116: 115
- Page 117 and 118: 117
- Page 119 and 120: 119
- Page 121 and 122: 121
- Page 123: Este trabalho foi digitado conforme