50Os conceitos científicos, pois, que o homem aprende, “não são guardados em umsaco como ervilhas”, ao contrário, ele os organiza e a cada novo conhecimento refaz o conhecimentoanterior, conforme o grau de generalidade do conceito aprendido, levando-o a umnovo grau de conhecimento. É o que diz o mesmo autor (1998, p. 145): “A disciplina formaldos conceitos científicos transforma gradualmente a estrutura dos conceitos espontâneos dacriança e ajuda a organizá-los num sistema; isso promove a ascensão da criança para níveismais elevados do desenvolvimento”.Mediante esses pressupostos verifica-se que o aluno, através das muitas fases e e-tapas do desenvolvimento intelectual, poderá partir da esfera de seu cotidiano (conceitos espontâneos),para outra esfera mais elaborada (conceitos científicos), o que poderá, inclusive,despertar-lhe o interesse pela leitura.Os estudos de Vygotsky lembram, aqui, Freire, quando opõe os conceitos de “extensão”e de “comunicação” como processos antagônicos, dizendo que a ação educadora emgeral deve ser a de comunicação, se quisermos chegar ao homem como um ser inserido emuma realidade histórica, valorizando-o.Freire faz uma análise semântica do termo “extensão”, passando pela crítica a seuequívoco gnosiológico, detendo-se em considerações a propósito da invasão cultural discutindoa reforma agrária e a mudança. No seu <strong>texto</strong>, pode-se perceber que o conhecimento exigeuma presença curiosa no mundo e que o homem não pode, simplesmente, receber “conteúdo”passivamente, ou seja, o conhecimento requer uma problematização e ação transformadorasobre a realidade, conforme menciona:[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se aproveitado aprendido, transformando-o em apreendido, com o que pode, por isso mesmo,re-inventá-lo; aquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situaçõesexistenciais concretas. Pelo contrário, aquele que é “enchido” por outros de conteúdoscuja existência não percebe, de conteúdos que contradizem a própria forma deestar em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende (1975, p. 13).
51Vê-se, portanto, que não se pode simplesmente “encher” o aluno de conteúdos,sem que ele possa ter a possibilidade de buscar outros meios de construir o seu próprio conhecimentoe de re-inventá-lo.E, para melhor refletir com Freire, faz-se necessário incluir a passagem de seu livroem que ele apresenta uma análise do termo “extensão”, buscando descobrir as dimensõesde seu campo associativo:Extensão....................TransmissãoExtensão..................... Sujeito ativo (o que estende)Extensão..................... Conteúdo (que é escolhido por quem estende)Extensão..................... Recipiente (do conteúdo)Extensão..................... Entrega (de algo que é levado por um sujeito que se encontra“atrás do muro” àqueles que se encontram “além do muro”, “fora do muro”. Daíque se fale em atividades extramuros)Extensão..................... Messianismo (por parte de quem estende)Extensão..................... Superioridade (do conteúdo de quem entrega)Extensão..................... Inferioridade (dos que recebem)Extensão..................... Mecanismo (na ação de quem estende)Extensão..................... Invasão cultural (através do conteúdo levado, que reflete avisão do mundo daqueles que levam, que se superpõe à daqueles que passivamenterecebem) (FREIRE, 1975, p. 22).Para este autor, o termo “extensão” pode levar a muitas reflexões, pois seu “campoassociativo” é muito complexo. Assim, o que ele quer mostrar é que o termo “extensão”,na acepção de “estender”, em sua regência sintática de verbo transitivo relativo, de duplacomplementação, implica “estender algo a algo, ou a alguém”. Isto remete à idéia de que nãose pode, simplesmente, estender o conteúdo a ou para alguém. (1975, p. 26).Assim, numa perspectiva humanista, o educador deve respeitar as diferentes opiniõese traços culturais, porque a educação “[...] se recusa à domesticação dos homens, suatarefa corresponde ao conceito de comunicação, não ao de extensão”. (FREIRE, 1975, p. 24).
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