34Assim, pode-se verificar que, partindo de sua transformação objetiva, os indivíduosvão fazendo a história e se fazendo “seres histórico-sociais”. Isto posto, não há comoaceitar um método de ensino onde se coloquem as coisas soltas, “coisificadas”, prontas, acabadas,sem uma visão crítica e dinâmica da realidade. Paralelamente a esta situação, a educaçãodialogal e ativa leva à transitividade crítica, assim entendida por Freire.A transitividade crítica, por outro lado, a que chegaríamos com uma educação dialogale ativa, voltada para a responsabilidade social e política, se caracteriza pela profundidadena interpretação dos problemas. Pela substituição de explicações mágicaspor princípios causais. Por procurar testar os “achados” e se dispor sempre a revisões.Por despir-se ao máximo de preconceitos na análise dos problemas e, na suaapreensão, esforçar-se por evitar deformações. Por negar a transferência da responsabilidade.Pela recusa a posição quietistas. Por segurança na argumentação. Pelaprática do diálogo e não da polêmica. Pela receptividade ao novo, não apenas porquenovo e pela não recusa ao velho, mas pela aceitação de ambos, enquanto válidos.(FREIRE, 1975, p. 61).A transitividade crítica, na visão de Freire, implica a apropriação crescente do conhecimentomediante resultados de um trabalho pedagógico apoiado em condições históricaspropícias, em que o educador não impõe sua opção, mas dialoga sobre ela, respeitando nooutro o direito de também se julgar com o direito de produzir respostas. Esta consciência críticacorresponde a formas de vida altamente interrogadoras e dialogais. E é neste con<strong>texto</strong> quese pode escolher o tipo de indivíduo que os educadores querem formar, isto é, numa visãocrítica ou acrítica. Freire assim relaciona diálogo e democracia:A nossa cultura fixada na palavra corresponde à nossa inexperiência do diálogo, dainvestigação, da pesquisa, que por sua vez, estão intimamente ligados à criticidade,nota fundamental da mentalidade democrática (1975, p. 96).Segundo Freire, não se pode mais trabalhar com a palavra, ou conceito solto, isolado.É preciso que se dialogue, que se questione, que se problematize, mesmo quando apoiadosem conceitos científicos. Na dialogicidade do ensino, encontra-se mais prazer e interesseao despertar nos educandos o gosto pelo saber mais. Tanto educador como educando, em comunhão,estarão crescendo, aprendendo, resolvendo uma questão e criando outra sobre o
35mesmo objeto. Na dialogia, sempre haverá uma outra possibilidade que conduza ao saber, aoconhecimento e ao amor ao próximo.1.4 ENSINO, DIALOGIA E NORTEADORES CURRICULARESO ensino no estado de Santa Catarina tem como principais documentos norteadoresos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Proposta Curricular de Santa Catarina.Partindo de princípios definidos na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), os Parâmetros CurricularesNacionais preconizam um ensino médio voltado para o exercício da cidadania “como basepara o acesso às atividades produtivas, para o prosseguimento nos níveis mais elevados ecomplexos de educação e para o desenvolvimento pessoal, referido à sua interação com a sociedadee sua plena inserção nela” (PCNs, 1999, p. 21).A fundamentação teórico-filosófica que embasou o desenvolvimento do projetoeducacional da Secretaria de Estado da Educação e Desporto, que resultou na Proposta Curricularde Santa Catarina (1998), caracteriza-se pela orientação sócio-histórica (ou históricocultural)que considera que a linguagem humana, encarada como um fenômeno psicológico ecomo mediadora da formação do pensamento em suas funções mais complexas, tem comofunção social a interação humana em con<strong>texto</strong>s específicos, sendo este seu caráter fundamentalna constituição do pensamento e da consciência. (PCSC, 1998, p. 55).Apresentam-se, nesta seção, aspectos destes documentos relacionados à questãoda dialogia no ensino de língua portuguesa.Os Parâmetros Curriculares Nacionais, em sua concepção do processo de ensino/aprendizagemde língua portuguesa, destacam a natureza social e interativa da linguagem.De acordo com os PCNs, “o estudo da língua materna na escola aponta para uma reflexãosobre o uso da língua na vida e na sociedade” (1999, p. 137). O documento salienta ainda que
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