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SONHO GRANDE

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combustível para abastecer. Enquanto enchia o tanque, o local foi assaltado. Seu<br />

carro, um Passat com mais de 10 anos de uso, não despertou qualquer interesse dos<br />

marginais – e Jorge Paulo pôde seguir viagem tranquilamente.<br />

Ocarioca José Antonio Mourão personifica como poucos a ascensão que era possível<br />

dentro do Garantia. Nascido em Vista Alegre, no subúrbio do Rio de Janeiro,<br />

Mourão chegou a trabalhar com o pai num açougue de bairro antes de ingressar na<br />

corretora, em 1972, aos 16 anos, como office boy. Entre suas atribuições estava<br />

comprar lanches para o pessoal do escritório e correr até a casa de Lemann para<br />

buscar uma raquete quando surgia algum jogo de tênis inesperado para o chefe.<br />

Trabalhava durante o dia e à noite cursava o antigo “cientíco”, equivalente hoje ao<br />

ensino médio. Apesar da origem humilde, Mourão sempre achou que se trabalhasse<br />

muito ganharia dinheiro. Era um legítimo PSD. Chegava às sete da manhã e cava<br />

até a hora de ir para a escola. Não tinha a menor ideia do que signicava<br />

meritocracia quando entrou no Garantia, mas rapidamente sentiu os efeitos daquele<br />

conceito. “Depois de poucos meses de casa eu ganhei um dinheiro extra que não<br />

esperava”, diz Mourão. “Aí eu vi que ali havia algo realmente diferente.”<br />

Mourão não estava disposto a deixar aquela chance passar. Decidiu estudar<br />

economia na Universidade Gama Filho e se enfronhar o máximo possível no dia a<br />

dia do banco. Perdeu a conta de quantas noites passou em claro na firma. Trabalhou<br />

em várias áreas até que em 1985, 12 anos depois de entrar no Garantia e com<br />

menos de 30 anos, tornou-se sócio. Sua primeira missão foi se mudar para São<br />

Paulo, para ajudar a cuidar de uma operação menor que a da sede, mas com<br />

grande potencial. A sociedade o obrigou a abandonar um antigo hábito, o de<br />

chamar o fundador do banco de “seu” Jorge Paulo. “Um dia ele me disse que já<br />

éramos sócios e que não fazia mais sentido chamá-lo daquela maneira.” Nada mau<br />

para um garoto que havia começado a carreira no Garantia carregando as raquetes<br />

do dono.

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