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criança e consumo

Crianca-e-Consumo_10-anos-de-transformacao

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é mediadora na sedução de adultos para a compra de mercadorias, ora é<br />

vista como cliente capaz de incitar o desejo de <strong>consumo</strong> em outras <strong>criança</strong>s.<br />

As <strong>criança</strong>s trabalham quando participam dos mecanismos de sedução<br />

para o <strong>consumo</strong> e investem, sem ter plena consciência dessa intervenção, na<br />

produção e na circulação de mercadorias e bens simbólicos. Ao destacar o lugar<br />

que ocupam hoje na sedimentação da cultura do <strong>consumo</strong>, cabe postular<br />

uma dimensão do trabalho infantil que não está restrita ao trabalho remunerado.<br />

Assim, é possível admitir que as <strong>criança</strong>s estejam, no âmbito dessa<br />

lógica, exercendo funções que sustentam o modelo econômico capitalista,<br />

mesmo que não seja em troca de remuneração. Em síntese, ao se envolver em<br />

qualquer atividade que alimente o sistema social, tanto no aspecto simbólico<br />

e cultural quanto no aspecto econômico, elas contribuem para alicerçar a<br />

cultura do <strong>consumo</strong>. É de fundamental importância reconhecer e abrir o<br />

debate sobre esse tema, pois as <strong>criança</strong>s de hoje estão de fato engajadas em<br />

uma rede de enunciações coletivas, estabelecendo conexões entre textos e<br />

imagens, interpretando signos, traduzindo códigos, reproduzindo narrativas<br />

que contribuem para a circulação de mercadorias e bens simbólicos, interferindo<br />

e transformando o tecido social, cultural e econômico.<br />

As <strong>criança</strong>s, ao interagir entre si e sob os interesses do mundo adulto,<br />

são assimiladas não apenas como consumidoras, mas como sujeitos que,<br />

efetivamente, contribuem para a transformação da cultura, seja para o<br />

bem, seja para o mal.<br />

Apresentadas as questões que explicitam os modos de subjetivação<br />

de <strong>criança</strong>s e adultos na cultura do <strong>consumo</strong>, a tarefa é pensar o papel<br />

da educação em tal contexto. É possível superar a vulnerabilidade das<br />

<strong>criança</strong>s e dos adultos frente aos constrangimentos cognitivos e afetivos<br />

da publicidade? Que estratégias devem ser utilizadas pelos educadores<br />

para que as <strong>criança</strong>s tornem-se capazes de construir uma relação crítica<br />

com as imagens veiculadas pela publicidade?<br />

“<br />

É possível admitir que<br />

as <strong>criança</strong>s estejam<br />

exercendo funções<br />

que sustentam o<br />

modelo econômico<br />

capitalista, mesmo<br />

que não seja em troca<br />

de remuneração.”<br />

TRANSGRESSÃO E CRÍTICA: CRIANÇAS E ADULTOS EM AÇÃO<br />

Ressaltemos que a <strong>criança</strong> ocupa um lugar social ambivalente na cultura<br />

contemporânea. Embora demonstre habilidades peculiares em sua relação<br />

com o mundo material, criando outros sentidos para os objetos que possuem<br />

206 • CRIANÇA E CONSUMO – 10 ANOS DE TRANSFORMAÇÃO CULTURA • 207

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