criança e consumo
Crianca-e-Consumo_10-anos-de-transformacao
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“<br />
A publicidade<br />
é fantasia, é sonho,<br />
é estímulo a desejos<br />
e é criatividade,<br />
sem limites.<br />
Se isso é complexo<br />
para adultos, imagine<br />
para <strong>criança</strong>s.”<br />
As marcas vão para as escolas nas mochilas, nos lanches, nos estojos e nos<br />
cadernos. As cantinas pouco a pouco viraram locais de venda de produtos<br />
quase nunca saudáveis, mas cheios de sabores e fantasias, criados e testados<br />
especialmente para atrair os pequenos. Na televisão a cabo, que dominou<br />
o Brasil, os intervalos comerciais misturam-se aos desenhos, já que os<br />
mesmos personagens ocupam todos os momentos. Assim, cada vez mais<br />
tudo fica padronizado: meninos com seus brinquedos específicos e, quando<br />
bebês, vestidos de azul; meninas, sempre convidadas a ser princesas num<br />
universo cor-de-rosa. A comunicação mercadológica invadiu também a<br />
internet e até os jogos infantis, destacando marcas e estimulando a <strong>criança</strong><br />
a usar cartão de crédito, ir ao banco e até investir, entre muitas outras ações<br />
ao consumidor em construção. A <strong>criança</strong>, vivenciando esses processos de<br />
conquista, está desprotegida, inclusive porque os pais, submetidos à pressão<br />
do mercado, trabalham cada vez mais horas.<br />
Antes eu me sentia uma voz isolada na propaganda, mas percebia que<br />
a mudança aconteceria, ainda que a passos lentos. Felizmente, eu não<br />
estava errada. Consegui me posicionar no mercado de comunicação de<br />
uma nova forma e, com isso, passei a influenciar comunicadores. No meio<br />
desse processo, conheci o Instituto Alana e o projeto Criança e Consumo,<br />
que agora completa dez anos de atividade. Foi como encontrar um oásis<br />
no deserto. Sem dúvida, no meio das muitas causas para as quais trabalhei,<br />
a preocupação com a propaganda infantil chamava minha atenção<br />
e era objeto de pesquisa.<br />
Eu já tinha vivido o desafio de ser mãe, de enfrentar as inúmeras<br />
demandas de meus filhos, de ficar perdida entre o “sim” e o “não”, de<br />
ouvir tantas vezes “por que ele tem e eu não?”. De fato, eu não podia<br />
acreditar que uma organização tivesse abraçado essa causa tão relevante<br />
de forma tão estruturada, com profissionais e recursos para realizar<br />
uma transformação significativa. Não posso deixar de citar meu encanto<br />
imediato ao encontrar advogados tão sérios e preparados, além, é claro,<br />
de educadores. O entusiasmo e a energia de todos, que senti desde a primeira<br />
reunião com a equipe, me empolgaram. Sim, ali estava a força para<br />
que um lindo caminho de despertar de consciência de pais e professores<br />
tivesse início. Mais do que isso, muitos que já tinham essa preocupação<br />
e viam o trabalho da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi)<br />
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