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criança e consumo

Crianca-e-Consumo_10-anos-de-transformacao

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Em muitos países, a oferta de diversos tipos de alimentos processados tornou-se<br />

abundante e acessível, e comer deixou de ser questão de sobrevivência<br />

para transformar-se em ato hedonista e voluptuoso, não nutricional.<br />

Essa situação de superoferta de alimentos industrializados para grande<br />

parte da humanidade, no entanto, em razão da má qualidade nutricional<br />

de inúmeros produtos, gera mais preocupações que euforia. No afã de<br />

vender, a indústria deixou de se preocupar com as consequências que o<br />

excesso de <strong>consumo</strong> desses alimentos poderia causar à saúde das pessoas.<br />

À publicidade costuma-se atribuir o papel de orientar as escolhas dos<br />

consumidores. Mas a “liberdade de escolha” do consumidor nos dias de<br />

hoje está restrita a oferta de doces, refrigerantes, salgadinhos, cereais<br />

açucarados e fast-food. Quase não existe no mundo da publicidade a opção<br />

por uma dieta saudável constituída por alimentos in natura.<br />

Essa falsa liberdade cria pressão pelo <strong>consumo</strong> de comida pouco<br />

nutritiva e muito calórica, disponível em grandes porções a um custo<br />

relativamente baixo, resultando na adoção de dietas que interferem na<br />

saúde da população. Isso porque o homem não é uma máquina de digerir<br />

alimentos, claro. Quando um recipiente recebe mais substância do<br />

que consegue escoar, há um transbordamento. Por essa mesma lógica, a<br />

quantidade de calorias ingerida por uma pessoa deve ser proporcional à<br />

quantidade gasta. Vivemos um momento de desequilíbrio, pois as pessoas<br />

passaram, ao mesmo tempo, a gastar menos energia em atividades físicas<br />

(sedentarismo) e a consumir mais alimentos energéticos. Além disso,<br />

nosso organismo não está fisiologicamente adaptado a dietas baseadas<br />

em alimentos industrializados. 8<br />

A REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE INFANTIL COMO ESTRATÉGIA DE<br />

POLÍTICA SANITÁRIA<br />

A necessidade de restringir a publicidade de alimentos obesogênicos<br />

dirigida às <strong>criança</strong>s vem sendo debatida no mundo inteiro por nutricionistas<br />

e sanitaristas preocupados em reverter o avanço da obesidade infantil<br />

a partir da constatação de que uma política pública de saúde efetiva não<br />

pode ignorar o impacto de estratégias de marketing cada vez mais agressivas<br />

adotadas pelas empresas para seduzir o público. As razões que mobilizam as<br />

“<br />

A necessidade<br />

de restringir<br />

a publicidade<br />

de alimentos<br />

obesogênicos<br />

dirigida às <strong>criança</strong>s<br />

vem sendo debatida<br />

no mundo inteiro<br />

por nutricionistas<br />

e sanitaristas<br />

preocupados em<br />

reverter o avanço<br />

da obesidade infantil.”<br />

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