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SONHO GRANDE

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Goldman Sachs, porque achava aquilo muito estruturado, eu não poderia trabalhar<br />

em nenhuma empresa grande. Naquela época, não tinha nada melhor do que o<br />

Goldman no mundo. Foi então que fui apresentado ao Beto e ao Marcel. Eles estavam<br />

fazendo um curso em Harvard e aproveitaram para conhecer os alunos brasileiros do<br />

MBA. Conversamos e eles me chamaram para trabalhar na GP para ganhar um<br />

salário que era uma merreca. O Beto depois se convenceu a pagar um contêiner para<br />

eu trazer as minhas coisas, mas foi só. Topei porque achei os caras muito legais, achei<br />

que ia aprender uma barbaridade. Antes do MBA eu tinha sido dono de um pequeno<br />

negócio de informática e queria ser dono de alguma coisa de novo. Antes mesmo de<br />

acabar o curso eu já estava trabalhando na GP.”<br />

Quando foi destacado para assumir a presidência da ALL, sediada em Curitiba,<br />

Behring argumentou com os controladores da GP que não entendia nada do setor<br />

ferroviário. Para Beto isso não era um problema. “Aqui ninguém entende de<br />

ferrovia, então você está igual a todo mundo. Além do mais, a ideia de comprar a<br />

companhia foi sua. Vai lá e resolve”, disse o empresário. Behring então perguntou o<br />

que deveria fazer quando chegasse à empresa. Beto repetiu a sugestão que havia dado<br />

a Marcel Telles quando o sócio assumiu a Brahma: “Durante o primeiro ano você e<br />

seu time não façam absolutamente nada que tenha a ver com o negócio. Façam<br />

coisas que exijam apenas bom senso enquanto aprendem como funciona a empresa.<br />

Se vocês zerem coisas muito ligadas ao negócio propriamente dito, há grandes<br />

chances de sair bobagem.”<br />

Alexandre Behring seguiu à risca a recomendação. Enquanto aprendia em<br />

campo os detalhes do negócio – mensalmente ele embarcava numa locomotiva da<br />

ALL para ver de perto como a companhia funcionava –, tratou de colocar em prática<br />

os principais mandamentos da cartilha de gestão da “cultura Garantia”. Quando<br />

chegaram à Lojas Americanas e à Brahma, Beto Sicupira e Marcel Telles zeram<br />

questão de conhecer não apenas os diretores das companhias, mas também o pessoal<br />

do segundo escalão (e até alguns do terceiro nível hierárquico). Behring copiou a<br />

tática. “Era um grupo de quase 100 pessoas e eu pedi que cada um escrevesse numa<br />

folha de papel o que via de bom no negócio, o que podia mudar e quais as<br />

oportunidades. Depois conversei com cada um separadamente, nem que fosse por 20<br />

minutos. É impressionante como um troço simples desses faz com que você aprenda<br />

sobre quem está na sua frente”, diz Behring. Esse exercício deixou claro para o<br />

executivo quem tinha visão de negócio e quem estava com vontade de fazer a<br />

companhia entrar nos eixos – os que não eram nada disso foram devidamente<br />

substituídos.<br />

Em pouco tempo, os principais objetivos da companhia eram conhecidos por<br />

todos. Palavras como “metas” e “controles”, antes distantes do repertório da estatal,<br />

foram rapidamente incorporadas ao vocabulário dos funcionários da ALL. Pelas<br />

paredes dos escritórios pipocavam cartazes com o desempenho dos 300 funcionários<br />

mais graduados (o próprio Behring fazia parte da lista de prossionais avaliados

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