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texto - Unisul

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68A forma tradicional de estudar o <strong>texto</strong>, com exercícios que levam os alunos a simplesmenteencontrar as respostas pré-fixadas no próprio <strong>texto</strong>, é comentada por Larrosa.O objetivo da lição não é nos deixar terminados pela assimilação do dito, nem nosdeixar determinados pela aprendizagem dogmática do que deve ser dito, mas in-determinaraquilo que dá o que dizer, aquilo que fica por dizer. In-de-terminar é nãoterminar e não de-terminar. Por isso, ler é recolher-se na indeterminação do dizer:não que haja um final nem uma lei para o dizer, que o dizer não se acabe nem se determine(1998, p. 177).Cabe também aqui refletir, à luz de Freire, sobre a situação da “consciência transitivo-ingênua”,que representa o modo de agir e pensar dos indivíduos que não conseguemdominar, ultrapassar os limites de certas situações, tornando-se dominados e passivos.A possibilidade de diálogo se suprime ou diminui intensamente e o homem fica vencidoe dominado sem sabê-lo, ainda que se possa crer livre. Teme a liberdade, mesmoque fale dela. Seu gosto agora é o das fórmulas gerais, das prescrições, que elesegue como se fossem opções suas. É um conduzido. Não se conduz a si mesmo.Perde a direção do amor. Prejudica seu poder criador. É objeto e não sujeito. E parasuperar essa massificação há de fazer mais uma vez, uma reflexão. E dessa vez, sobresua própria condição de “massificado” (1975, p. 63).A condição de passividade é a mais cômoda, e o indivíduo acaba fazendo o opostodo que a sua própria natureza permite, torna-se objeto. Freire faz uma crítica reflexiva quantoa este tipo de situação, mostrando-nos que, nessas condições, ninguém consegue se desenvolvere crescer na sua essência. Segundo o autor, o indivíduo não pode ser tratado dessa maneira,não sendo justo torná-lo passivo, quando sua natureza o quer ativo.Quanto mais crítico um grupo humano, tanto mais democrático e permeável, em regra.Tanto mais democrático, quanto mais ligado às condições de sua circunstância.Tanto menos experiências democráticas que exigem dele o conhecimento crítico desua realidade, pela participação nela, pela sua intimidade com ela, quanto mais superpostoa essa realidade e inclinado às formas ingênuas de encará-la. Às formas ingênuasde percebê-la. Às formas verbosas de representá-la. Quanto menos criticidadeem nós, tanto mais ingenuamente tratamos os problemas e discutimos superficialmenteos assuntos (Freire, p. 95).Vê-se que essa forma de posicionar-se diante do mundo, encarando as situaçõespostas sem criticidade, acarreta a anulação do indivíduo, principalmente porque quando eleaceita se deixar conduzir, assume a condição de conduzido e objeto.

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