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criança e consumo

Crianca-e-Consumo_10-anos-de-transformacao

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como as cardiovasculares e o câncer, afetando todos os grupos de países<br />

de desenvolvimento baixo, médio e alto (WHO, 2009).<br />

Ressalta-se ainda que o excesso de peso, a hipertensão arterial, a<br />

hiperglicemia, a hipercolesterolemia, o baixo <strong>consumo</strong> de frutas e vegetais,<br />

a inatividade física, o tabagismo e o <strong>consumo</strong> de álcool respondem<br />

por 61% das mortes por doenças cardiovasculares, sendo todos fatores<br />

comportamentais modificáveis, que poderiam, portanto, ser evitados ou<br />

controlados mediante ações de saúde pública, que não só promovessem a<br />

conscientização da população acerca de seus riscos, mas, e principalmente,<br />

criassem um ambiente facilitador para escolhas alimentares e estilo de<br />

vida mais saudáveis (WHO, 2009). Tais doenças acarretam sérios efeitos<br />

na expectativa de vida da população, evidenciando os potenciais anos<br />

saudáveis perdidos, que poderiam ser evitados com mudanças comportamentais<br />

desde os primeiros anos de vida.<br />

No Gráfico 1, verificam-se as mortes atribuídas aos principais fatores<br />

de risco modificáveis no mundo, segundo a Organização Mundial da<br />

Saúde (WHO, 2009).<br />

Esse cenário apresenta desafios importantes para o Sistema Único<br />

de Saúde (SUS) e para o Estado brasileiro, na medida em que faz emergir<br />

demandas e doenças relacionadas ao excesso de peso e obesidade, que<br />

dependem dos serviços de saúde de todos os níveis de complexidade do<br />

Gráfico 1. Mortes atribuídas a fatores de risco modificáveis. Fonte: WHO, 2009.<br />

MORTES (em milhões)<br />

hipertensão<br />

7.5<br />

5.1<br />

3.4<br />

tabagismo<br />

hiperglicemia<br />

inatividade física<br />

3.2<br />

sobrepeso e obesidade<br />

2.8<br />

hipercolesterolemia<br />

2.6<br />

uso de álcool<br />

2.3<br />

sistema. Tornam-se necessárias, portanto, intervenções e políticas que<br />

favoreçam ações de prevenção e controle das doenças que agregam grande<br />

carga de morbidade consigo (Consea, 2010; Brasil, 2009).<br />

Embora a obesidade já tenha sido considerada uma epidemia nos países<br />

ricos nos últimos 25 anos, o maior impacto das mudanças relacionadas<br />

com a disponibilidade e o <strong>consumo</strong> de alimentos, assim como no estilo de<br />

vida, foi observado nos países em desenvolvimento, associado ao elevado<br />

crescimento populacional nas áreas urbanas e ao rápido aumento da prevalência<br />

de obesidade e DCNT, condição que inicialmente se restringia a<br />

populações urbanas de alta renda e que, no entanto, disseminou-se para<br />

todos os setores da sociedade. Nota-se que, em muitos desses países, tais<br />

doenças ainda ocorrem simultaneamente às relacionadas com as deficiências<br />

nutricionais (Jackson et al, 2004).<br />

Nas últimas décadas, tem-se observado um grande aumento nas taxas de<br />

morbidade e mortalidade por DCNT em todo o mundo, as quais têm os hábitos<br />

alimentares inadequados desde a infância e os estilos de vida sedentários<br />

como principais determinantes. No entanto, estima-se que entre 47% e 58%<br />

das mortes por DCNT poderiam ser evitadas por meio de alimentação adequada<br />

e prática regular de atividade física (Bezerra; Sichieri, 2001; WHO, 2005).<br />

Atualmente existem evidências de que as condições de saúde no início<br />

da vida são determinantes à saúde do adulto, uma vez que a alimentação<br />

inadequada no período intrauterino e no primeiro ano de vida pode<br />

ter efeitos permanentes sobre o crescimento, o metabolismo e sobre a<br />

estrutura e/ou o função de um órgão (programação metabólica), o que<br />

predispõe a diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e obesidade<br />

(Lillycrop et al, 2012; Robles et al, 2012; Srinvasan et al, 2013).<br />

Diante das taxas globalmente crescentes de obesidade e DCNT relacionadas<br />

ao <strong>consumo</strong> precoce, continuado e excessivo de alimentos industrializados,<br />

sugere-se que o marketing desses produtos contribui para um<br />

ambiente obesogênico que torna mais difícil, em especial para as <strong>criança</strong>s,<br />

fazer escolhas em relação a uma dieta saudável. Nessa perspectiva, pode-se<br />

concluir que as empresas transnacionais sejam os motores das epidemias<br />

de DCNT, sempre visando ao lucro com o aumento do <strong>consumo</strong> de comidas<br />

e bebidas ultraprocessados. Esses produtos, declaradamente mais direcionados<br />

às <strong>criança</strong>s, tendem a conter teor elevado de gorduras, açúcares e<br />

182 • CRIANÇA E CONSUMO – 10 ANOS DE TRANSFORMAÇÃO SAÚDE • 183

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