20ocorrer entre as unidades da língua, isto é, a dialogia só é possível entre enunciados provenientesde variados sujeitos falantes; portanto, ela pressupõe relações entre os indivíduos. E,como o indivíduo se comunica por enunciados, conclui-se que se comunicar e interagir é a-prender a estruturar enunciados dialogicamente.Vista desta forma, a participação do outro confere a toda e qualquer fala uma dimensãodialógica, ou seja, como o enunciado é um elo na cadeia da comunicação verbal, enão pode ser separado dos elos anteriores que o determinam, provoca, neste caso, “reaçõesrespostas”.Desse modo, o papel do locutor, ao elaborar um enunciado, inclui a avaliação dointerlocutor, precavendo-se das possíveis objeções, restrições, etc.Enquanto falo, sempre levo em conta o fundo aperceptivo sobre o qual minha falaserá recebida pelo destinatário: o grau de informação que ele tem da situação, seusconhecimentos especializados na área de determinada comunicação cultural, suasopiniões e suas convicções, seus preconceitos (de meu ponto de vista), suas simpatiase antipatias, etc.; pois é isso que condicionará sua compreensão responsiva demeu enunciado (BAKHTIN, 1997, p. 321).O grau de conhecimento do destinatário, pois, determinará a qualidade das escolhasdo enunciante, do que se conclui que as palavras isoladas e as orações descontextualizadasnão se dirigem a alguém, não são enunciados de interação, porque não consideram o destinatárioe a dialogia. Para que realmente ocorra a atitude responsiva, faz-se necessário analisaro enunciado, dentro da cadeia da comunicação verbal de que ele faz parte, pois é “apenasum elo inalienável” de um todo.Vê-se, pois, que o indivíduo se expressa através de enunciados que não podem serestudados fora do con<strong>texto</strong>. Conforme Bakhtin (1997, p. 334), “o ato humano é um <strong>texto</strong> potenciale não pode ser compreendido (na qualidade de ato humano distinto da ação física) forado con<strong>texto</strong> dialógico de seu tempo (em que figura como réplica, posição de sentido, sistemade motivação)”.
21Para este autor, o enunciado é um <strong>texto</strong> que requer que haja a alternância dos sujeitosfalantes para que não se apaguem os limites dialógicos do enunciado. E isso só serápossível através do conhecimento de um certo ritual de fala ou de interação, porque:É precisamente com vistas a esta compreensão que é necessário traçar as fronteirasque por princípio delimitam o enunciado: alternância dos sujeitos falantes, aptidãopara presumir uma resposta, todo ato de compreensão implica uma resposta (BA-KHTIN, 1997, p. 339).Esta inter-relação implica um entendimento global a partir do ponto de vista do falante,quando Bakhtin (1997, p. 340) diz que “[...] a compreensão de um <strong>texto</strong> é precisamenteo reflexo exato do reflexo. Através do reflexo do outro, chega-se ao objeto refletido”. Atravésda noção de dialogia, pode-se chegar ao conhecimento de que o indivíduo que fala e se expressapor vários meios não é uma “coisa”. Isto é, compreender o outro como não coisificadoé também aceitar e promover a dialogia, ou seja, conforme Bakhtin (1997, p. 343), “[...] veruma coisa, tomar consciência dela pela primeira vez, significa estabelecer uma relação dialógicacom a coisa: ela não existe mais só em si e para si, mas para algum outro (já há a relaçãode duas consciências)”.Poderá, porém, ocorrer o discurso monológico, embora se saiba que todo monólogoé réplica de um grande diálogo dentro de uma dada esfera – dialogismo interior. Para Bakhtin(1997, p. 335), “[...] a relação dialógica tem uma amplitude maior que a fala dialógicanuma acepção estreita. Mesmo entre produções verbais profundamente monológicas, observasesempre uma relação dialógica”.Bakhtin aponta a possibilidade de uma terceira pessoa na relação dialógica, ou seja,poderá haver quem não participe do diálogo, mas o compreenda. “Compreender é, necessariamente,tornar-se o terceiro num diálogo” (1997, p. 335). Numa relação dialógica, portanto,há lugar para uma terceira pessoa, que pode torna-se muito importante, mesmo porque numprocesso comunicativo pode haver um número ilimitado de participantes.
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